sábado, 31 de maio de 2008

bizar world

estava eu na fatídica aula de espanhol aos sábados, nove horas da manhã, querendo assassinar-me pela estúpida idéia de preencher as manhãs vazias, quando a professora resolve discutir diferenças culturais. a pauta do dia são os cariocas imporem limites à intimidade excessiva dos baianos e mineiros. engraçado... se fosse em um certo tempo atrás - não, não sei precisar quando os dias se passaram -, eu concordaria em gênero, número e grau, e ainda diria mais! vergonha de ser baiana, não nasci lá, não. deve ser alguma coisa da água estragada de laranjeiras, porque ericei os pêlos, pronta pra soltar toda a verve em defesa dos baianos - não, não somos dados nem inconvenientes, vocês, cariocas, que são grossos e malandros. isso em pensamento, claro. eram nove alunos, eu poderia apanhar e não estava preparada para isso; imagine, receber a primeira surra da minha vida por defender a bahia. bizaaaaaaaaaaaaaaaar. respirei fundo, cantarolei alguns versos do ike & tina, e me peguei pensando se a distância conseguiu limpar os pecados daquela terra infeliz.de fato, não. uns cinco minutos tentando pensar em alguma coisa naquela cidade palatável, e... nada. mas os pêlos foram eriçados muito facilmente... bizaaaaaaaaaaaaaaaaaaar.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

poesia nossa de cada dia

- alguém tem uma caneta para me emprestar?

- vou te dar minha caneta que vem com uma bússola, para quando você quiser sumir, depois se achar.

domingo, 18 de maio de 2008

974 dias para a libertação.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

totaaaaaaal saco cheio de gente que não tem mais o que hacer de sus vidas e fica falando da alheia, no caso, da minha. vamos lá, gente, eu não sou tão interessante assim. sou mó simples, tenho dois gatos, um trabalhinho de merda, escrevo umas coisas aqui, publico acolá. não precisa gastar tanto tempo do seu dia inventando coisas a meu respeito. vai trabalhar, vagabundo. mind your fucking business que eu tô aqui, ralando, cuidando das minhas. as coisas escritas aqui NÃO NECESSARIAMENTE tem a ver com a realidade, valeu?

estou farta de sociopatas sem tratamento adequado procurando ajustar sua ilusória felicidade às minhas costas. vai procurar o que fazer.

passar bem.

se me permitem,

"Quanto a Ema, não se interrogava para saber se o amava. O amor, no seu entender, devia surgir de repente, com ruídos e fulgurações, tempestade dos céus que cai sobre a vida e a revolve, arranca as vontades como folhas e arrebata para o abismo o coração inteiro. Ela não sabia que nos terraços das casas a chuva forma poças quando as calha estão entupidas, de maneira que se pôs de sobreaviso, até que subitamente descobriu uma fenda na parede".

Madame Bovary, Flaubert.

terça-feira, 13 de maio de 2008

uma fábula em dias de sol

os deuses incas reverberaram, com suas vozes metálicas, bons tempos de colheita. alguns poucos dias de devoção, afinal, o homem deve reconhecer sua existência servil e curvar-se à vontade do destino. ou dos deuses, o que é basicamente a mesma coisa. alguns camponeses, contudo, revoltaram-se com tal condição: onde já se viu ter toda a vida governada por esse malditos anciões? vou mais é arrumar minhas tralhas, encher com um pouco de milho e mais um pouco de cachaça. gastar essas botas furadas e encontrar alguma coisa pelo caminho. os deuses, obviamente, ficaram furiosos - faz parte da condição natural de ser deus a fúria -, queimaram a casa dos camponeses e engravidaram as mulheres. quem agora teria coragem de insurgir os grandes incas? um desses mirrado, que ninguém presta muita atenção por ser baixo e feio, e não muito esperto, estava de saco cheio da esposa que não sabia cozinhar, arrumou umas galochas velhas e partiu. foi ser pescador na bahia.

domingo, 11 de maio de 2008

Luiza, na cama, sentia-se tão só. Antigamente, chegava a doer; hoje, já se acostumou. Espera pacientemente o andar das horas, até vir o sono e conseguir dormir para um outro dia no qual, provavelmente, nada acontecerá. Na verdade, não pode dizer que se acostumou à solidão, porque isso não acontece com ninguém, é uma mentira, uma grande ilusão, mas pode sim, de boca aberta, dizer que ela não mais incomoda tanto - e de certa forma, necessita-a. Está tão incrustada em Luiza que já não concebe um tempo sem espaços vazios. Provavelmente por isso adotou livros. Eles não falam, mas precisam do seu amor como precisa do carinho deles, encostados ao seu dorso. Tem saudade do tempo em que dizia não acreditar em nada, quando acreditava em tudo; e agora, provado o veneno, é amargo soltar tais palavras. A língua dói. Quem inventou essa história do amor ser uma doação é um idiota. O amor é estupro. Rasga toda pele, e ainda pior, devasta a alma. Sem deixar considerações finais. Nem ao mesmo um epitáfio. Tinha pensado, há duas semanas, em parar de fumar, mas o cigarro dá um prazer inigualável - convenhamos, se a vida não oferece isso, há de buscar em uma nova fonte. Viver sem algum tipo de prazer mundano, isso é impossível. Conhece muitas pessoas adeptas dessa prática satânica, mas você conhece esses rostos cheios de sulcos e sorrisos esgarçados - eles não são bonitos; talvez como quadros cubistas.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

não consigo dormir há três dias; deve ser o meu cosmos mal influenciado por urano entrando na quinta casa (não sei o que isso significa; minha mãe, sim, ela é astróloga). reviro-me no lençol azul, estabelecendo contato com músicas antigas, personagens da idade média e vizinhos desavergonhados. também tento uma comunicação com as partes íntimas do meu cérebro, mas elas não estão a fim de muito papo esses dias - as feridas ainda não cicatrizaram. tentei ver um filme anteontem, mas, oh paradoxo, a tela 14' irrita, a maior especulada por mamãe me agonia. voltei para o lençol azul e os contatos de quinto grau com personagens da frança, século XVII. ou até de salvador, típicos trovadores medievais querendo estabelecer contato à força. sorry, but no. sou desejosa. de quê, pergunta maria antonieta em forma de gato, e pior, em uma nova versão masculina, mas ainda com acessos de futilidade. de perigo. essas quatro paredes até que são interessantes quando o problema não é com elas, já que são quatro paredes feitas para serem nada mais que quatro paredes; e a cidade, fazer o quê dela? transformou-em duas paredes: ida e volta.