quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

um pouco de delicadeza na província de d. joão vi

lamber o azul
dos seus ombros
na tarde que cai
sobre os nossos
horizontes

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

um homem mais acostumado
a números do
que a olhos d'água



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

manual de

me perdi na esbórnia azulada de são paulo. com pó xadrez, para ser bem barato. brincar de eternidade às quartas-feiras - e depois às quintas, só para não esquecer. repetir as janelas horizontais da cidade que inunda. cruzar a ipiranga devagarzinho, dando a mão para caetano (os sonhos nunca são originais, babe). ah, como existe horizonte nos olhos que madrugam.

domingo, 4 de dezembro de 2011

"a gente só sabe amar. amar plantas, bichos, cidades, inspiring people - a gente só sabe amar."
minha fúria odiosa já tá na agulha, me repete karina. e um dia, poderosa, poderá dizer que acha tudo muito pouco - eu achei tudo muito pouco. eu mendiguei seu amor demais. por tempo demais. você amou um espelho, eu queria a terra, cheia de luzes. não era para ser, nunca foi. talvez, um dia, você consiga enxergar.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

seria como dançar para trás:



esmiuçar os dias

a fim de contar nos dedos

os fios de histórias

que caem

pelos teus cabelos



seria

- antes

como bailar por entre

os vãos



abrindo,

com os dentes

abismos em que caibam

as tuas saias



e seria

- por fim

como afogar-se em anil



restando somente aos teus calcanhares

os saltos,

bem como

os pulos.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

pois que hoje no aeroporto me peguei lembrando de você & etc.


(você que virou só um: etc.)

sábado, 29 de outubro de 2011

onde fazer um poema em que você caiba

contornar a tempestade
dando de comer
aos faunos

percorrer as curvas
dos azulejos
incapazes

o abismo
esquadrinhado
em retas & guardanapos


eu e o grande acaso te afiançamos.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

da janela, a consolação, a rua augusta, os prédios que não escondem. acordei tantas vezes, ainda imaginando onde você estaria. onde os carros, desavisados, dobraram a esquina. recebo o email da associação de antigos alunos e antevejo a cafonice. me dizem que não entendo de mulheres. não entendo de coisa alguma, só do desfalecer da alma. (isso também é cafonice).

é preciso estar atento e forte. não fiz nem um nem outro (a cartomante avisou, mas quem manda não acreditar em cartomantes).

esgarçar-se em alhures. cometer o mar além das tardes de são paulo.

i was born to be blue and all that - bem baixinho, repetido, inexorável.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

subi a frei caneca em disparada, atravessei o conjunto nacional, desci a augusta. na itu, deixei o coração disparar. larguei sozinho no cinema, sozinho, com desculpa qualquer: atender telefonema. uma necessidade entre os dentes de respirar: criar espaço.

sentei, lívida, diante de um telefone que chamava e chamava, perdido.

sábado, 22 de outubro de 2011

definir um círculo no espaço: sentar-se à mesa, arrumar as malas e engolir o que quer que seja.

o tempo é cruel, é, sim. como as cortinas, os ralos, os fios de cabelo presos às cartas nunca enviadas.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

branco

tropeço, sôfrega
na página
pé ante pé
procuro uma saída
(antes um ensaio
língua qualquer sobre os arredores

terça-feira, 18 de outubro de 2011

preciso de um sinal.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

lentamente, os olhos turvam. esbranquiçam - o desmanche de um suposto foco. aperto os olhos, tapo o esquerdo (o direito) mas nada: creio estar ficando cega.
belém cheira a saudade - que tem um gosto de nem sei o quê mais.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

só acredito no
descaminho,
inafiançável

no esmiúçar
das manhãs
pelos dedos

prometendo coisa qualquer,
alegria qualquer

em um salto alto náufrago
por debaixo
das ondas

domingo, 11 de setembro de 2011

Amigos & amigas,

Vocês que me amam e me acompanham sabem que venho fazendo um filme sobre a Ana Cristina Cesar há dois anos e é com muito amor que eu digo que ele vai estrear com honras & pompas no Festival do Rio desse ano!

Eu comecei a fazer esse filme de uma maneira completamente absurda, sem nenhum incentivo, perdendo todos os editais e acreditando tão somente na força da Ana e das pessoas que ainda mantêm a poesia dela viva. Jamais poderia imaginar que ele seria exibido no festival, ainda esse ano, e ainda mais em uma mostra tão linda que já exibiu filmes belíssimos, como a Retratos.

Só posso agradecer, de coração, a todos vocês que possibilitaram que esse filme acontecesse. Como eu disse para o Armando, na semana passada que fui à casa dele, Bruta Aventura é uma declaração de amor à Ana, a minha declaração. E vocês, todos vocês, a tornaram possível.

Obrigada, sempre, e com muito amor,

L.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

daquelas

veja só: hoje me peguei respondendo a uma entrevista e falei do nosso filme. o nosso primeiro filme, você lembra? e me deu uma saudade das nossas esquinas. nenhuma avenida era páreo para nós: sempre arrumávamos uma esquina, um novo risco. porque hoje foi uma dia difícil, sabe, de olho inchado, vermelho, dia de telefonemas batidos, descrença, muita descrença, quase desistência até. um desses dias que nem cachorro na rua vem lamber a mão. e escrever essa entrevista foi tão legal, um STOP! nesse ardido da alma de sexta-feira. agora porra, sabe o que mais doeu? não ter você aqui para voar na chuva e rir desses mistérios tardios. a distância não é honesta. só me deu ânsia de braço, de te pegar pelo braço e sair rodopiano cidade afora, criando vícios e derretendo histórias. lembra de quando você derretia as cadeiras do colégio? é isso: hoje eu queria derreter as cadeiras da nossa sala de aula.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

me perdoa?

pois vou começar a escrever e-mails para você. e-mails díspares, tortuosos, confusos e precipitados. falando das minhas crises, das minhas angústias, das minhas gargalhadas diante da velha que cai e salteia sobre a rua, da ficção mal escrita. a minha ficção vai além - mas isso é outro assunto, outra manga. das janelas de gaudí da marcinha, das janelas de outrora, dessa garganta ardida.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

my dear,

todas as frases já foram repertoriadas, nada mais é revolucionário. original, só a cerveja, que anda bem cara, aliás. eu não acredito em revoluções e desconfio de todas as pessoas que acreditem/tenham acreditado nelas. ao fim e ao cabo, não acredito em mudanças estruturais. mas isso é outro assunto, outra manga. às vezes o cinismo toma conta mesmo. porque toma, é isso aí, não tem jeito. você me conhece, sabe que eu sou romântica e acredito no amor como única possibilidade sobre todas as coisas. a única, eu diria. acredito no amor como única possibilidade de salvação diante do enlouquecimento. viver é muito doído, para mim. para você, é passível de futilidade. caprichos. (não acredito em grandezas nem em mudanças; enfim, acho os revolucionários um tanto quanto bestas). minha única possibilidade diante desse imenso caos é a ligação com outro, como coloca o JK, a consciência do amor existente em toda a possibilidade de vida.

