sábado, 28 de março de 2009

hoje foi a primeira reunião do meu curta. obviamente, num bar. a minha produtora, que escolheu a dedo, me apresentou a atriz principal: e jesus, como ela é linda. exatamente como eu havia pensado; sorry, folks, me desculpem as feias, mas beleza, para esse papel, é fundamental. engraçado foi ver todo o sentido que ela deu ao meu roteiro; tornou-se grandioso, enorme, cheio de significados. outras pessoas também leram (o professor de teatro dela, p. exemplo), e cada um deu sua opinião. nessas horas, prefiro ficar muda e calada: para um escritor, é muito mais interessante ver a visão dos leitores sobre sua obra do que sair cagando versos. ou talvez seja apenas para mim. o certo é que meu curta, a quem eu dediquei tempo, suor, lágrimas e amor, muito amor, está sendo feito. há produtores, atores, músicos e fotógrafos envolvidos. eles acreditam no meu texto e na minha direção.

isso é tão grande.

vocês não podem imaginar.

quinta-feira, 26 de março de 2009

há quem diga que pela janela vejo vida a passar;
pois eu replico: aqui há um espetáculo de cores e sons.

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vejo flores vermelhas que desabrocham na minha sala. no exato momento, não tenho saudade de nada e creio ter derrubado o muro existente entre nostalgia e realidade. como me disse uma amiga, "fala baixo para espantar o mau olhado". mas as tardes andam cada vez mais mornas, as ruas, mais vazias, os planos, mais concretos.

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a minha faculdade é um lugar tão estranho que as pessoas comentam a minha suposta depressão por ter saído de um emprego oh, tão maravilhoso. pena delas, incapazes de reconhecer um genuíno sorriso de felicidade.

quarta-feira, 25 de março de 2009

ando tropeçando em sonhos. e às vezes alguns se realizam.

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se pudesse voltar alguns anos, não tomaria diversas atitudes.

but then again - how could I know?

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de segunda para cá, vi quinze carros do bope quando estava almoçando, ouvi granadas em seqüência quando via um filme, ouvi uma explosão quando saía da faculdade e vi um homem morto a tiros quando voltava para casa.

eu adoro essa cidade, mas viver nessa ilusão de segurança não é a minha.

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antigamente, estaria te contando diversas coisas, segredos mesmo, coisas dessa alma já cansada. mas cá não preciso mais; tenho quem cuide dessas artimanhas e até acende a vela nas noites mais escuras.

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sorry, seres humanos: estou com preguiça.

sexta-feira, 20 de março de 2009

agora que eu tenho muito, mas muito tempo livre (na verdade, essa colocação é um tanto quanto idílica; as burocracias do novo apartamento estão me tomando boa parte do dia), é um novo mundo que se descortina: cheio de coisas a fazer, a experimentar, a participar, a assistir. óbvio que estou dando meus pulos aqui e acolá para não passar por privações, mas ainda assim me surpreende a quantidade de vida que eu estava gastando em lugares que odiava apenas para fazer parte da estatística: universitário empregado.

(provavelmente, em umas cinco semanas, eu mude de idéia. até então, estou gostando da situação.)

quarta-feira, 11 de março de 2009

(achei que merecia)

"12 de março, 2009.

(...) E sobre liberdades de escolha, ai... É tão difícil isso que eu vou dizer, mas lá vai: esse excesso de liberdade me angustia. Poder ir para qualquer direção. Não ter controle sobre as ações - porque assim, se eu sair do emprego, posso ficar super bem, legal, ok, OU pode aparecer um curso do, sei lá, Fernando Meirelles no Rio, workshop, 500 reais. E eu vou ficar com cara de CU, chorando todos os dias. E isso é apenas o mínimo.

Lá no jornal, eu sou a mais sacaneada por isso. Eles realmente me pegam de Judas - a justificativa é que eu 'sonho' demais, e quero fazer tudo ao mesmo tempo. E eles, claro, dizem que eu não consigo. Mais um dos motivos para eu me sentir tão sacaneada / para baixo / humilhada / frustrada quando volto pra casa. Trabalho é trabalho, eles não são meus amigos, definitivamente não me conhecem, e certamente não têm que meter o dedo na minha vida. Mas magoa quando você ouve, repetidamente, dia após dia, nego dizendo que você não é capaz de fazer tudo que quer, que é uma confusão ambulante.

