quarta-feira, 31 de março de 2010

citações de hoje



(vindo daqui)

O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!

Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?

O meu amor não tem
importância nenhuma.

(cecília)

frases de efeito

- meus olhos estão mais castanhos esses dias.

- mais profundos, você diz?

- não, mais castanhos.

- eles sempre foram castanhos.

- mas agora estão mais; é como se aquela vertigem tivesse vindo pra cá, entendeu?

- vertigens só nascem em janelas.

terça-feira, 30 de março de 2010

(dos lilazes)

quando uma palavra é derramada
às costas
(e todas as folhas caem)
o lilás se enche de nuvens
e esquece do dia
em que foi chão.

just a tuesday

literatura não tem futuro: se você quer fazer da sua vida uma busca por ilusões, nem deus lhe salva, irmão.

*

cortina: usualmente utilizada para esconder de pôres-dos-sóis a projetos fracassados. mas e quando a cortina é de vento? o outono ainda não chegou ao rio de janeiro, é bom frisar.

*

no pequeno país comandado ditatorialmente por alice, qualquer pessoa que comece uma frase com "o problema do cinema brasileiro é..." seria automaticamente fuzilada.

segunda-feira, 29 de março de 2010

manual da libertação

já diziam os padres - e por isso mesmo são padres e não sociólogos: para ser feliz é preciso aceitar a liberdade.

como é um belo dia aquele em que você acorda e entende que não quer amarras, apenas laços lilazes de felicidades. como é alegre o dia em que as janelas se fazem presentes.


(já notaram como s sonoridade dos plurais das cores são quadros surrealistas? azuis. lilazes. vermelhos.

e o arremate:

fúcsias).

sexta-feira, 26 de março de 2010

num mundo ditatorial

hoje, vinte e nove de março de dois mil e dez, após bastante definhar as lâmpadas da sua medíocre cabeça, alice escolheu pela felicidade. simples como um sonho lilás, desses bons que invadem a madrugada.

quinta-feira, 25 de março de 2010

sobre filmes (quando não se tem mais nada a dizer...)

a grande bosta do ano se chama precious. olha. história mal contada do cacete; se você quer me fazer chorar, ao menos saiba dar um início, um meio e um fim. precious é um grande videoclipe do criança esperança: olha como ela se fode na vida, para doar cinco reais, ligue 0800-zzzzzzZZZZzzzz.

*

uma noite de madrugada, o scorsese tava tomando um porre - tinha descoberto que sua mulher o corneeou com o sobrinho do coppola, que anda fazendo uns filminhos bem legais - sozinho, percorrendo sua coleção de clássicos americanos dos anos 1940 quando veio a idéia: QUE TAL FAZER UM FILME ASSIM? daí, ele deveria ter ido dormir e no dia seguinte, se foder de ressaca em beverly hills. mas não. neguinho ligou pro traficante, pediu seis gramas de cocaína, ficou escrevendo sem parar ON DRUGS, ligou pro amiguinho leonardo di caprio, que trouxe MAIS cocaína, e juntos eles fizeram a MAIOR MERDA DA VIDA DO SCORSESE.

ilha do medo = resultado de uma noite ruim de cornos mansos e cocaína.

*

an education só ressoa na caixa toráxica se você: a) for mulher, b) curtir muito Londres, c) estiver / já ter sido apaixonada por um homem mais velho. claro, claro, vamos combinar que o roteiro é do nick hornby, a fotografia é bacana e tem momentos belíssimos, mas se você não corresponder aos três itens, an education vai ser mais um filme bonito que você viu naquela cinema de arte.

mas.

veja bem.

se você correspondeu aos itens acima, então an education é um conto em lilás sobre como a gente se fode, aprende a se foder e ainda assim sai de casa para se foder mais. como toda forte ilusão se transforma em um penhasco - e isso tá incluso no pacote quando você marcou um x na opcão 'continuar vivendo' depois da adolescência -, mas a gente encara. porque londres é linda, não é mesmo? e a vida não cansa de surpreender.