mudar? o que você quer mudar? o mundo? sorry, babe, don't buy that. tell me something more.
uma doçura.

vindoura - das águas, de quem rói as unhas até perder o fio da meada.
jack kerouac é meu pastor e por ele, tudo se fiará.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

o coração treme, palpita
na jugular
agora:

arranca sozinho pelo salão.

controlar os dedos
(tamborilam pensamento qualquer

memória como estrelas
rastros de azul,
(usurpados
mordidos,
rabiscados nas estantes.

segura essa lâmpada, homem!

o coração na jugular.



terça-feira, 9 de agosto de 2011

carta aberta a paula m.

paula,

outro dia, me disseram que meus textos estavam impregnados de tigres e janelas. e que pareciam enclausurados, tripés sem estrutura, bailantes mas do tipo que se tem vergonha, um pouco tortos.

bruta aventura em versos, however, é um filme de tigres e janelas.

sobre tigres:

não sei da primeira vez que li a ana. lembro do impacto, da unha zunindo no ouvido, do arranhão provocado pelas ondas do wide sargasso sea. wild child. a ana me ensinou com quantos azuis se faz som, com quantos cacos de vidros se constrói um horizonte. um poema. a idéia do filme veio como um sopro, natural e suave, em uma conversa com um amigo - que virou o produtor executivo - e me consome, todos os dias, há um ano e meio. veio também medo, enorme e ressaqueoso - quem sou eu para falar da poesia da ana?

sobre janelas:

uma coisa só eu tinha na mente: bruta aventura tem que ser delicado. é, eu sei, o trocadilho é ruim, mas é verdadeiro. nos versos da ana, eu encontro o máximo da delicadeza que tento imprimir a tudo que faço: seja poesia, seja cinema. entre todos os caminhos possíveis para este filme, este, de agora, ergueu-se ao longo dos meses, entremeado, datilografado, sussurrado. acima de tudo, ter a ana no filme era um desafio. porque ela escapa, sempre. é falar de pássaros, de janelas entreabertas, daquele rastro de quem já foi mas esqueceu o lenço.


nunca consegui trabalhar com certezas; talvez minha marca seja mesmo esse tripé errático. até hoje, ao ler a sua carta, estava sem dormir, pensando se, afinal, tudo não foi um grande erro e a visão que eu queria passar sobre a ana, sobre a literatura da ana, sobre essa poesia que me roubou e rouba ainda o ar, não estava apenas na minha cabeça.

pelo visto, não. muito obrigada. as cortinas ainda precisam ser entreabertas e os tigres, amansados, mas a certeza está um pouco mais reconfortada: sabe que é caminho.

para estar à altura do seu, aqui vai um meu possível final, que eu ainda me debruço sobre:

ana,

será que se eu - ao invés de roer unhas - contasse menos mentiras, tivesse oblíquos os olhos e despisse os verbos - se eu narrasse em fios, fios lençóis de seda - fosse competente e não covarde - será que, por dentre os carros, você esfumaçaria a noite e gritaria em mim?

ou seria, enfim estante - ainda que inteira - mas erguida sobre recordações de noites não vividas?



de novo, obrigada.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

- é estranho isso de sentir-se como quem é arrancado do chão. na verdade, minto: não é estranho, não: é exatamente isso. me arrancaram o chão e eu fiquei agarrada às paredes, sem ter onde pisar. e agora, o que se dá pra fazer com tanto lado?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

o inexorável movimento de afogar e desafogar-se; sentir entre os fios as pontas que vêm e vão, os relógios que me roubam os dias e os sapatos, todos eles contados. aplacar o choro com o casaco vermelho há muito esquecido na lavanderia e mais uma vez atravessar a rua com medo. assistir, pela segunda vez, em grande e cheia tela, à poesia que vira imagem e invade. tentar agarrar com os dedos uma sensação que me é cobrada em impostos e icms.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

cento e oitenta tigres ao meu redor.

você parece tão mais novo
- mas tão pouco
sincero

guardo em ti,
em mim)
as chaves.

labirinto debaixo
de cada carnaval.
quando a vida arde, o que resta são
rugidos.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

os tigres levantaram cedo e saíram a pescar. ao verde, sentiam pontadas, contorções no estômago, o oposto da luz. os tigres, estômagos revirados, vêm com a lua em peixes: são naufrágios. molham as patas ás águas, arrefecem em pedras (e areia) e morrem em soluços. acreditam piamente que ninguém, jamais, os vira. mas até a noite, essa estranha, já sabia de tais planos. sabia que estão a um passo da armadilha - os tigres e seus túneis.

terça-feira, 19 de julho de 2011

eu queria te dizer que existe, sim, amor, e que ele mora aqui, sim, logo perto, ao alcance da mão, da chave, de algo tocável - mas só me vem o cheiro da distância.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

mas daí que: existe em algo em você que brilha. sempre teve, acho. nessa vida, é raro a gente encontrar pessoas boas, realmente boas. eu, por exemplo, não me considero uma delas. e não é de sacanagem, não: é mais questão de tentativa e erro. vejo em você, no cuidado que você tem com as pessoas, uma alma realmente boa. o que é raro, tão raro.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

nessas horas eu lembro de você: você, que corria nu pela sala, atravessando os papéis. você: que escalava as paredes até encostar as mãos no teto antes de escorregar trôpegamente até o chão. quebrar os dedos, perder a chave de casa. nessas horas, lembro de você e das músicas largadas pelo meio, das canções que ninguém escreve mais (alguém ainda conhece a palavra absurdos?) agora é revirada, astronautas na cozinha, revirando panquecas em panelas velhas e verdes: quer ouvir a mais nova versão de roberto carlos? existem caminhos, caminhos a serem desvendados (correm pelos seus, a finura dos seus, belos dedos).

segunda-feira, 27 de junho de 2011

para uma foto de w.c.

o elefante sussurra,
enrodilhado e entregue:

na ponta dos dedos, desenha
[corda ante corda

a luz, da mão que me
ofereces

a cidade, já distante, sorri:
pétala liberta

terça-feira, 21 de junho de 2011

a história é a seguinte: eu tenho uma mala em são paulo, esquecida há anos.

retornarei a ti em seis dias. são paulo, a mala, a consolação. ai.