(Sabe? No mundo ideal, eu ganho esse concurso de roteiro, mando todos daquele infeliz jornal à merda, e só saio de casa para trabalhar se for com cinema.) Mas eu não tenho grandes esperanças de ganhar; já perdi muito concurso de poesia nessa vida para entender que sempre ganha o normal, o tradicional com roupagem nova, o bonitinho. Nada que eu produzo é "bonitinho". (...)"

domingo, 8 de março de 2009

mais um parênteses, juro que é o último

( depois que o filme acabou, passeando pelos canais. no fantástico, pesquisa para o dia da mulher - afinal, o que você, cara telespectadora, quer? a) um novo namorado; b) um filho; c) um corpo sarado; d) promoção no emprego.

poderia discorrer sobre, mas... nesse calor, vamos dar as mãos, desligar a tevê e abrir uma cerveja, não, caro leitor? )
essa alma nova, mas já cansada, sente saudade de muita coisa, especialmente em um domingo como esse, parado, calado, vazio, todavia irrequieto. sentar lá naquele bar da pituba, debaixo das árvores onde eu quase caí uma vez - e não, não estava bêbada, foi apenas mais um desajeito -, e bater papo. porque sim, ladies e gentlemen, tarefa da qual eu particularmente gosto bastante: mover as idéias para lá e para cá...

um parênteses

( ai, fica todo mundo comentando a tal excomunhão da igreja católica. francamente. ela é assim, sempre foi assim, sempre será assim. a capa do globo vai mudar 2009 anos? não. da folha? não. sua opinião? NOT. então, cagamos. move on. cuidar de assuntos mais importantes, como, quem sabe, a criança. suporte psicológico? quem é a nova família? onde ela vai morar? e coisas desse tipo, sabe.

ninguém lembra, mas a história do pai americano x viúvo brasileiro pela guarda do garoto foi documentada pela dorrit na piauí de uns 10 meses atrás. e a revista foi ameaçada de processo porque o toda a ação é secreta & blá blá blá. e agora eles vão ao FANTÁSTICO explicar suas razões. veja bem: jogue de acordo com suas regras. senão, você fica desacreditado. )
alguns podem chamar de auto-destruição, mas simplesmente quando está tudo calmo, pressinto um problema. é preciso um furacão ou uma tormenta para me tirar de casa, e quando não há nenhuma das duas opções, apenas o rio calmo e suave, parece-me água suja.

não estou falando de problemas, veja bem, longe de mim; mas de tempos atribulados. calmaria, definitivamente, não é meu tempo predileto.

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eu gostei de slumdog millionaire, mesmo. não me senti ofendida nem creio que boyle esteja querendo fazer essa tal de crítica social. (depois de um certo tempo, a expressão ficou tão pedante, não?)

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agora, cada vez mais próxima da formatura, as inevitáveis perguntas: - o que você vai fazer depois? - vai continuar no rio de janeiro? - pretende ir para pós? - vai fazer mais um ano de PUC, mas em outra habilitação? - ou vai se mudar para londres? - já se inscreveu naquele programa de trainee? - cuidado, antes que passe o tempo!

eu. não. faço. idéia. do. que. vou. fazer. amanhã.

que dirá daqui a um ano e meio.

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minha salvador é feia e suja. suas vielas ressoam kid a, do radiohead.

meu rio é abafado e falso. como uma garota viciada em heroína que pensa estar por cima de todos, quando não consegue enxergar nem as próprias marcas.

quinta-feira, 5 de março de 2009

queria entender por que a relação com a minha mãe é tão complicada. sem delírios morais, prezado leitor, sério mesmo. eu a admiro como pessoa e como mãe; mas é verdade que sou uma pessoa fechada. a questão é que, do lado de lá, há a reclamação constante de desconsideração e frieza, do lado de cá, a insatisfação com a pouca procura. sinto falta. sei que sentirei falta a vida toda. tento mudar o meu diálogo e atitude, mas o ponto principal, a meu ver, é que de forma alguma voltarei a salvador. e nenhuma das duas acredita em uma relação profunda à distância.
hoje aconteceu algo tão estranho. estava na fila do café e percebi que estava atrás de mim alguém que, há quatro anos, considerava como um dos meus melhores amigos. Ele não me reconheceu (ou fingiu que). Nada falei - de que adiantaria? Falaríamos sobre a vida, os trabalhos, os amores, estando tudo bem, muito bem, para depois limparmos a consciência? Beber de água suja... Em certa hora, ele atravessou a minha frente para também, oras!, pegar o seu café. Por milésimos de segundo - ou até um frame - ficamos frente a frente. Baixei os olhos; ele levantou os seus. Peguei o meu café e silenciosamente deslizei para a minha vida. Ele ficou esperando.

terça-feira, 3 de março de 2009

the little yellow tricks in life, oh, how they bother me.

domingo, 1 de março de 2009

acordei a fim de devorar a cidade - tudo bem, é aniversário, é clichê, eu entendo. mas ainda assim. essa gente estranha, as ruas tortas, uma réstia de carnaval pelas ruas, os bêbados versando sobre suas mentiras deslavadas. o imperdoável fica bonito quando se está em paz.

(ainda que eu ache que os cariocas deveriam dar um tempo para a cidade poder respirar em paz).