domingo, 30 de dezembro de 2007

odeio promessas de fim de ano. odeio as porras das lan houses fechadas em plena segunda só porque é fim de ano. eu sei que não vou cumprir merda nenhuma mesmo. alguma vez eu disse que ia parar de fumar? acho que não, pelo menos eu acredito na minha falta de perseverança. eu sei que ano passado, no 31 eu estava na casa de fabio enchendo a cara com pessoas que hoje gostariam de me ver enforcada num coqueiro. ha-ha. fodam-se. devo passar 0 31 deste ano na mesma casa de fabio, também enchendo a cara, só que com pessoas amadas e fundamentais à minha existência diária. yeah.

e ano passado, pelo que me recordo, eu mandei as listas à merda. e deu certo. vai ser assim.

no máximo, uma tatuagem nova.

estou na lan house e tem um livro do kandisky me excitando. em inglês. vou ali vender meu pâncreas e já volto.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Meu estômago dói - claro que eu bebi demais. I've been drinking too much since..... i don't remember. Por que você não pára de beber, você pode dizer. Porque senão, que graça teria em levantar da cama? O mundo é mais bonito pelas lentes verdes de uma garrafa. Meu órgão está corroendo meu corpo, espirrando sangue e álcool por todos os poros. Não adianta comer. Nem quero comer. Acho que o ácido clorídrico perfurou as paredes estomacais e atingiu minha alma; agora, ficam as duas dores unidas, me enlouquecendo.

Comprei sapatilhas azuis. Estavam em promoção. Daqui a pouco estarei vendendo órgãos para comer. Aliás, meus órgãos estão todos em plena decadência.

Não entendo pica alguma de amor. Eu só reajo. Vou vivendo por instinto, babe. Perdoe a ignorância e a não-vontade de esconder emoções. Eu grito pra caralho e digo hurry back quando a tempestade passar. Não peço desculpas por viver assim: eu sou um animal e você também.

A verdade é que tudo que eu queria hoje era um potente leite de magnésio e uma pilha de filmes do Fred Astaire, para eu esquecer da minha existência e sapatear no céu de estrelas.

Fui.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Salvador continua o mesmo lixo.

A única diferença é que agora há ônibus de dois andares, vermelhos como os de Londres, passeando pela cidade.

Trash.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

i do believe when you don't like things, you live for some place you've never gone before.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

juliana diz:
amiga, acho que voce precisa arranjar um bofão
juliana diz:
bofão tipo pedreiro, sabe
juliana diz:
que te coma bunita em pé, na laje
juliana diz:
pra voce parar com frescuras existencialistas
L. diz:
HAHAHAHAHAHAHAHA
minha casa está uma baderna. um caos total. há roupas no sofá, na cama, na cadeira, na poltrona. não tive saco para guardar as peças da lavanderia e fui tirando toalha, calcinha, calça jeans tudo ao mesmo tempo e no liqüidificador. tenho preguiça de arrumar. tenho preguiça de viver. meu coturno esquerdo está ao lado da caixa de som. tenho medo. faltam oito dias.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Mariano estava parado no sinal. O Opala verde escuro estava começando a dar sinais de cansaço: o escapamento tal qual espingarda; as portas e janelas carcomidas pela ferrugem – o próximo seria ele próprio. Um cara veio lhe oferecer duas meninas. Fazem de tudo e do melhor, ele disse, segurando o bigode com os dedos.

Poderia matar esse velho nojento.

A visão daquelas unhas sujas de putaria e fumaça, e sei lá mais o quê, o enojava. Ainda mais segurando aquelas meninas. A de biquíni verde deveria ter no máximo quinze anos. Usava uma sombra azul exagerada para parecer mais velha. Não estava a fim de nada hoje, só de dormir. Além disso, ela tinha uma ferida na boca. Escorria pus. Visão do inferno.

O sinal continuava fechado.

Olhou para a outra menina. Essa não devia ter mais de dez. Usava um biquíni vermelho. Tinha um olhar de cavalo. Arisco e triste. Cavalo enjaulado num hotel fazenda, com crianças lhe bolinando. Adultos tarados, nesse caso.

Quanto é?

10 por uma, 15 pelas duas. Meia hora uma, uma hora as duas e nada mais.

Quanto é para comprar?

Porra, eu já disse, tu é surdo?

Eu quero comprar aquela. De vermelho.

A menina não mexia a cabeça; olhava continuamente para baixo. Nem relinchava.

É, ela é novinha. Chegou tem pouco tempo. Quase virgem.

Aquela expressão revirou o estômago de Mariano. Nem um homem agonizando na sua frente, chorando de dor e desespero, implorando por um perdão alheio – afinal, ele não tinha nada a ver com aquilo – lhe causara tal ânsia de vômito.

