terça-feira, 31 de maio de 2011

as folhas não desabrocham.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

às cinco e meia, os passos se tornaram ensudecedores.

domingo, 22 de maio de 2011

gostaria de escrever sobre o tempo, ainda mais depois de ter descoberto zoe keating. esse tempo como vela, posto sobre o papel, navegando, navegando. ou, inclusive, tantas vezes até, em círculos. o tempo contruído: domingo. o tempo escasso: braços, pernas, dentes. "tudo que poderia ter sido e não foi", sábio bandeira (sábado?). o tempo perdido com você - foi, sim, um ano jogado fora. um ano em uma vida de vinte e três. é um par. não foi um par. nunca seria um par. o tempo futuro - as expectativas organizadas, catalogadas com fitas & laçarotes azuis e verdes; onde quero estar daqui a quatro anos? daqui a quatro horas? ver a passagem de luz do dia como algo fugidio antes do conta-gotas. um dia me safarei, aos poucos me safarei - todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir. não tenho casa, tenho tempo. ainda que pouco, ainda que marrom, ainda que chamuscado. o ano de ontem que invade o dia de hoje e a noite de amanhã; a alice sant'anna tem um verso tão bonito onde fala de ser a noite do meu dia - ando até desconfiada da possibilidade de fuga. não existe escape para o calendário. existem as unhas, isso sim; descascadas e cansadas, mas ainda até que afiadas. pois que o tempo passa, menina. e passamos juntos: pior que ser inevitável, é ser desejado.
lá vai o barco - rente, sem sobressaltos. ih, gritou o menino, vai vir a poça d'água! não, não, acalme-se, ele sobrevive. passam carros, um, dois (até um vermelho, bem belo) e o barco resistente. rasgos de manhã indo e vindo até que desistiram, dando lugar à chuva. mãe, a asa do barco caiu, esperneeou o menino. mas não há o que fazer, é papel, é água, contracorrente, etc etc etc. e o menino, ficou, olhando a chuva ir embora.

sábado, 21 de maio de 2011

o som do silêncio ainda me assusta plenamente.

terça-feira, 17 de maio de 2011

a nossa visão sobre as coisas - como se diz lá em casa, faltam-me tigres para os pratos de trigo que ficaram. da janela, chove, chove, chove - e você, que parecia tão soberbo e sincero? ah, quer saber, cansei desse papo de relacionamento, sabia muito pouco sobrou daquela música, aquela música do lulu, como era mesmo? amanhã, ela chega de viagem. amanhã. que é para não faltar uma pitada de amor - tan hermosa!
você ainda vive em mim - você não pode mais viver em mim - você precisa sair daqui - você ainda vive em mim - essas paredes ainda estão aqui.

merda.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

andei
corri até
sangrar os
calcanhares.

me recostei em sal:
água quente
(horizonte de expectativas)

- faltou uma pitada de amor,
eu sei.

os céus se abrem tão mais
amarelos são os
dedos

- o que você fez daquelas cortinas?

corri.

antes do salto,
antes de sangrar os vértices,
antes da rua,
lenta
surda,
vazia.
criar raízes, fincar os pés nos tortos dedos - um, três, dois e novamente - um horizonte em castanhos acordes.

não se vê nada daqui

(quem queria ver qualquer coisa?)

uma nota que cai
é quase sempre
abismo abaixo


por fim, o que há:
intimidade
rubra,
coça a pele
enquanto você não vem:
exercícios de respiração

- as arestas, todas
suspiram
aliviadas.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

me sobra o tigre, me faltam os dentes.
essa manhã já dura dias.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

deselegante

com os dentes
em riste
o tigre sorri.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

há dias em que não nos entendemos.
eu estendo a mão
- você, já trôpego
pelo abismo

os ângulos, retorcidos
sequer conversam:

tigres de águas doces
desenhos em
carvão
uma voz que me martela
os dedos.

há dias em que quando acordo,
você,
há muito.
e me quedo quieta
contando as farpas de madeira
nos azulejos, ao lado da cama,
nos espelhos.

afinal, o que queres aqui?

asfalto?
pérolas?

a simetria dos horizontes:
- corre, corre,
corre


(pelos vãos)

terça-feira, 3 de maio de 2011

chove.
o que há são fios
sobre o asfalto,
dançam,
ilesos.

tal carrossel, atravessam
multidões.

mostra as tuas mãos
- sujas de tinta

não era isso que querias
quando fizestes
chover?

pois bem.

os fios, soltos
faíscam
enquanto
danças.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

poema mal resolvido

os dedos, fino
bater à maquina, enquanto
o ressoar das gaivotas, à tarde
dorme.

qualquer fosse o discurso
- culpa, devaneio,
foto preto & branco azulada pelo tempo
já não mais arranca dentes:
continuam, todos
a enternecer o
amassado.

tantas histórias, tantos caminhos.

quero voltar àquela casa -
do cimento, fazer-me asa
para, enfim,
entardecer.
poesia se faz pelas beiradas
com os dentes à mostra,
mãe.

não se vive (só) de quereres
cansados,
filha.
from start to end:
i'm a sensible word.



Penso no filho que não tive
E nunca terei
Penso em João.

João dos olhos fundos
E alma triste,
Alma de pugilista:
das cordas, sobrevive-se
A tudo.

João, para quem eu falaria
Do outro João:
o de longe, o de Recife
A existência no mar
verde azulada, acanhada de
Ondas.

O horizonte de João.

Do que quis e nunca tive:
labirinto, restingas,
descaminhos e bússolas.
Todas inventaria
e as daria a João.

Mas o filho é como o pássaro:
Azul.

Azul que nunca tive
(e me chama)