(das coisas que a gente escreve para ninguém ler)

"aos meus amigos: fui muito feliz com todos vocês, alguns mais, outros menos, mas a vida é assim mesmo, patinar nas super expectativas se tornou tão corriqueiro quanto respirar. prometo não esquecer dos vinhos, das mãos dadas, da coragem retocada, das poesias ridículas nem do muro tão bem construído entre eles e nós.

aos homens que amei: as desculpas mais sinceras pelo mau-humor de manhã.

às mulheres que amei: gostaria de ter sido lésbica.

aos vizinhos do 902: podem almoçar felizes agora; nenhum novo morador vai ouvir um som tão ruim e tão alto quanto john coltrane às nove da manhã de domingo.

ao entregador de pizza volare: um sincero muito obrigado.

à falta de coragem: dessa vez, você não venceu.

para quem fica, as chaves estão na porta, a conta de luz já está paga - bem como a taxa de incêndio -, e caso o telefone toque, não será, definitivamente, para mim.

abraços de incompletude,

regina"

(das coisas que se pensa quando ninguém está olhando)

a inutilidade hoje veio bater ponto, mas a coragem nem saiu de casa.

quarta-feira, 24 de março de 2010

ao invés desses feriados toscos e sem-graça (quem comemora dia de são jorge? quem? o que se faz? laça um dragão no meio da borges de medeiros?), deveria ser instituído o DIA NACIONAL DO EDUARDO COUTINHO.

os trabalhos e as aulas estão suspensas; o excelentíssimo e o ilustríssimo prefeito, exatamente às nove da manhã, cortam a faixa e iniciam os trabalhos: quem conseguir ver mais filmes ganha uma rua para chamar de sua. quem levantar a bunda do sofá e fizer QUALQUER COISA com uma câmera é o respeitável dono de uma esquina. (para nunca mais dizer que está perdido na vida)

para quem não tem televisão, telões serão espalhados pelas praças, non-stop, exibindo de cabra marcado a moscou. os ruins, os bons, os maravilhosos e aqueles que você se corrói de inveja.

(obviamente, nesse dia, coutinho não é obrigado a escutar qualquer reclamação de produtora, distribuidora, montadora e nem atender fã. ficará em casa, com seus cigarros, seus negativos e sorrirá às cinco da tarde.)

terça-feira, 23 de março de 2010

escuta: as pessoas hoje acordaram com sede de qualquer coisa maior do que isso aqui. se não as pessoas, pelo menos eu. o despertador me chamou para a vida às cinco e meia, quando o céu ainda definia sua paleta de cores do dia, entre o amarelo-voutomarnocu e o lilás-aindaacreditonoamor. qualquer recomendação aqui escrita não caberia em uma boa xícara de café preto, sabe. e eu ainda não descobri onde colocar aquele bibelô - mais um - dado por alguém de coração muito bom. anteontem, ouvi uma menina, uma garota, dizer que se sentia muito velha, mas não muito sábia. e nessa vida, quem sabe de alguma coisa concreta? existe o braço direito, os olhos cinzas e a vontade de dominar o mundo, geralmente esmagada pelo muito sono do dia inteiro. a verdade é que esse trânsito do rio de janeiro é muito, mas muito difícil.

segunda-feira, 22 de março de 2010

uma coisa que pensei enquanto você não vinha

- os seus telefonemas já foram mais doces, eu já fui menos babaca e sempre havia um pão com manteiga na geladeira.

o que o escritor fez? acendeu uma vela para são jorge - ele que nunca foi metido a falcatruas de fé -, pediu proteção (ou o que diabos essa gente pede quando tá cagada de medo), desligou o telefone, abriu as duas janelas. ouviu os tiros do morro dos prazeres.

caralho, é impossível escrever nessa cidade. [o rio de janeiro mais parece uma boca fumegante que sem dentes, caetano. reveja seus conceitos.] o escritor precisa entregar um roteiro pronto, amanhã, quinze páginas, sobre uma família perdida no sergipe - canindó de são francisco - para ir ao ar sexta à noite. adianta o quê?

