domingo, 29 de junho de 2008

nunca topei listas; sempre enchia o saco no meio e largava, ia fazer qualquer outra coisa - desligue sua lista e vá ler um livro - hehe. piadinha de domingo.

e ontem surgiu isso. listas. cem coisas para fazer em mil dias. complicado. não tenho dinheiro e quero coisas demais. aí eu lembrei de uma outra lista, abandonadíssima, de coisas para fazer antes dos trinta.

panz.

primeiro, pensei que não tinha nada para preencher o papel e me assustei. um grito até foi ouvido na rua das laranjeiras. baixinho, porque hoje é domingo e afins. mas não é isso.

há o péssimo defeito na minha pessoa de não cumprir nada que esteja escrito abaixo de um título COISAS PARA FAZER. total seicho-no-iê, força das palavras, tudo isso. rebelo-me na hora.

eu queria entrar numa banda de rock. oh, yeah. mas como isso não é possível - vejo-me interessada em uma, não vejo uma interessada em moi -, contento-me em ser playback da tina turner.

deixar o cabelo crescer pode ser uma meta. bah, quem eu quero enganar - eu não vou cumprir só de birra.

o torpor de cada um de nós consiste em negar teorias diariamente. queéisso, vou pegar meu sax e sumir por uns tempos.

quem dera.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

- por que eu tenho a constante sensação que todas as pessoas têm uma vida melhor que a minha?

- talvez porque realmente tenham.

domingo, 22 de junho de 2008

who knows?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Querida Nina,

O vento de repente tornou-se seco. Mudou a estação, só pode ser. Algo muito comum aqui no Rio de Janeiro: acordar verão, crepuscular inverno. Amanheceu seco principalmente porque assim ele foi comigo. Respondeu à minha mensagem cheia de amor com um simples "combinado". Começou a chover agora, mas estou com calor. A luz dos postes diminuiu, os carros passam ávidos por casa, cama e cobertor - ei, são duas horas da tarde ainda. É o mundo me dizendo em sua língua de raios, trovões, ventos e chuvas que estou no fim - bati em um muro; não há mais volta.

A realidade é que o clima muda o tempo todo, os ventos vão e vêm em suas inúmeras correntes quentes e frias, e as marés, bem, ninguém nunca sabe aonde as marés vão dessa vez, e veja bem, eu sempre acreditei muito nesses sinais que o mundo deixa por aqui e por acolá, afinal, se você não pode confiar no seu vizinho - ou qualquer vizinho -, a única alternativa é acreditar no imaterial. Há muito desisti de crer em qualquer coisa capaz de falar em minha língua ou em qualquer outra, e principalmente, capaz de sorrir. Um sorriso é o pior inimigo: capaz de mentir sem pronunciar uma única palavra.

Minha querida Nina, o tempo está para morangos, como nosso CFA premeditou. Fico repassando fotos e mais fotos, tentando extrair delas um elixir da felicidade, sabe? um líquido azul e brilhante que me transporte apenas para o momento exato do clique, o momento feliz, de dentes altos e brancos. não vou falar de ninguém mais, mas estou sempre indo atrás de uma felicidade falsa, estampada em papel fotografia 15x21, presa em segundos.

(queimei todas as cartas de amor e me mordo quando surge a vontade de escrever uma nova. até agora, não perdi um dedo.)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

do professor de estética:

"l., super legal, você tem uma leitura rápida e eficiente e muito boa, e você escreve muito bem suas idéias nos resumos. você maneja bem pacas esse negócio de 'expressão e linguagem', que, na minha ótica (estética), é uma forma de arte! e das mais difíceis!"



obrigada por puxar minha auto-estima lá do abismo.

domingo, 15 de junho de 2008

a vida vai e vem, e o que não era para ser meu não era e ponto final. não adianta chorar - minhas lágrimas são caras demais para serem jogadas no chão por algo tão pequeno. amanhã é segunda, depois é terça, depois é doismilenove; eu sempre terei vocês, nina, gui, lou; o que é meu ninguém tira. o resto, eu vou levando.

