terça-feira, 27 de novembro de 2012

desisto de contar gaivotas.

recolho-me à passividade dos desesperançados.

passividade - vem de paixão, sabia? respirar aos poucos, um espasmo de cada vez.

tenho miniaturas de casas holandesas, gatos, vacas, elefantes, um trompetista e uma caixa musical. (toca mozart). procuro fugir do óbvio com miniaturas de animais: um dia terei meu zoológico particular na entrada de casa. uma galinha seguida de um dom quixote.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

tríptico

sob palavras, vejo-te
corpo exposto
à mesa

cobrimos de vidro
e sal
chamamos casa
nos inundamos de
mar

entretanto, luz.


****

esqueço-me da noite quando em ti

percorro a casa vazia
a te procurar
atenta aos sinais mais absurdos

às obsessões clandestinas que
nos uniram quando
do instante

os braços doem.

decido parar de contar
gaivotas.

depois paro e penso
(no teu mar)


****

sintoma das gaivotas


das ondas,
a inevitável diferença entre
o assombro
e a sublime experiência
do infinito.

carrego de instante os bolsos

as mãos trafegam, não
sem ardor,  pelas linhas
do teu mar

agora, observe.

vê o esmorecer do vermelho junto ao
cais?

as aves soçobram o tempo e
gritam:

domingo, 18 de novembro de 2012

tenho o sintoma das gaivotas

trazem com as ondas
a inevitável diferença entre
o assombro e a sublime experiência do infinito

carrego de instante os bolsos
onde as minhas mãos trafegam
- não sem ardor -
pelas linhas do teu mar

agora, observe.

vê o esmorecer do vermelho junto ao cais?
agosto não é mais como queríamos

as aves soçobram o tempo e
dizem:

vem.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

estou em dias de agonia. corro e ardo, jogando os braços contra a parede à espera de. não há azul, não há azul, não há azul - seria o maremoto se anunciando? creio que não: creio ser, afinal, mais do mesmo. círculos em torno do amarelo-ocre, o espaldar de um mil novecentos e setenta e sete. atraso-me por não conseguir levantar: a rua arrefece enquanto as mãos, nuas, reconstruem o oceano. de todas as janelas, as vermelhas. tenho saudades de ricardo, o que percorreu estradas - gostava de tocar a sua liberdade. não, poesia não se faz com o fígado. poesia arranca - e não há garganta que a faça parar.

domingo, 4 de novembro de 2012

tarefas para segunda-feira

alimentar os
elefantes da sala
levar as cartas aos correios
(já com os selos lambidos)
não temer o azul
lá fora
lavar os pés com a água
d'após o abismo
desconfiar
da eletricidade
abrir o instante e
da ponta da faca
abrir-me