domingo, 19 de junho de 2011




há uma saída exatamente aqui onde eu pensava que todos os caminhos terminavam. uma saída de vida. em pequenos passos, apesar da batucada. agora que você chegou não preciso mais me roubar.
não deveria ser assim tão complicado; afinal, somos tão pouco. a eterna dúvida entre as sobras da geladeira e o farfalhar de novas chaves - proponho um pacto: só tornaremos ao uruguai quando terminarmos todas as tarefas, você incluso. o que eu faço com você? teríamos uma irrepreensível pilastra entre - quando você pensa que aconteceu, há muitos - e as tomadas sem proteção, como ficam? elas podem queimar! fios desencapados: ah, as metáforas baratas. vamos falar sério, dessa vez. a história de nós dois seria um desalento desencontro ou esses pêlos tortos pelo chão? a xícara de café, claro, duas colheres de açúcar, puro e branco, o verde que não mais sai de mim - mas onde isso vai parar? ainda sonho em contar cores por detrás do alaska, e isso há, isso há. de mim, nascem tantos, nascem cidades, você não imagina. amarelinha em abridor de latas: um dois, um dois, um dois. rasga-se um tanto para atingir a outra manga do vestido. é assim mesmo, penso. (não, não é, retruco). ouço barulho qualquer, coisa fina, coisa pouca. o cheiro de amanhã, chuvoso, invade a janela, já premeditando os assuntos de pratos & tecidos - a nostalgia d'água, as lágrimas de quem não sabe exatamente aonde pisa. é agora, coração: furiosa, à toda, na contramão. não estamos na contramão, ela disse. (pensou). mas estamos.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

nina dorme comigo: repousa e sonha, justa. em verde, rosa, tafetá (tafetá é uma palavra horrorosa, me olha de rabo de olho). os dedos curvados, o olhar de quem há muito foi. de que adianta dizer? nina é vagarosa, linguaruda, me entrega a tarde às mãos, reta. nina senta-se aos meus pés e escorre, perceptível, deliciosamente perceptível.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

desajustada, troco os passos, erro a mão. tateio em busca de tinta (encontro carbonos usados). dos tapetes verdes, desculpe a poeira, ficaram apenas as panelas, ou melhor, as toalhas. aqui de cima, construí mistérios, tantos - ilhas forjadas à mão. não posso falar em fios mas em telefonemas permeáveis. ouvindo conversas alheias, descobri imperscrutável: talvez seja essa nossa relação. não posso deixar de sentir certa pena por nós, separados por assertiva linha; trincheira de horizontes, eu diria. de lá, vê-se um vazio. de cá, vejo apenas memória.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

a mudança está feita: volto ao cosme velho. não, a mudança ainda não está completa (ele não está aqui). atrás da porta, o espelho, os livros. hei de dormir, ainda que sem panelas.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

quarta-feira, 8 de junho de 2011

decido, então, escrever cartas.

terça-feira, 7 de junho de 2011

prezado 2011,

apesar dos tropeços - e estão sendo muitos, doismileonze! -, dos arpejos, dos tufões e dos pregos mal colocados, obrigada.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

lembra quando
só havia os
pássaros?
o naufrágio da cidade
diante da impossibilidade
do caminho.

reticências

mamãe chamou-me letícia apesar da novela. cássia kiss estava na televisão e chamava-se alegria. poderia ter sido maria beatriz, gabriela ou adelaide mas carrego os olhos fundos de mágoa. aí é que são elas: aprendi com helô. meu primeiro poema falava das bolhas que se desfazem à janela. para onde vai o rosa que - dessensatez, a arte de morar em silêncios. de casa, avistava cecília, manoel, joão. meu coração sempre foi de recife (depois, das montanhas). de tempos em tempos, me perguntam: mas não pensa em voltar? para ver as crianças, não. quero voltar ao exato ponto da demolição - talvez insistir na correspondência seja erro (mas alivia angústia). ser de fevereiro me trouxe benesses - os pássaros. certa forma, sempre escapo. ou saio rindo (para escovar os dentes). só sei sorrir, mesmo entre cortinas.

autorretrato

duplo:

os pés da bailarina sem cessar

meio fio,
meio calcanhar,
meio do caminho.

watch out! new road layout ahead
(não consigo evitar)

nariz empinado,
disfarço círculos na espinha da manhã

recostar-se em aviões,
tufões,
viadutos,
colisões

Arquitetura de uma paisagem:
entre saltos postiços
no espaço

o amanhã se escreve a lápis
(and I can't dance no more)

domingo, 5 de junho de 2011

quero voltar. quero voltar a quando era fácil, a quando era quente. aos tempos dos arco-íris domingais, às cenas de maio, puramente maio, somente maio. isolarmos-nos do mundo. quero voltar contra a distância, meias na cozinha, abrir e fechar de segredos. quero voltar aos gatos. porque hoje já não funciona mais.
Você não sabe, é engraçado: eu tenho ligação afetiva com o Uruguai. A partir 11 anos, mais ou menos, eu, como todos os brasileiros, acompanhava a vida de Jango e Brizolla, que tinham fazendas no Uruguai. Eu achava o máximo ter fazenda no Uruguai. Se eu ganhar muito dinheiro na sena, vou comprar uma fazenda no Uruguai. Quanto à Argentina, é mais importante do que o Uruguai. Como ir ao Uruguai e não ir à Argentina? Hoje estive com Dr. Antônio Carlos e disse a ele, em um momento, que você queria fazer a viagem de mochilão. E, em outro momento, eu disse que iria comprar um capote ou uma suéter de cashmere, que eu adoro, em Buenos Aires. Ele disse que não combina mochilão com cashmere.

Quanto à sua surpresa, lembre-se de que Buenos Aires é uma cidade grande, como eu gosto.

Voltando ao assunto inicial: Brizolla e Jango viviam entre o RGS e o Uruguai como se fossem uma mesma região- aliás são. Daí a minha curiosidade pela fronteira.

Você é uma benção na minha vida.

sábado, 4 de junho de 2011

depois de ter separado cada parte do corpo de ivam em um saco plástico diferente, catarina foi para a yoga.

vamos falar a verdade:

eu sou uma lady.

(apesar das unhas carcomidas)

terça-feira, 31 de maio de 2011

as folhas não desabrocham.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

às cinco e meia, os passos se tornaram ensudecedores.

domingo, 22 de maio de 2011

gostaria de escrever sobre o tempo, ainda mais depois de ter descoberto zoe keating. esse tempo como vela, posto sobre o papel, navegando, navegando. ou, inclusive, tantas vezes até, em círculos. o tempo contruído: domingo. o tempo escasso: braços, pernas, dentes. "tudo que poderia ter sido e não foi", sábio bandeira (sábado?). o tempo perdido com você - foi, sim, um ano jogado fora. um ano em uma vida de vinte e três. é um par. não foi um par. nunca seria um par. o tempo futuro - as expectativas organizadas, catalogadas com fitas & laçarotes azuis e verdes; onde quero estar daqui a quatro anos? daqui a quatro horas? ver a passagem de luz do dia como algo fugidio antes do conta-gotas. um dia me safarei, aos poucos me safarei - todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir. não tenho casa, tenho tempo. ainda que pouco, ainda que marrom, ainda que chamuscado. o ano de ontem que invade o dia de hoje e a noite de amanhã; a alice sant'anna tem um verso tão bonito onde fala de ser a noite do meu dia - ando até desconfiada da possibilidade de fuga. não existe escape para o calendário. existem as unhas, isso sim; descascadas e cansadas, mas ainda até que afiadas. pois que o tempo passa, menina. e passamos juntos: pior que ser inevitável, é ser desejado.
lá vai o barco - rente, sem sobressaltos. ih, gritou o menino, vai vir a poça d'água! não, não, acalme-se, ele sobrevive. passam carros, um, dois (até um vermelho, bem belo) e o barco resistente. rasgos de manhã indo e vindo até que desistiram, dando lugar à chuva. mãe, a asa do barco caiu, esperneeou o menino. mas não há o que fazer, é papel, é água, contracorrente, etc etc etc. e o menino, ficou, olhando a chuva ir embora.