mais nova, me incomodaria mais. a maturidade me deu windows media player, soulseek e marlboro para agüentar as perdas. e os danos. erguendo o queixo e empinando o nariz como só eu sei fazer; ah que saudade daquele piercing no nariz, talvez eu até bote de novo, só para ter o secreto prazer de ver a argolinha brilhando enquanto eu peço mais uma cerveja. estamos sempre aí, amigo. vida que vai, que vem.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

aqui no trabalho, aqui na faculdade, aqui na VIDA, vamos assim resumir, eu sou conhecida como a garota da bolsa aberta. minhas bolsas estão sempre escancaradas e geralmente com algum papel saltando para o mundo, meio em posição de bebê. e as pessoas do trabalho, da faculdade, da VIDA, vamos assim resumir, acham isso um absurdo. uma completa falta de privacidade, uma atitude quase pornográfica, chamem os seguranças, a menina deixou a bolsa aberta!

eu não vejo nada demais. mesmo.

vamos pôr desse jeito: se a moda mora na Fifth Avenue, eu tenho uma casa no Bronx. não uso aquelas bolsas enormes a tiracolo que parecem estar prontas para engolir a dona, o cachorro, a mãe da dona e sua conta astronômica de cartão de crédito. minhas bolsas são pequenas até. therefore, comportam pequenas coisas como cigarros, papéis, canetas, pen drive. elementos pornográficos, veja bem.

e outra coisa. eu sou desleixada por natureza - deve ser coisa de baiano, encarar qualquer lugar em que permaneça por mais de trinta minutos como seu -, e eu já considero minha minisalasemjanela uma parte de mim, o meu cantinho, onde meus amiguinhos vêm me encontrar pela manhã quando estão sem nada para fazer. e venhamos e convenhamos que na sua casa você deixa a bolsa aberta. ora bolas. ou você imagina que nem dentro de casa está protegido?

agora. invasão de privacidade meu orifício anal. ligar para o celular de X e perguntar, como se fosse a coisa mais normal do mundo: onde você está? fazendo o quê? invasão de privacidade SIM. deixar a bolsa aberta. invasão de privacidade não. ligar a sua fucking webcam no meu emessiene. invasão de privacidade SIM. deixar a bolsa aberta NÃO. sabe por quê? - além do fato já mencionado de não existir nada demais no meu pobre acessório - eu não estou esfregando minha vida na sua. quem pega um binóculo para tentar descobrir o que está escrito no papel histérico emergindo da minha sacola é um PSICO, procure tratamento. mas não me acuse de invadir a sua privacidade.

terça-feira, 10 de junho de 2008

há quem diga que eu não sei de nada
que eu não sou de nada e não peço desculpas
que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira
e que Durango Kid quase me pegou
eu quero é botar meu bloco na rua.


e assim o ano vai passando
como um tango ruim deslizando pelo salão
sem compasso certo
sobreviveremos ao tango, como
a quase tudo: a cerveja quente,
o beijo mal dado,
o tempo finito.

domingo, 8 de junho de 2008

CENA 1

(Escuro. A luz aparece lentamente, revelando duas mesas e um balcão de bar. Em uma delas, à esquerda, estão sentados dois homens: o primeiro mais velho e o segundo, um tanto garoto. Na mesa seguinte, uma mulher está deitada em cima do braço. Benny está limpando o balcão, com sono e um tanto mal-humorado. Ouve-se um jazz muito baixo).

DAVIS: Não se faz mais música como antigamente.

BLAKEY: O que você está dizendo? Que música?

DAVIS: Essa música. Não está ouvindo? Olha esse piano... Ninguém mais toca o piano. Virou peça de museu.

BLAKEY: Benny! Aumenta a música.

BENNY: (ainda limpando o balcão) Não dá, Blakey. A noite tá acabando, e além disso, a moça aqui está dormindo.

BLAKEY: Moça? Que moça?

DAVIS: Atrás de você.

BLAKEY: O que ela está fazendo aqui essa hora, Benny? Não apareceu ninguém para levá-la em casa?