(adianta a internet atrasada em dois meses)

o escritor tem raiva de todos esses filmes brasileiros sobre escritores: ele não é bonito, ele não consegue criar uma barba, ele não tem o pau grande, ele acha literatura russa bacana, mas seu forte é albert camus. vai ver foi por isso que o segundo livro não encontrou editora. deveria ter falado de tolstói.

(mas ele é: alcóolatra, fumante compulsivo, ex-morador da rua augusta, freqüentador de puteiro e morto de medo de virar a esquina e encontrar a primeira namorada)

batem na porta do apartamento do escritor. é a vizinha. linda. cabelos negros, uns olhos azuis cheios da porra da sinceridade, uns braços longos, uma esfinge. o escritor se comporta: o marido dela é seu amigo. 'tá a fim de um chope mais tarde, berê'? 'claro, claro. bate aqui e eu desço'.

a vizinha tem uma tatuagem na costela que de vez em quando aparece, especialmente nos dias em que faz faxina: um mundo em preto e branco com uma garota olhando, impávida. o escritor já sonhou em beijar aquelas costelas perfuradas de tinta, mas se controlou: não é nenhum rubem fonseca pra ir roubando mulher de amigo.

voltou ao roteiro. pois bem, mamãe: fique feliz, seu filho está na televisão. página nove, faltam apenas cinco. (quem vai ser o babaca a ler isso amanhã na emissora? pobre diabo).

[ lá vai bernardo, passa a primeira linha, a segunda, o ponta-direita da vergonha alheia tenta chutar-lhe a canela, não consegue, UHHHHHH, vem o trauma da infância desmoralizada, a primeira namorada que hoje se chama cláudia, tenta arrancar a bola da memória da punheta de cláudia cardinale, AAAAAAAAAAAH, mulher de sergipe, mulher de sergipe, mulher de sergipe, bernardo se aproxima do campo adversário, tenta pela esquerda - um ponto e vírgula -, tenta pela direita - mais uma locução - e, NA TRAVEEEEE ]

o telefone toca. só pode ser ela. a mulher do escritor. (ele não terminou a página nove).

- você disse que iria me ligar às nove.
- são nove e vinte, bernardo.
- e se eu tivesse saído? íamos nos desencontrar.
- em grande parte culpa da sua maldita obsessão em não ter um celular.
- estou na internet.
- a questão é: estou pronta. posso passar aí?
- pensei uma coisa enquanto você não vinha. posso dizer?
- pode.
- sam, esse é o início de uma bela amizade.
- a gente viu esse filme semana passada.
- eu sei.
- té amanhã, bê.
- té, bi.

o escritor desistiu: maquinou um verso aqui, outro ali, mas todos pareciam belos demais para a tevê. lembrou-se dos tempos em que não se permitia nem pensar em trabalhar para a tel-ah, que besteira, naquele tempo deixou de se permitir tanta coisa.

antes de dormir, ainda pensou em ligar para a bianca. considerou que fosse devaneios demais: desistiu.

recomendação no. 4

sempre que lhe oferecerem olhos azuis, não esqueça de pôr as mãos nos bolsos, abaixar a cabeça e sorrir - de canto de boca, veja bem, para não despertar a inveja alheia -, e felicitar toda a tristeza contida nos seus grandes olhos cinzas. [ antes uma janela de desesperança que ilusões tingidas de céu ].

domingo, 21 de março de 2010

recomendação n.º 3

o ministério da saúde adverte: deixar levar-se pelo além não é construir um horizonte, mas afogar-se nele.

quarta-feira, 17 de março de 2010

hoje tive vontade de morrer várias vezes - de tédio, de vergonha, de cansaço, de desesperança e, sobretudo, ainda, de amor. amor obstinado, desgraçado, mal pago e como em todas as histórias medíocres, impossível.