sábado, 21 de maio de 2011

o som do silêncio ainda me assusta plenamente.

terça-feira, 17 de maio de 2011

a nossa visão sobre as coisas - como se diz lá em casa, faltam-me tigres para os pratos de trigo que ficaram. da janela, chove, chove, chove - e você, que parecia tão soberbo e sincero? ah, quer saber, cansei desse papo de relacionamento, sabia muito pouco sobrou daquela música, aquela música do lulu, como era mesmo? amanhã, ela chega de viagem. amanhã. que é para não faltar uma pitada de amor - tan hermosa!
você ainda vive em mim - você não pode mais viver em mim - você precisa sair daqui - você ainda vive em mim - essas paredes ainda estão aqui.

merda.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

andei
corri até
sangrar os
calcanhares.

me recostei em sal:
água quente
(horizonte de expectativas)

- faltou uma pitada de amor,
eu sei.

os céus se abrem tão mais
amarelos são os
dedos

- o que você fez daquelas cortinas?

corri.

antes do salto,
antes de sangrar os vértices,
antes da rua,
lenta
surda,
vazia.
criar raízes, fincar os pés nos tortos dedos - um, três, dois e novamente - um horizonte em castanhos acordes.

não se vê nada daqui

(quem queria ver qualquer coisa?)

uma nota que cai
é quase sempre
abismo abaixo


por fim, o que há:
intimidade
rubra,
coça a pele
enquanto você não vem:
exercícios de respiração

- as arestas, todas
suspiram
aliviadas.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

me sobra o tigre, me faltam os dentes.
essa manhã já dura dias.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

deselegante

com os dentes
em riste
o tigre sorri.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

há dias em que não nos entendemos.
eu estendo a mão
- você, já trôpego
pelo abismo

os ângulos, retorcidos
sequer conversam:

tigres de águas doces
desenhos em
carvão
uma voz que me martela
os dedos.

há dias em que quando acordo,
você,
há muito.
e me quedo quieta
contando as farpas de madeira
nos azulejos, ao lado da cama,
nos espelhos.

afinal, o que queres aqui?

asfalto?
pérolas?

a simetria dos horizontes:
- corre, corre,
corre


(pelos vãos)

terça-feira, 3 de maio de 2011

chove.
o que há são fios
sobre o asfalto,
dançam,
ilesos.

tal carrossel, atravessam
multidões.

mostra as tuas mãos
- sujas de tinta

não era isso que querias
quando fizestes
chover?

pois bem.

os fios, soltos
faíscam
enquanto
danças.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

poema mal resolvido

os dedos, fino
bater à maquina, enquanto
o ressoar das gaivotas, à tarde
dorme.

qualquer fosse o discurso
- culpa, devaneio,
foto preto & branco azulada pelo tempo
já não mais arranca dentes:
continuam, todos
a enternecer o
amassado.

tantas histórias, tantos caminhos.

quero voltar àquela casa -
do cimento, fazer-me asa
para, enfim,
entardecer.
poesia se faz pelas beiradas
com os dentes à mostra,
mãe.

não se vive (só) de quereres
cansados,
filha.
from start to end:
i'm a sensible word.



Penso no filho que não tive
E nunca terei
Penso em João.

João dos olhos fundos
E alma triste,
Alma de pugilista:
das cordas, sobrevive-se
A tudo.

João, para quem eu falaria
Do outro João:
o de longe, o de Recife
A existência no mar
verde azulada, acanhada de
Ondas.

O horizonte de João.

Do que quis e nunca tive:
labirinto, restingas,
descaminhos e bússolas.
Todas inventaria
e as daria a João.

Mas o filho é como o pássaro:
Azul.

Azul que nunca tive
(e me chama)

sexta-feira, 29 de abril de 2011

te amar hoje, te amar amanhã e no sábado, puxar sua orelha.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

pensamentos de segunda-feira IV

sorrateiro,
conquista as esquinas
com um par
de dentes.
o fim de abril vem com uma angústia na garganta.

pensamentos de segunda-feira III

quem inventou estes olhos
castanhos de dúvida?

pensamentos de segunda-feira II

- manter a calma

tenho um fiapo de voz:
me doem os excessos
do sábado

acordo a conta-gontas
até a hora do almoço

pensamentos de segunda-feira

às vezes é como se eu estivesse acordado há anos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

despedaço o chão
rasgo
o calcanhar sobre
as folhas secas

- o passado range.

morde,
silva,
arreganha os dentes
marinho de medo.

(jogar-se contra luz)

- o salto no jardim

tua caligrafia tão doce
hoje, fumaça.

lá fora, todos os carros
passam
sem jamais saber
que.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

dela, não restou muito -

domingo, 10 de abril de 2011

recostar-se nas pedras antes do salto:

deixar os pés caírem
antes da noite
por aí

(soprar, soprar
até não mais caber

as palavras todas em gravidade zero)

sobram espaços
(no teu cabelo)

as maiores dores são mudas?
refestelam-se em estrelas.

sábado, 9 de abril de 2011

eu não acredito em delicadeza que surge do nada. ou tem ou não tem. ou sabe como funcionam os canos ou atravessa a rua - e não é como se um não existisse sem o outro. existem. mas cada qual em seu lugar: as cercas são separadas por tinta verde, sabe como é? aqui, estrago-me em choros & rezas inúteis (delicadeza demais) enquanto tem gente enrodilhada em lençóis de elástico e tijolos por além da porta (delicadeza de menos) - a fuga vem de antes, vem nos anéis, vem no abajour ligado à meia-luz. ou tem a fuga ou não tem: fuga de menos não existe. nem fuga de esguelha. conversa de amantes é feita de silêncios (antes de perder a graça); os melhores pincéis quase sempre têm saídas para o infinito - mas disso você sabe muito bem. nunca pintei porta sem ser de branco (mas também nunca fui muita afeita a fios). o dia começa às cinco da tarde; tudo bem, tudo bem, dos mil cigarros restam cinco e a inocência está prestes a. vem daqui que um dia a gente se encontra lá, lá depois das flores.
gostava quando você encostava o horizonte perto do meu

desligava os motores

- a tarde corria, os homens corriam, a chuva corria
desfazendo nós

o nariz sem saber esconder
o medo
das palavras

como se chama mesmo a inocência?




quarta-feira, 6 de abril de 2011

a m. rubin

correr antes de caminhar

(há que se ter muito cuidado, menina)

já falei tudo o que podia?

não.
tudo o que nunca
disse.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

aterro do flamengo

chão:

riscado.


a palavra interrompida na ordem do dia.


vãos em madeira quente:

de onde vêm os homens?