BENNY: Chegou sozinha, a noite inteira bebeu sozinha, sozinha dormiu na mesa.

DAVIS: Há algo de muito estranho no mundo quando uma mulher dorme sozinha em um bar.

BLAKEY: Você não acha melhor acordá-la, Benny?

DAVIS: Daqui a pouco, isso aqui fecha. Vai deixar a moça sozinha aqui?

BENNY: Não sei ainda.

BLAKEY: Você pode deixá-la dormir... Se ela acordar, ela te chama. (ironicamente) Você não vai a lugar algum, não é, Benny?

BENNY: A minha vida não é de sua conta, Blakey.

DAVIS: Calma, Benny. O garoto só deu uma sugestão.

BENNY: O seu gosto para garotos sempre foi péssimo, Davis. Bêbados e arrogantes.

DAVIS: São os mais fáceis, meu querido Benny. Os mais fáceis.

(Mulher levanta a cabeça)

SONIA: Onde estou?

BLAKEY: (vira-se) O dono disso é aquele ali, ó.

BENNY: A senhora quer uma água?

SONIA (um pouco assustada): Não, não... Tenho que ir, voltar, antes que o dia amanheça. (tenta levantar da cadeira, mas não consegue)

BENNY: A senhora bebeu muito, a água vai melhorar.

(Benny sai)

BLAKEY: Você não tem marido?

DAVIS: Blakey, comporte-se.

SONIA: Eu... Não... Quer dizer, tinha.

BLAKEY: Tem ou tinha?

DAVIS: Blakey, deixe a mulher em paz!

SONIA: (falando sozinha) Tinha, tenho... Não sei... (começa a chorar)

(Benny volta com a água)

BENNY: Sua água.

(Sonia empurra o copo)

SONIA: Não, nada... Nada vai me fazer melhor. (Benny volta a limpar o balcão)

BLAKEY: Teu marido te abandonou, foi?

DAVIS: A senhora não precisa responder se não quiser.

SONIA: (explode) Eu tive que matá-lo!

(As luzes se apagam)
flamengo é um bairro estranho, muy raro.

sem vontade alguma de sair, enfiei uma blusa branca com o taz enorme estampado no peito, uma calça jeans e rumei ao lamas. desci no ponto: duas vermelhas velas. questão de cinco segundos: estou em salvador, onde as pessoas deixam pratinhos para exú? mas isso não é uma encruzilhada e não estou vendo nenhum mato pelas redondezas. melhor seguir reto. logo depois, uma feira humana noturna. quatro homens, side by side, cada qual carregando sua parte neste latifúndio: batatas, bananas, maçãs e laranjas. sacos enormes. quilos e quilos. levando para uma terceira dimensão, só pode ser.

no lamas, um casal de recifenses, recém-chegados ao rio de janeiro. de ônibus. ele bebia chopp e comia a terrível empada de sopro do balcão. ela pediu um suco de menta com laranja e queijo minas no pão integral. discutiam aonde iriam dormir. e o lindo futuro pela frente, agora que chegaram na cidade grande. não sei qual o pior: vir para o rio e não ter onde cair morto ou viver em recife, aquela cidade com cheiro de mijo. para a mocinha do pão integral (no lamas! pão integral no balcão do lamas!), as luzes do rio são as mais bonitas do mundo inteiro. fui embora sem saber o resultado da conversa. cruzei com dois travestis montados dos pés à cabeça saindo do mcdonald's - iam andando, em um salto altíssimo, até a praia. eu não consigo me equilibrar num salto daquele. muito menos andar uma rua inteira. uma pontada de inveja.

no supermercado vinte e quatro horas - estava com insônia, geladeira vazia, uma lata de pringles sempre vale a pena -, habituais personagens: os amigos de rua, que todos os dias juntam os dez centavos jogados no largo e compram a caninha de um e cinqüenta. chegam bêbados. passam o dia dormindo, de ressaca do alambique, para acordar à noite, beber mais e ir comprar a outra. outros habituais: o casal de botânicos que compra flores para brincar de laboratório caseiro. já encontrei com eles duas, três vezes. têm predileção por margaridas.

