segunda-feira, 29 de setembro de 2008

alguém por favor me explica o que está acontecendo com o cinema brasileiro, jesuiz? linha de passe vai do nada para lugar algum, última parada é ruinzinho, ruinzinho, a zebra do segundo semestre é bezerra de menezes, aquele filme cu da porra.

padilha em hollywood, meirelles na europa.

viver tá foda.

domingo, 28 de setembro de 2008

forever & ever, it's gonna be me running from you lovely delightful arms until I find that smile, oh what a smile, and fall on your couch.

why can't you be mine, she asked.

because i'm someone's, he answered.

for one minute, i forgot 'bout that.
a questão é que estou perdida, entende, presa em um curso que não tem nada a ver comigo, em um trabalho estressante e desprezível, onde tenho de aturar coisas que se fosse há dois anos, jamais aturaria, parada no sinal amarelo, sem saber se vou para frente ou se dou ré e amasso todos os carros; não havia problema em amassar os fuscas e celtas da vida, mas agora quem vai pagar o seguro? não o meu, mas o dos outros, claro, quando eu passar por cima de suas cabeças. se eu passar. e tudo vai desaguar em um hospital, em uma dessas esquinas-ladeiras da avenida paulista, mais uma dessas ruas de são paulo que brotam do nada e terminam em lugar algum, e eu ali, parada, segurando um controle remoto de um aparelho qualquer, em um espaço qualquer, tentando entender como diabos fui parar ali, sem nem ouvir a qualquer filosofia barata que tentavam me vender sobre a crise americana. eu sei que a cidade é grande e fria, mas de uns tempos para cá ando querendo me perder, sabe? levo a impressão que no rio de janeiro me acharam.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

caro deus: são onze e meia da noite de uma quinta-feira, eu preciso arrumar minha mala, tá fazendo frio pra caralho em são paulo, preciso gravar o vídeo com as fotos & a música do lou, preciso jogar essa tonelada de jornal fora, ou dar pra alguém que queira de cobertor, sei lá, eu usava vestido de jornal quando tinha seis anos e gostava de sair pelada pela casa, mas acima de tudo preciso dormir, caro deus, dormir.

mas estou aqui, sentada com a porra dessa bunda na merda dessa cadeira de yuppie direto de Wall Street criando personagens para um trabalho pedante da porra. cansei de faculdade, adeus.


deus responde: dorme no ônibus pra são paulo, filha. dorme.

domingo, 21 de setembro de 2008

o novo cd do camelo é uma cópia barata do chico buarque nos anos 70.

que pena.

sábado, 20 de setembro de 2008

liguei pra você outro dia, mas alguém me disse que você estava viajando, pensei talvez você já tivesse voltado de viagem, vejo que não, mas ainda assim eu precisava falar contigo, sabe? essa é uma daquelas noites indormíveis, quando uma angústia me trava o pescoço, às vezes até ponho a palma da mão na frente da boca para me certificar que estou respirando, ah, você vai rir quando ouvir essa mensagem, mas eu precisava falar com alguém, e você foi a pessoa em que eu sempre penso nessas horas, essas vontades estranhas de desabafar com alguém - outro dia estava passando pela floricultura e vi umas rosas azuis, e cara, rá rá rá, como eu ri vendo aquilo, eu era tão inocente, lembra? eu achava que realmente existiam rosas azuis no mundo, rá rá rá, e você veio e me olhou, esbugalhou os olhos, aliás, daquele jeito só seu, e eu me senti tão patética de ser a única pessoa no mundo a não saber que eles pintavam - e como está paris? aqui as coisas estão frias, descobri um novo bar, você vai adorar quando chegar, óbvio que é não como paris, mas é um bar, e aposto que em paris não há companheiros de bar como os daqui - mas sabe o que é, mesmo? essa coisa de não conseguir dormir acaba comigo, é um turbilhão de pensamentos, círculos de pensamentos que vão e voltam, ainda bem, não sou espírita, senão diria que são espíritos me perseguindo, e, ah, eu fico pensando se as outras pessoas vivem melhor do que eu, não no sentido babaca da coisa, mas de viver melhor, entende? no sentido de não ter dúvidas sobre - eu acordo todos os dias e me pergunto se eu sei viver, não exatamente não saber viver, mas para onde estou indo, compreende? não pode ser apenas isso, seria tão estúpido e ridículo crer que eu sou mais importante que qualquer - não, ainda não é isso que quero dizer, não vou entrar numa estúpida conversa sartre-simone, isso não cabe mais, né, já deu, perdemos muitas horas muitas madrugadas muitas vidas falando sobre isso - olha já ia cair de novo -, mas sabe acho que não consigo sentir mais nada, a não ser o vento me carregando para o dia seguinte, e creio que se dormisse e não acordasse mais, não faria falta - não é um ataque suicida, claro que não, veja bem, é apenas dormir, dormir, como um conto de fadas, eternamente, sem sentir dor, você entende? claro que entende, você sempre entende tudo, espera a secretária está avisando que vai acabar o tempo, eu ainda tenho tanta coisa pra te dizer, espera - você sabe viver?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