(de lá, apontam)


suspenso, o salto.

- a tarde, enquanto
você dormia


de resto, os pássaros
o jornal amarfanhado
e o branco enrodilhado à areia.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

esse negócio de crescer é muito estranho, né, não? descobrir onde a gente cai e onde esburaca para depois pensar se segue ou se muda. será que a gente muda mesmo? ou é só pó compacto? a verdade é que eu me sinto meio inadequada. falar, falar, assim de verdade, de pronto e de fundo, só com você.




(ah!
eu tava na aula hoje de teoria da história e o professor falou que a modernidade se caracteriza pela supressão da experiência para o afogar da expectativa.
achei tão bonito.)

quinta-feira, 31 de março de 2011

relicário de desejo

o que há são os pássaros.

inabaláveis, de recorte à janela

gritam:
vem

trôpegos de delicadeza

descobrem o caminho de budapeste

em uma reza, as mãos coladas:

o sagrado nasce do amarelo.
Mamãe,

No dia do seu aniversário, sentei para escrever-lhe uma carta, como fiz durante muito tempo. Não sei se é fantasia da minha cabeça, mas tenho muita vívida a lembrança de que você detesta presentes (por considerá-los objetos inúteis) e sempre me pedia textos (que sempre os considerou úteis). Aliás, acho que meu amor pela palavra escrita vem muito do seu (ainda que você deteste Letras).

Mas não consegui. A primeira carta que escrevi, a considerei dura demais. Depois, achei que não estava sendo de todo sincera e, por último, achei que não conseguiria colocar em palavras a nossa relação. Você é a minha inspiração - uma mulher de sonhos e lembranças. (Gostaria de ter mais lembranças_.

Convivo diariamente com as minhas memórias turvas e sem nome, em uma relação (na maior parte do tempo) saudável. Mas eu gostaria de ter lembranças. Tenho esperanças de ter isso um dia. Se tiver, quero você presente. Gostaria que você passasse o amor pela palavra para Cecília como você passou para mim. E a confiança de que tudo é possível. Você sempre me disse isso e acho que é daí que tiro a minha força.

Um beijo,

sábado, 26 de março de 2011

cecília anda carente, escorando as paredes, brincando de se esconder nos lençóis - as portas das geladeiras todas abertas, o sinteco não chega nunca. a tinta ainda fresca. carência, carência - cecília liga, ninguém atende - ulisses espera, sentado, o dia da libertação. faz até um certo frio nesse apartamento, pensa cecília. resolve-se carência dormindo (nos sonhos, ninguém é sozinho; há sempre uma nova dimensão, uma outra porta, uma neve que cai).

cecília que.
no fim das contas, você ainda é a única pessoa que.

terça-feira, 22 de março de 2011

são dilúvios, menina, todos são dilúvios.
toda aquela boca - todos aqueles dentes - abrindo e fechando para reclamar do morrer na praia das línguas cansadas

ah, os elefantes.

respirando, todos, na mesma cadência de sons: uns mais, outros menos.

(mas eu ouvi você gritar, não é verdade?)
nítida sensação da minha vida ter se transformado no novo disco do radiohead.
maldito vício

de encarar o asfalto.

segunda-feira, 21 de março de 2011





tudo ficou

assim:

meio sem nada para dizer.
o setor de reclamações
hoje teve mais uma:

o seu pálido frigir de ovos
reclamando da falta
das minhas linhas
azuis.

fidelidade

na janela, o seu rosto
claro
- frio
a envelhecer.

terça-feira, 15 de março de 2011

correm os dias - até quando - nas gotas, uma janela avista terra - queria dizer que encontrei a paz, mas seria - um suspiro grave - ainda que tranquilo, ele a espera - finjo em vermelho e verde; finjo em tantas cores, esqueci dos fonemas - hoje acordei cega; sem mais nem menos, cega - ele ainda a espera - atravessar é um puta dum verbo engraçado - dói, dói, ainda dói tanto - a ponta do lápis arranha o papel - solenemente, ele a espera - tateei em busca dos óculos; ainda assim, continuei cega, nem distinguir a luz consegui - amanhã, amanhã, ela me diz - eu ainda sangro às vezes, desapercebida - de longe, recebo e-mails, cartas e contados - debaixo das saias, ele ainda espera - rascunho do inferno é nascer mulher.

domingo, 6 de março de 2011

eu, os alpes e você

Olha só que isso pode ser um plano de vida: ter um castelinho distante do asfalto e passar seis meses em Londres e seis meses no Brasil, fabricando roteiro às escondidas. Não importa onde eu esteja - Londres sempre vai morar comigo. Sempre! A cidade mais linda, a mais cosmopolista, a mais incrível, a mais sonhadora - o lugar onde tudo é possível. Que Estados Unidos, que França, que carnaval - minha carne é da Inglaterra.

Eu vim do gelo, só pode. Eu olho para os alpes e penso: eu moraria aqui. No pé da montanha de gelo. Tudo tão branco, tão gélido, tão cândido... A paz da Iceland. Um dia ainda vou ao Alaska e vou me sentir em casa, eu sei. Sabia que tem uma música do Lou Reed chamada Stephanie Says, em que o refrão é:

but she's not afraid to die
the people all call her alaska
between worlds so people ask her
'cause it's all in her mind
it's all in her mind


Você sabe, você conhece a fundo a minha nostalgia da adolescência, a época em que eu fui FELIZ e SABIA. E estar aqui, na casa do meu padrinho de casamento, do meu amigo de dez anos, rodando a Itália e lembrando de como a gente ria, de como a nossa turma era feliz, como ríamos e como pássavamos pelas maiores merdas sempre felizes (às vezes brincando de depressão, mas era apenas brincadeira), de como tínhamos o mundo nos sonhos e agora temos nas mãos... E estar com a família dele (não sei se você já teve a oportunidade de conhecer, mas uma família italiana te ADOTA) é um conforto imenso. Sensação de pertencer a algo, sabe? Desde que eu deixei os meus meninos, os meus amigos, essa sensação de 'não-pertencimento' me persegue. E, engraçado, nisso eu também me encontro na Ana C.: ela tem uma sensação, incômoda, de nunca pertencer a lugar algum, sempre ser desajeitada. E as pessoas com quem eu converso que a conheceram sempre me narram isso - de lembrar dela sempre quieta, no canto, fumando seu cigarro, observando, observando, observando, sem revelar muito de si. A misteriosa Ana C....

