domingo, 22 de maio de 2011

gostaria de escrever sobre o tempo, ainda mais depois de ter descoberto zoe keating. esse tempo como vela, posto sobre o papel, navegando, navegando. ou, inclusive, tantas vezes até, em círculos. o tempo contruído: domingo. o tempo escasso: braços, pernas, dentes. "tudo que poderia ter sido e não foi", sábio bandeira (sábado?). o tempo perdido com você - foi, sim, um ano jogado fora. um ano em uma vida de vinte e três. é um par. não foi um par. nunca seria um par. o tempo futuro - as expectativas organizadas, catalogadas com fitas & laçarotes azuis e verdes; onde quero estar daqui a quatro anos? daqui a quatro horas? ver a passagem de luz do dia como algo fugidio antes do conta-gotas. um dia me safarei, aos poucos me safarei - todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir. não tenho casa, tenho tempo. ainda que pouco, ainda que marrom, ainda que chamuscado. o ano de ontem que invade o dia de hoje e a noite de amanhã; a alice sant'anna tem um verso tão bonito onde fala de ser a noite do meu dia - ando até desconfiada da possibilidade de fuga. não existe escape para o calendário. existem as unhas, isso sim; descascadas e cansadas, mas ainda até que afiadas. pois que o tempo passa, menina. e passamos juntos: pior que ser inevitável, é ser desejado.