Quase virgem.

O sinal continuava fechado.

Mariano olhou para os lados. Criaturas da noite. Traficantes, gigolôs, travestis. Abriu a porta do carro, tirou quinhentos reais da carteira, entregou na mão suada do velho e pegou a menina pelo braço. Ela não esboçou reação alguma.

O sinal abriu.

Colocou a menina no banco do carona, bateu a porta do carro e não disse nada.

O velho saiu alisando o bigode oleoso. Achou que fizera bom negócio.

A .45 continuava no porta-luvas. Não fora preciso utilizá-la.

Qual seu nome?

Ela continuou de cabeça baixa.

Eu não vou te machucar.

Não adiantava: ela não respondia.

Quer um doce?
Que pergunta idiota, Mariano. Você não tem um doce no carro. E essa menina já é tão escrotizada por tudo e todos que nem deve saber o gosto de um brigadeiro.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Ás vezes eu penso que nunca vou ser nada, porra nenhuma.

E choro.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Estou escrevendo um novo livro. Contos. Pessoas abandonadas. Pessoas que abandonam.

Vai ficar fo-da.

Nina, vou dedicá-lo a você. Porque só você, no mundo inteiro, entende o significa de "el amor es sexualmente transmisible".
Listas? Ok, listas.

A) Ver os filmes baixados. Procrastinei tempo demais.

B) Baixar: The Good, the Bad and the Ugly; His Girl Friday; Coffy; La Règle du Jeu; Miracle in Milan; Harold and Maude; Last Year at Marienbad e Rashômon.

Deixe-me virar cadáver em frente ao computador. Serei feliz assim.

(Fodam-se aqueles que gritam "abaixo a pirataria". Tomarnocu)

C) Estou dando curso de Educação Cinematográfica. Ha-ha. Sério. É um caso grave. É um caso de hospital. É um ser humano que não gosta de Kill Bill v.1/2. É um ser humano que acha Truffaut chato. Você achar Godard chato, vá lá, mas TRUFFAUT? Aceito indicações, recomendações e camisas-de-força.

D) Férias. Sonhadas férias. Posso exercer toda a minha vertente escrota: aprenderei francês por osmose, com Les Diaboliques.

E) Faltam quinze dias. Quince. Fifteen.

F) Marco Ricca vai dirigir "Cabeça a Prêmio", do Marçal, em 2008. Beto Brant e Renato Ciasca vão roteirizar o livro mais belo já escrito em bom brasileiro: "Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios", do Aquino. Fico pensando quem vai interpretar a Lavínia. Ah, Lavínia... Eu morreria por ti, Lavínia.

Aquino escreve com sangue; seus livros jorram, sabe cumé? Eles exalam vida, uma vida podre, misturada a desinfetante e pólvora. Baratas roem os personagem de Aquino. E eles são tão belos. Como pode, me explica, como pode alguém ser tão podre e ao mesmo tempo tão cândido? Só Aquino explica.

G) Gostei de Nome Próprio. E Jogo de Cena. E estou digerindo O Passado. Tenho críticas - várias, observações - várias, e alguns elogios. É o melhor do Babenco, certamente. (Lembro quando eu assisti a Pixote, pela primeira vez. Como aquela cena da puta - Marília Pêra - comendo o Pixote me impressionou. Não sabia que mulheres podiam comer homens.)

H) Tô sem saco. Fui.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Não adianta, babe. Não adianta.

Ela dizia isso com a maior doçura que era possível para uma letra. Pausado, arrastado, as vogais caindo no chão. a-d-i-an-tá.

Isso era o que o emputecia. Porra. Se é pra terminar, então seja duro, caralho. Então mande à merda. Então vá tomar no cu. Então bata a porta. A doçura dela dificultava tudo, e só aumentava a vontade de arrancá-la de seu lençol com o dia passando devagar, esquecendo de si mesmo.

Mariana calçava o tênis. Penteava o cabelo. Olhava o relógio. Definitivamente ela iria embora. E não havia nada, mais nada, que ele pudesse fazer.

Ela bateu a porta. Não adianta, babe. Não adianta.

Ele ficou. Todo o sábado jogado na cama, olhando o gesso do teto descascando. Manchas estranhas pra caralho se formavam no céu branco de gente podre. Sábado, domingo e segunda. Só levantou na terça feira, quando o cheiro do corpo misturado a cigarro e sol e gesso tava fodido demais. Foi à padaria e a primeira coisa a perguntada:

Como vai Mariana?

Puta que pariu - esqueceu a .45 embaixo do travesseiro. A vontade era dar dois tiros nesse filhodaputa. Porra. Só queria um pão com café e o cara vem me provocar.

Tomarnocu.