O que a gente tem é somente nosso.

Me promete que um dia você me deixa te levar em Londres? We are gonna have the time of our lives! Vou te levar num café, garoto, em Portobello Road, escondidíssimo, que serve o MELHOR brownie de todo o universo. Você jamais vai comer outro igual. E ah! Tem um café no porão da igreja de St. Paul em Edinburgh que tem um café preto com um panini... Menino, é melhor que orgasmo.

Beijo gelado dos alpes.
"Aê... Vou tá sempre ligado em você de uma maneira que até mesmo o amor ficou perplexo".


(as palavras são as mesmas há anos; mas como você as combina sorrateiramente devasta o meu olhar)
l'italia, l'italia.

ganas de te morder. acho que enlouqueceria se morasse (seus castelos medievais, suas marcas da inquisição, o fascio e a suástica encrustados nos alpes) - mas meus ombros estão à sua disposição. as águas di garda me contam em letras miúdas: james bond esteve aqui. con un gelato regali un sorriso - audrey hepburn em roman holiday. milano me lembra manchester (mas cantada, sempre cantada, l'italia respira em versos) e a avenida principal chama-se dante.

alpes, me esperem! i come from iceland.

na falta do alaska, os alpes italianos. credo che stai molto bene.

quinta-feira, 3 de março de 2011

sobre tentativas de lágrimas

a pessoa que eu era ficou lá, naquela mesa. no centro do terraço, havia uma mesa de aço (ou era madeira?) enorme, onde passávamos todas as horas - onde iríamos dominar o mundo, tão somente quintal das nossas luvas e copos mal lavados. éramos tanto. agora, diante dessa estrada que não reconheço como minha, como sua, como de ninguém, não tenho dedos suficientes para agir. sem roupas - a mão tapando os meus olhos de toda o azul marinho já há muito foi embora, liberta do seu garimpo. fico aqui, observando os diamantes crescerem à minha revelia. arde os olhos.

das lições esparsas, lembro de sempre conferir o lado correto do cigarro (um), gritar a todos os pulmões quando estiver por demais silencioso (dois) e nunca trancar a janela (três).

antes de dormir, me diz que chegou.

e eu ainda a olhar os diamantes, sem saber dos dedos, das unhas, do corte, da porta do táxi. sem sequer entender a carta que nunca chegou.

quando atravessar o campo significa atravessar calendários.

quarta-feira, 2 de março de 2011

ah, por que você continua a me mandar cartas quando eu tento te esquecer?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"I have a bittersweet feeling towards reality - sometimes I hate it, sometimes I love it. This raw, sometimes cruel, sometimes endless hopeful world we live in. Like that tricky question: what is worst, to recognize that Harry Potter's world is only fictional and there are no special powers and etc or that you're just some regular ordinary human being who hasn't been chosen?"
mãe, hoje eu fui à catedral de st. giles e rezei. eu não sei rezar nem pra quem. mas eu tentei.

carta aberta

"eu não confio em você por não confiar em ninguém. ele, pra quem entreguei as minhas chaves e as colheres de chá, terminei por expulsar de casa chamando-o de covarde. talhou-me puta: você nunca havia ficado grávida? não. veio, morou em mim como nenhum outro labirinto o fizera - nem mesmo os meus tigres. no agosto próximo, foi-se embora, carregando os tapetes (meus fios loiros continuam ali; veja). não, eu ainda não sobrevivi.

sequer as águas de portugal fazem sentido depois dos peixes terem acordados mortos. eu não confio em você porque desaprendi a escrever; sigo esbarrando em lápis e canetas. forasteira aqui sou eu. da própria pele."

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

uma pausa

uma das razões de gostar demais de blue valentine é que, além de ser um filme verdadeiro, coerente e estupidamente cru, ele fala tão bem desse negócio de minha geração.

me pediram para definir a minha geração em termos razoavelmente compreensíveis. ratos correndo em labirintos? gavetas que se abrem e fecham enquanto as pessoas pulam de uma para outra? completa inabilidade com o mundo real? termos compreensíveis, termos compreensíveis.

um armário caótico: estamos todos insatisfeitos. o major problem não é a estrutura familiar nem o mercado de trabalho - somos nós. sou eu. incômoda com a própria pele. how to disappear completely: everybody cares, everybody understands. é cair entre os fiapos do vestido - desaparecer nas brochuras de lã, enrolar-se todo sem alinhavar sequer um braço.

cindy diz temer transformar-se nos pais. a inabilidade de sentir qualquer coisa com o passar dos anos. cindy quer ajudar as pessoas como médica porque já desistiu de mudar o mundo. (por que você fala desse jeito? é cruel!, dean reclama). cindy tenta construir uma identidade - a vida acontece, outra surge, gavetas abrem e fecham. veja só: cindy não se reconhece.

dean tampouco. dean não queria ser um pai de família - não queria sequer ser o marido de alguém. mas foi isso o que aconteceu, não foi? e ele se adequou a essa identidade. 'mas é só isso que você quer ser?' 'o que você quer que eu seja?'

esbarrar em pontes sem carregar uma mínima rota - talvez seja isso.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

é o não pertencer. é isso. a incômoda sensação de não pertencer a uma cidade ( a qualquer espaço, na verdade; mesmo aquele comumente chamado de casa), a esse ano, a esse século - em última instância, a esse corpo. a esse nome. quem me deu essa pele, de onde veio? ela não encaixa; árida, esquenta, coça. falta algo. falta muito - falta o ar.

círculos de gravidade: hoje os tigres acordaram mais cedo. e sobem, arrancando todos os panos presos ao muro.
londres sempre vai morar em meu coração como a minha cidade favorita.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

aquele pássaro morto na areia - foi você quem o descobriu? das penas tristes, brandas, interrompidas o vôo, cansadas. de todas as pedras encobertas pelo mar, o pássaro escolhera a mais pontiaguada para dormir. com olhos arregalados de quem já distraiu a correnteza milhares de vezes, pelas estações, pelas estações. quem é tua mãe, pássaro? onde guardastes a chave de casa, pássaro?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011





my home is you
(even when sun
burns my eyes)
my home is you
(despite all dazzling waves
blueing me into
their labyrinth)
a bird, just before spring
hunting the dawn:
my home is you.

a question

A voice said, Look me in the stars
And tell me truly, men of earth,
If all the soul-and-body scars
Were not too much to pay for birth.


