segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

cinza

acordei,
acenei ao mar bravio que se impôs sobre os para-choques
de são paulo

nada é seguro quando a palavra
vira gesto e
surge, resoluta
por debaixo da porta

mal sabem os escribas que dentro da minha pele
é só você contra o mundo

como cuidar dos elefantes?

recusando-me a estar sozinha. meu coração inquieto vagueia por esquinas e paradas quanto for possível. invento ilusões, picos de montanhas, posições de yoga e frenéticos acordes para a orquestra que nunca terei. leio, leio muito. ligo para os amigos mais incautos e ficamos a tomar chá e tecer nós durante toda a tarde. em suma, crio elefantes na sala: preencho os espaços em branco com o máximo de verbos que couber. sempre em busca do azul. a procura do azul move montanhas - ou, ao menos, pratos de porcelana barata.

pergunto-te: onde mora a sanidade? devemos incorrer erros em busca de verdade qualquer ou evitá-los a fim de compreender a eletricidade?

faço-me entender? devemos insistir em nossos desejos furiosos - rompantes de água - ou fluir pela catequese psicanalítica da verdade?

pergunto-te porque, sob todas as análises, estar ao lado de - ou insistir no erro, ergue-me a bandeira a orelha direita - seria a medicação mais indicada para as falhas de caráter existenciais. ou a pura e velha necessidade de amar & ser amada.

seguir a pavimentação ou pôr os pés na terra? em qual momento abater árvores não é tão somente repetir o discurso gasto? 

deveríamos afastar ou construir, mão & mão, o trampolim? até que ponto atravessar cidades, indo de uma paixão à outra, não se trata de correr em círculos no mesmo quarto? 

por fim:
estou sempre a esperar notícias do atlântico.   

beijos muitos & todos

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

cobogó

um baile

um acidente arquitetônico de suave jazz
no estalar da língua

co
    bo
        gó.

talvez uma vertigem
                   (mania de espelhos, 
                    nomeando-os guarda-sóis)

não há mar e o que resta de oceano
resvala pelos vãos de cimento

co
     bo
         gó.

os dezessete azulejos azuis na parede avisam:
basta o sopro.

como quando aprendi a voar:

seja firme
 - mas não tão forte -
ao mergulhar em sal e,
sobretudo,
não se deixe queimar

(sobre a mesa,
o coração.

não nos iludamos:

diante das certezas,
os saltos.

os galopes.