sábado, 26 de maio de 2012

quero escrever um poema
que me calle a alma
como calam os portugueses

um poema simples em que todas as palavras acintem a  mulher a
tire para dançar

em que os versos sejam livres e dancem toda noite adentro e que esqueçam
dos pés esqueçam dos lábios esqueçam de mim

sexta-feira, 18 de maio de 2012

a tua fidelidade
pertence tão somente
ao mar
dou voltas em torno de mim
para te encontrar

sexta-feira, 11 de maio de 2012

os peixes-surdos do mar
proclamaram hoje
a república:

viva o silêncio
gritaram
nãoqueroteubarco,não,moço

                        - minha pescaria é de joelhos
ah, esse algo que chamamos amor - o que fazemos com isso?

bananais.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

talvez seja mesmo caso de internação.

a menina dos olhos de anágua leva o caderno rosa em uma mão. na outra, acerta a trança.

terça-feira, 8 de maio de 2012

você não tem que ser bom

você não tem que atravessar o deserto
de joelhos
murmurando
                          eu sou o mar

você precisa apenas deixar o cavalo
correr solto
amar o que seja
            
                   amar como seja

                                                                [venha.

me conte das tuas dores
das tuas noites sem dormir
do ouro da tua pele
- arde
e arranca

te conto da minha escuridão

viver apesar de
viver esquecendo de
viver à revelia de

enquanto o mundo persiste em ser mundo

enquanto o sol e as frágeis gotas de chuva
avançam sobre a lagoa
sobre a areia
sobre o asfalto
sobre mim e sobre você
sobre os rostos que tremulam em
velhas fotografias

enquanto os pássaros
tolos e selvagens
mais uma vez voltam para casa
sob imenso céu azul

quem quer você seja
tão envidraçado esteja
o mundo se oferece
cão vadio a teus pés

te chama
como aos

tolos e selvagens
pássaros
te grita
conduz cada coisa
                     a seu lugar


(à tua volta tudo canta
tudo desconhece)