daí, tentei me matar assistindo a um velho querendo ensinar pela televisão o que é a realidade. o máximo que consegui foi um bocejo de sono e alguns rangeres de dente. às três da tarde, tentei me matar ligando para um velho conhecido de guerra, com um pouco de desamor e algumas frases forjadas em tinta bege.

mas qual.

ele pouco falou, e quando abriu a boca me informou a previsão do tempo.

a terceira - e última, vamos ter alguma piedade nesta terra - tentativa foi cobrir-me com a falácia: abri os braços e me joguei na lama das super expectativas. tamanha vergonha não perdoaria tão ínfima alma.

não vou dizer 'não doeu', veja bem. mas vou te falar uma coisa sobre a dor: ela engessa.

mas espere.

morrer, morrer, morrer, desagüar no nada, eu só alcancei naquele sinal do jardim botânico. você estava parado, meus braços te absorveram - em certa medida, te absolveram, mas para tudo há um limite, inclusive para a cafonice -, você me beijou e o sinal abriu.

a coragem, já pouca, se foi com a água da chuva; a saudade, já muita, enterrou-se em mim. caí na primeira esquina. perda fulminante.

sábado, 13 de março de 2010

recomendação nº 1

trabalhamos apenas com amores impossíveis, pensou a escritora quando ele bateu a porta do táxi. tinha o olhar de quem pedia desculpas. (uma moça bonita atravessou a rua, enquanto isso).

regina quis um café, uma passagem para paris e grandes olhos azuis (a tristeza não parece tão simplória quando se tem olhos azuis), mas ficou com a chave de casa, um caderno e uma caneta. a escritora quis chorar mas se conteve.

aquela casa estava grande demais, espalhafatosa demais e escura demais. cogumelos de bolor cresceram pelas paredes, teias de aranha invadiram os livros e, sinceramente, aquele copo com vodka estava sobre aquela mesa há pelo menos dez dias.

(das piores sensações quando se está sozinha: luz que falta no sábado à noite, porta que abre com o vento, cartas para ninguém ler)

o telefone de regina tocou uma, duas, quatro vezes. ainda que não tivesse atendido, o vermelho continuou preso à garganta. henry miller já dizia, sabiamente, que quando não houvesse mais o que fazer, paris era o lugar certo. miller viveu, bebeu, amou e morreu em paris. [ também perdeu muito dinheiro ]. a escritora só quis dormir.

mas assim ficou: acendeu duas velas, pôs john coltrane para tocar, lavou os copos e trocou o saudoso henry por um outro qualquer. dentre as mais terríveis coisas que se pode dizer ao olhar um homem, não preciso mais de você poderia estar no topo.

poderia.

sábado, 6 de março de 2010

eu poderia viver de escrever cartões de aniversário

- me recuso a negociar delicadezas (essa é roubada do mirisola)

- quem morre em estrelas desagüa no horizonte

- ontem aprendi a amanhecer pássaros

- você transforma água em mar.

sexta-feira, 5 de março de 2010

o céu pintou-se de alice quando sorriu ao encontrar aqueles olhos cinzas.
minha metralhadora giratória amanheceu pássaros.

catolicismo

a minha religião não permite usar guarda-chuva
- água boa corre
a minha religião não permite dormir frente à televisão
- o além ainda é precioso
a minha religião não permite sair de casa sem sonhos.

meu primeiro homem tinha olhos muito azuis
- doce avô
o segundo não foi tão importante assim
o terceiro não sabe dançar
- mas minha religião não permite esquecê-los no horizonte
- e marçal aquino me ensinou a amar

minha religião permite equilibrar pratos,
- antes isso que não ter amor algum
tecer nós, engarrafar ventos e lamber brisas
- porque até as paixões platônicas criam buracos nos telhados

e acima de tudo,
minha religião celebra o azul
- temos que celebrar o azul apesar das contas de iptu
e da taxa de incêndio duas vezes ao ano.