As pessoas ainda insistem em confundir cinema com romance-em-imagens. Literatura e cinema são duas linguagens completamente diferentes - e que bom ser assim, cada qual com sua especificidade e seu léxico. A genialidade de uma adaptação literária está no roteirista e no diretor entenderem qual o propósito daquela obra e transportarem para outra linguagem sem perder de vista o sumo inicial. Muitos, mas muitos mesmo, diretores caem na esparrela de simplesmente copiar o texto inicial, apagando passagens. O resultado é um bando de espectadores frustrados que saem do cinema com a frase: "o livro é muito melhor que o filme".

No caso de Ensaio sobre a Cegueira, esta é a visão do roteirista Don McKellar (que também atua como o ladrão, o que rouba o primeiro cego) e de Meirelles sobre o livro. Se eu quisesse ver - VER, estamos tratando de cinema, não de literatura - a idéia de Saramago sobre sua obra, eu dava uma câmera e US$ 10 milhões para ele.

O livro é mais cruel, nojento e pessimista que o filme? Sim. O espírito final do Ensaio é que a solidariedade entre as pessoas pode superar os instintos animalescos - a visão de Meirelles acerca do livro. Se os direitos fossem entregues a Danny Boyle, por exemplo, o diretor de Trainspotting e Extermínio, extremamente niilista, sem nenhuma crença no ser humano, muito menos em sua redenção, centraria sua câmera na violência e no pessismo. Sem qualquer esperança.

Além disso, Meirelles respeita o público ao não expor de maneira pornográfica os excrementos, a sujeira e o estupro coletivo. As cenas estão lá, a ação está lá - mas fotografada e dirigida de maneira ao público imaginar o pior. Ele não entrega de bandeja, ele mexe com a imaginação de cada um - um cinema inteligente, finalmente.

Abraços,

L.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

i understand all this mess running around at my windows, 'cause it's the original purpose of a storm - being it with all strenght it can get. what i cannot and may never not be able to explain is how, every single time, i fall right into the arms of a rain.

domingo, 7 de setembro de 2008

domingo: tomar café da manhã no CCBB, rever a exposição da Clarice, andar até o Odeon, ver um filminho bacana, tomar um café lendo o jornal e voltar pra casa.

ah, como é bom.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A solidão é dura e cortante como esse vento frio do Rio de Janeiro, que rasga a pele e se encontra no meu peito nu coberto parcamente por um pano preto. Dura e irresistível: o estar sozinha torna-se não mais uma condição, mas um estado vicioso. Pelo medo. Medo dos outros até, mas particularmente medo de mim - bicho retraído, acuado. Faz frio no Rio de Janeiro - frio como nunca senti, sou de cima, onde todas as noites são quentes. Era bicho de expansão, transformei-me em bicho calado. viver é um desejo renovado a cada manhã, mas estranhamente tenho tido muita dificuldade para dormir. dentro de mim cabe o mundo, mas anteontem não consegui abraçar minhas pernas. talvez seja um problema da água.


e do sol de classe média.