(robert frost)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

mais uma vez, sentar diante da praia e esperar por um navio cargueiro. ouvir dos pesos da mercadoria, do calendário das marés, da luz que se esconde e vai reaparecer no norte, daqui a alguns dias.

mais uma vez, esperar por um navio que não virá. a palavra em busca do furacão - a língua seca, à espera de uma âncora qualquer. pois não vem e nem virá, menina.

existe culpa atravessada, culpa mordida, culpa estendida no varal de trás da casa? existe remédio para o amargor da quinta-feira, às três da tarde? quantas doses são necessárias?

dois dias passados entre pedras, à espera da movimentação dos recifes portugueses. da costa, não vejo nada.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

i don't want to go back ever again.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

sometimes i'm jealous of people running in the morning

(though sometimes running
i am)

what did i do today? i sat in the park and wrote all my life

- all my fears
hopes
desperate
thoughts

i'm afraid i might get nowhere
i'm afraid of the dark
i'm afraid of forgetting and being
forgetful
i'm afraid of my name
i'm afraid of my losses
i'm afraid of days, swinging by
with no sort of chance

regret
nor faith

and that's why i keep running.


domingo, 13 de fevereiro de 2011

brighton, little kids playing by the shore

do you mind? vou estender meus pés no pier até a hora de partir.

o pássaro negro do royal pavillion canta fados: e eu que me julgava loura e portuguesa!

[ lands are for those with maps]

do porto de brighton velejam navios, mulheres, novelas e canos
cidades sem nome, placas a serem inventadas, fios de devaneios.

[ me perco em todos]

and you know what?
home is a new road layout ahead

sábado, 12 de fevereiro de 2011


nascem braços onde deveriam haver placas
a saída mais próxima escapa; o vento arrasta as pernas, corre, corre longe
(corre solto)
o corpo já não aguenta - gatos, travesseiros, amarelos, que escrevem e desejam
e não conseguem dormir à noite.

malabarismo: equilibrar palavras
na ponta da língua
do outro lado do atlântico
você ouve o meu suspiro?

todo um oceano feito em deserto.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

there is a man: he's coming towards you.

he doesn't know much about rock and roll nor the smiths. he doesn't know much about pop art or that specific moment when the marine acrylic blue meets the soft white and they force each other into wildness.

but he knows how to cut oak trees.


what is ours is only ours

é muito estranho andar na Gávea e não poder dobrar uma esquina e ser surpreendido por um vestido seu esvoaçante.

é muito estranho andar pela Gávea e sentir você em outro hemisfério.

ontem roubei três tintas suas:

uma azul do teu céu; uma vermelha do teu pé de poeta e outra amarela de seu sol.

Deveriam proibir nordestinos de viajar para Londres.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

quero deixar claro que, apesar de você não acreditar em mim, eu acredito em você.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ana abriu a janela: voaram cadernos. pelo vidro (um pequeno rasgo, nada demais). no muro, escreveu umas palavras (é tão difícil ter passado, não?), comprou tinta, construiu diamantes em azul - balela, balela, baleia navega em mares já dantes explorados.

fair share of abuse: na kodak, todos os balões de aniversários parecem maiores.

uma caneta escapa, escapam os lençóis por debaixo do pano, escapam as linhas de um bloco azul recém-comprado. boa coisa o guardian noticiou hoje: fará sol na inglaterra amanhã.

ana, resiste sempre. mesmo quando não dá, mesmo quando a ponta do dedo esquenta, quando os olhos verdes já foram embora - quando emperra, quando arranha. outra forma? só nascendo outra.

alimentar tigres: descrever espaços em brancos.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

this morning

through my window
i saw your blizzard

- remember that old tune
you can't always get
what you want but if you
try sometimes you might
find?

and all those maps you got
used to create:

resting by my
seashore.

distance is a sea place to be.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

então, eu comprei esse diário. esse diário britânico de auto-ajuda: lições semanais para fazer do seu ano o melhor de toda a sua vida. em uma semana, ser um mentiroso patológico, em outra, cobrar por favores sexuais, em outra, dizer que veio do futuro. humor à la monty python.

take a moment to reflect and find strength for the year ahead. focus on how pathetic your life has been until now. how dysfunctional your family is. how miserable your friends are. how much you hate your boss.


tudo que pensei, na verdade, foram nos olhos azuis do meu avô. nas águas do meu avô cabem todas as tardes de sexta-feira; e em como ele comprava sacos de balas e guardava no antigo pote de farinha, atrás do pote de leite - ele sempre foi maníaco por doces. em uma noite de ano-novo, há anos e anos, há vida atrás, minha mãe decidiu que iria divertir-se com os amigos e deixou-me com eles. uma insone incontrolável, eu queria tocar a passagem do ano: cruzar a linha em que um 95 qualquer morria e um 96 arreganhava os dentes. meu avô levou-me para a varanda da casa, naquele tempo inundada de diferentes flores, hoje, abandonada, e combinamos o seguinte: eu seria par, ele, ímpar. a cada carro que cruzasse nossa vista, anotaríamos o último número. e o ano que estava por vir pertenceria a quem ganhasse.

não faço a menor idéia de quem levou o 96. mas lembro dos seus olhos azuis. e dos meus olhos verdes. de como eles funcionavam bem juntos.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

if you've said you're gonna take me in a four-month adventure, i would've never bought it.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

todos os dias

alinhavar os círculos de gravidade.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

vem cá, me deixa te contar uma história. você lembra daqueles irmãos que costumavam correr para o sal logo cedo na manhã? quando para nós ainda era asfalto sujo, para eles já era fuga no horizonte. mergulhar em areia nunca me pareceu a mais completa das sensações; mas dava um inveja ao vê-los, não dava? cansados da felicidade estrilando os dentes; mergulhar e não voltar jamais; morrer um pouco ao entregar-se; morrer sempre, novamente, mais uma vez.

hoje eu acordei e lá, da janela, estavam eles. correndo, sempre.

sábado, 22 de janeiro de 2011

a questão não é a receita do bolo, mas a passagem, o calendário, o hotel na times square. o telefonema perdido com ela - casada, descasada - mandando trancar bem a porta e correr.

dos lençóis, lembro do sorriso. do nosso, do construído, do arrendondado, duas xícaras quentes, asas grandes, vista para o indizível. me conta da volta, eu conto do fico.

não: me conta dos pratos limpos, aqueles onde você deixou uns versos por fazer.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

at camden

hey, do you remember shake your hips? what? 'don't move your lips...' oh, yeah, i just love it. do you know mick jagger wrote that song for my mom? i can't believe it. yeah, yeah, my mom is french, y'a know, and jagger just met here at cannes when they were, y'a know, exiled. i do not believe that; you have to prove me. ok, do you really remember the tune? yeah. so, right at the first minute, when mick is just whispering something, if you REALLY pay attention, he whispers 'hey, lile, come here'. that's the name of my mother - he's calling her. ok, so now you're just gonna tel me you're mick jagger's daughter. no, i'm brian jones'.