terça-feira, 2 de março de 2010

alice é filha do silêncio e quando todas as paredes ensurdecem, ela queima.

segunda-feira, 1 de março de 2010

diálogos V

- o que moldou a minha geração: coleção vagalume, castelo rá-tim-bum, jurassik park, caverna do dragão, capitão planeta, laços de família, sessão da tarde, a viagem da amiguinha à disney. graças a deus não tivemos marcelo rubens paiva. mas tivemos harry potter prometendo um mundo fantástico a quem fosse especial. nenhum de nós era.

ainda sobre cicatrizes

- essa cicatriz foi de quando tentei me depilar em casa, sozinha, pela primeira vez. a lâmina da gilete estava solta e fez esse rasgo. passa a mão para você ver.

Ele levantou o indicador direito: parecia um rio seco de carne na pele.

- é fundo.

- fiquei com tanta vergonha de chamar minha mãe – ou talvez não houvesse ninguém em casa -, e sentei embaixo do chuveiro esperando o sangue terminar de correr.

[ em um outro lugar, anos mais tarde, manuela iria se encontrar esperando a água correr, em outro chuveiro, não um qualquer, mas outro. ventava muito por ali. ]

Ele passou a mão pelo corpo, à procura de um passado interessante à altura de uma primeira depilação banhada em sangue.

- não tenho a ponta do dedo médio.

Ela pensou em replicar com uma piada, mas pouco fez além de levantar a sobrancelha.

Foi um homem, três anos atrás. Se conheceram, se amaram, dividiram o azul: mantiveram as bocas em segredo. Tinham medo – de si e dos outros -, tinham raiva – a maré estava tão cheia naquele verão -, tinham vergonha.

As paredes brancas muito brancas atingiram tal nível de claustrofobia que já não dava mais contar estrelas. Se antes Henrique transformava água em mar, agora era rio seco.

Um amanhecer, Eduardo decidiu parar de fumar. Sem adesivo nem nenhuma ilusão polishop – jogou tudo fora. Também quis ficar saudável e matriculou os dois na aula de squash.

Macho não lembra data nem ganha flor, mas Henrique sabia da terça-feira, oito de novembro de mil novecentos e noventa e oito – a.k.a. o ano em que todo mundo se fodeu -, 18º, São Paulo, de acordo com o Jornal Hoje. Foda-se a aula de squash: ficou em casa, abriu a garrafa de uísque e ligou o computador. O porteiro avisou que “aquele seu amigo” estava aqui.

Porque TODO MUNDO sabe. Ninguém comenta na cara. Mas por trás todo mundo é macho. Tem que saber. Tem que ter cu. Tem que ter cara. Não. Não é obrigação. Não é satisfação.

Foi uma vez só: a raquete levou a unha, a ponta do dedo e a garrafa. Era vagabunda, pelo menos. Henrique não foi ao hospital: virou pó de desejo, pó de sonho, pó de nada e o nada invadiu e tomou tudo, até o rio tietê. Waterloo foi aqui.

Ela o abraçou, mas por isso ele não precisava. Compaixão barata (obviamente omitiu o barata). Para resolver o silêncio, disse que a bunda dela era maravilhosa. Ambos sabiam da mentira. Mas decidiram acreditar naquela noite, como um pacto de cicatrizes. Como aqueles casamentos de Las Vegas que só valem em Las Vegas.
você.
invadiu a minha rua
pôs asas no meu telhado
como se fosse tudo
bem.

eu.
remendando sonhos
descobri haver no meu
baú
mais papéis seus
pintados de bocas cansadas
que papéis meus
escritos com as certezas em
azul.

daqui de cima vou soprando nuvens
para mesmo em vinte anos,
mesmo se nem saiba mais quem você é,
o nosso céu seja o mesmo

- ontem esqueci quem eu era
para me encontrar na sua voz.