e sempre há a mesma personagem - a cada noite, porém, com uma nova atriz: a dona-de-casa da madrugada. ela faz as compras do mês às duas e meia da manhã sem filhos birrentos, sem marido beberrão, sem celular tocando. o supermercado inteiro, só para ela.
estranha fauna, essa do flamengo.

terça-feira, 3 de junho de 2008

tenho uma raiva para com pessoas enamoradas de regras. tudo é regra. há que seguir as regras, senão elas vêm puxar nossos pés quando estivermos dormindo. fuuuh. sem paciência.

pausa para frase de efeito.

regras existem para serem quebradas, ôu!

fim da pausa para frase de efeito.

ainda mais em uma faculdade de comunicação. se os modelos não forem invertidos, recortados, encurralados, soterrados, renascidos, o terreno fica árido. e aquele deserto enorme, recheado de pontos exatamente iguais. que grande chatice.

jornalistas da gávea, uni-vos! vamos ali no departamento de engenharia robótica ver o pessoal se matando para quebrar um paradigma. estou de saco cheio de ouvir a mesma indagação, de olhos apavorados todos os dias: "mas isso não é ousado demais? não infrigiremos as regras?"

e olha que isso são trabalhos de faculdade, não é a vida real.

tsc tsc tsc.

domingo, 1 de junho de 2008

solidão não é um problema para mim; consigo me virar com os livros e os filmes, e afinal de contas, a minha companhia não é tão ruim assim para ir ao CCBB ver a nova exposição.

o impossível de agüentar é a drástica combinação: domingo + chuva + computador quebrado. sem nada alcóolico na geladeira, sem coragem de comprar a velha boa dupla cabernet & marlboro nesse cair de água desgraçado; já li e reli a piauí desse mês, cansei do ike & tina, revirei meus cds procurando aquele cd da billie holiday, para me tocar, uma hora depois, que esse disco já voou há muito tempo, quando ainda fazia aulas de inglês para ser uma boa professorinha caso não conseguisse arrumar nenhum emprego, e um maldito de um professor de nova york apaixonado pela bahia - vá entender - me pediu a porcaria do cd emprestado. em troca, a gravação ao vivo de um dos últimos shows do chet baker. ok, ok, emprestado. fui uma boa menina - copiei o cd, devolvi na última aula, e oh my fucking god! i'm so sorry, letísiiiiia, i'll give you back next week, give me your e-mail. ingenuidade mandou lembrança, uma cesta de páscoa e um murro na orelha.

a solução - não, enlouquecer não é uma alternativa válida - seria ligar para pessoas conhecidas e implorar - sutilmente, sempre sutilmente - para tomar um chopp escuro no fim de tarde deste domingo. um quer ficar sozinho. outro não pode falar. o terceiro - nem há terceiro, a regra desses vinte anos é quando uma coisa dá errado duas vezes nem adianta limpar a agulha; a solução é trocar o disco mesmo.

coloquei o melhor cachecol - a bem da verdade, o único habitando meu armário -, a camisa com a manga mais longa, enfrentei os bueiros de laranjeiras - sim, toda chuva os bueiros se abrem, como que para engolir a terra -, e vim para a lan house. maldita vida de lan house. queria ligar o som no máximo para ouvir essa nova banda do meu amigo, alphamobile, e cara! como eles fazem um blues legaaaaaaaal, gostoso, maneiro. agora todas essas novas bandinhas querem tocar mpb, botar umas cantoras magrinhas fazendo sambinha - coé, tô de saco cheio disso. quero ver fazer um rock sujo, bêbado e caído pelas tabelas e em português. tô sentadinha ali, ó, esperando.

mas não dá, né. tem uma criancinha aqui. e clientes - provavelmente eles não iriam gostar se eu colocasse umas blueszeira em pleno domingo de chuva no volume máximo. ah, computador, como faz falta você.

*e caso você, sim, VOCÊ, queira tomar um chopp, estamos aí. celular serve pra isso.