(...)

i am the man on the mountaaaaaaaaaaaaaaaaaain. shut up! they are gonna arrest us. for what? singing rolling stones? if we were singing, i dunno, let's say, kanye west, they could arrest us. i am the man who brings you roseeeeeeeeeees when you ain't got nooooooooooooooooooone.

(...)

say, let's do that: you go back to america tomorrow, right? and we're gonna write letters and postcards and etc. however, here's a better plan: we are going to send each other, every week, a tape with a song. and we are going to learn how to play it and how to sing it. so, in six months from now, when we will be back in london, we are going to perform all those songs in hyde park. and people will just say: FOLK MUSIC IS NOT DEAD!

you're just drunk.

(but that doesn't mean that i don't like that goddamn idea)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011



apesar do seu silêncio, eu sigo.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

songs about innocence:
have you felt the subtle wind
- a map, maybe
writing innocence songs on your back?

or it was just you,
- a map, maybe
a fog whisper
that was
crossing the road
and called me right along?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

24 horas acordada, trajeto liverpool - londres: já te contei como eu adoro andar de ônibus e perder o olhar no campo? maybe that's just about it: i'm a country girl, after all. tanto a fazer (de quem é mesmo aquele rosto? acho que eu o conheço, somewhere maybe), realmente não meto meus chifres na comida inglesa, os pratos e as porcelanas, as toalhas que desaparecem e viram bandeiras. ah, isso sim.

distance is a sea place to be.

quero te contar tudo agora antes que morra - vai, atende! senão, vou esquecer, trocar as bolas, os nomes, as fotografias. rostos que se perdem na multidão: preciso te contar da "celebridade" que cruzou a minha paradise street em liverpool. (tá frio aqui e ainda não são nem oito)

quebrei o polegar esquerdo.

se você lembrar EXATAMENTE onde estávamos há um ano atrás, eu te conto como. otherwise, you have to guess.

sabe, você faz falta. olhar pros teus olhos medrosos faz uma puta falta.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

my dear,

A sensação de perder-se e encontrar-se em uma cidade que ainda não é totalmente sua deve ser o mais perto da definição de liberdade (lembra de Cecília?) A cada vez que eu passava por uma rua e pensava: aaaaaaaaaaah, so THIS is where I'm heading to, eu andava mais uma casa no tabuleiro Londres.

Como eu gosto dessa cidade, como eu me sinto em casa, aqui. Mais que do que no Rio, mais do que em qualquer lugar. Eu não conheço nenhum lugar after all, minhas andanças pelo mundo estão apenas começando (já te disse que vou passar meu aniversário na França?), mas meu beloging é totalmente à Londres. Home. Safety. É onde me encontro, me desvendo, me rasgo e me engulo - eu devoro cada rua de Londres como se fosse a minha. O Thames at night... Sair do Tate Modern e deparar-se com o Thames, iluminado, revolto, onduloso e mágico. Caminhar por calçadas que são assim, estiveram assim e permanecerão assim pela história da humanidade! Inglaterra é história, história, história. É conhecimento do mundo.

Comprei um livro de contos ótimo de um japonês. Chama-se The Elephant Vanishes. O cara escreve que só. Uma delícia ler em inglês e aprender mais & mais & mais palavras. English is my mother language, boy.

Ontem, no Tate Modern, inspirada por um pintor português, sentei diante dos quadros dele e comecei a desenhar. É um início, mas vamos caminhando. Fiz muitas anotações sobre o processo de composição dos artistas contemporâneos - esse cara, por exemplo, fotografa em P & B, silka numa tela, cobre com acrílico e desenha nas partes em branco com carvão. Fica do caralho. O Andy Warhol fotografa as pessoas, silkava com nuances propositais de impressão e pintava em óleo. Aprender, aprender, aprender. É só isso que eu quero na vida.

Ah, e esse fim de semana vou a Liverpool! Já disse isso? Devo ter dito. Próximo fim de semana vou a Portsmouth, extremo-sul da Inglaterra, onde a Ana morou por quase um ano (casou-se, imprimiu o caderno de desenhos, bla bla bla, toda a história). Eu, meu caderno de desenho LINDO que você me deu, minha camerinha 1920x1080 px e meu iPhone seremos muito felizes em Portsmouth. E eu espero que você esteja muito feliz aí também. Porque eu te amo pra caralho e quero te ver feliz sempre.

Acho muito legal quando eu vou comprar qualquer coisa na rua e as pessoas perguntam: Where are you from today, love? Tenho vontade de responder: Today, I'm from France but tomorrow, maybe I'll be Scottish. (Claro que eu sorrio e digo que sou brasileira, mas enfim). Os ingleses são warm e cosy e têm essa maneira delicada e elegante de serem warm and cosy sem perder a formalidade. That Kate Middleton type of look, you know?

Uau, já são 8:22 por aqui e eu tenho zilhares de coisas a fazer.

Meet me at Tottenham Square Tube station by 3 p.m!

Luv always,

domingo, 9 de janeiro de 2011

sobre somewhere, da sofia coppola

i'll try anything once.

cezar, césar ou césares

this poem has nothing to do with me:
it owns you.
comes out from your flesh
and bones -
surrenders you.

this poem walks with you:
side by side.
and when you try at dawn
unsuccessfully, doubtedly
to sleep -
me
reading it to you.

sábado, 8 de janeiro de 2011

i would like you to know that my waves are born at your feet.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Londres cheira a desejo, a labirinto, à epifania. Eu mordo Londres. Tastes like heaven; heavenly reality. Cruzar a Tower of London, ver o Tâmisa, virar à esquerda, passar por Earl's Court, onde eu estive pela primeira vez, cruzar o pub australiano com a placa do Pink Floyd. Passar por Chelsea e ouvir, como um rasgo na pele, I went down to the Chelsea drugstore to get your prescription pills.

Amanhã é dia de Notting Hill. Comprar casaco, bota, livros (tentar encontrar, à la Proust, a tal da edição de Alice in Wonderland, ilustrada de 1954, que eu vi há um ano e não levei, por achar 15 pounds too much). Chove.

Sexta-feira: maps of England e bichos que vão virando coisas.

(para você, só para você)

Existe uma diferença
- uma linha,
entre o azuli e o lilás.
Ambos crescem em labirintos, desenvolvem rabos, tercetas e outras ânsias de menor grado.
Dizem até que o azuli ensinou o
lilás a construir mapas e rugidos.
(mas quando você dorme, é o lilás que corre em reconforto, contra a gravidade
e a madrugada)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A única razão para não assumir nada, não ter um laço mais concreto: o véu é você. Tal qual um sopro, esperar a rajada que não vem; renascer no deserto nunca torna-se uma opção. Nós não vamos ficar juntos e a verdade é essa. Minha consciência de Zeno, agora, dorme tranquila: não foi por falta de meu querer. A responsabilidade é sua e você a carrega para onde for.

Portanto, devolvo seu coração como queira: afinal, ele nunca foi, realmente, meu.