quinta-feira, 26 de abril de 2007

medos.

tenho medo de :

a) ficar uma velhinha chata e gorda;
b) ficar uma cinquentona à devoradora de menininhos;
c) sobreviver por mais de 40 anos;
d) perder a bolsa da PUC;
e) ser devorada por um elefante gigantesco.



e só.

domingo, 22 de abril de 2007

divagações sobre ben kweller.

Ben Kweller preenche todas as minhas tardes vazias e as minhas noites de domingo fazendo trabalho. Queria conhecê-lo, talvez ser sua namorada. Ficaria que nem um poodle, babando em seu all star vermelho, enquanto ele tocava algumas músicas novas e outras versões antigas em seu violão. Outro dia, eu li, em algum dos meus módulos de comunicação - palavra estranha essa, né, comunicóloga - prefiro cineasta - que da década de 80 pra cá, a palavra mais usada na literatura (e os blogs estão incluindo nesse balaio de gato) é EU. No livro de marketing do Philip Kotler ele diz a mesma coisa, e orienta as empresas a aproveitarem o narcisismo exacerbado da sociedade; claro que estamos falando dos EUA, e narcisismo exacerbado é com eles mesmos, mas de qualquer jeito, isso virou uma tendência natural. E já que é pra falar mesmo, vou abrir a boca: na discussão semana passada sobre comodismo, cheguei à uma boa conclusão: que neguinho tem medo mesmo é de fazer. E, zezuz, como isso se aplica aos homens que conheço. Homem é a criatura mais covarde que eu já vi; têm medo de se envolver, de não se envolver, de perder, de não ser bem visto - claro que nenhum deles diz que tem medo, porra essa, ia pegar mal. Falando em pessoas - ainda, o material de todos os meus escritos e divagações é sempre o ser humano - cheguei à outra conclusão: há merda na água de salvador. As pessoas que bebem dessa água ficam acéfalas e ignóbias, e só repetem o componente da água. Desisti de me importar com essas pessoas: se elas não se importam comigo, quem vai se importar? Cansei de pintar minhas unhas de vermelho quando eu gosto mesmo é de café. Alguém (sempre é alguém, nunca checo minhas fontes, ai ai) uma vez disse que o bom escritor nunca se livra da influência da sua cidade natal; talvez seja isso, maybe not, porque nunca se deve confiar em frases de efeitos de escritores, mas salvador deve ter alguma merda de cordão umbilical que não consigo soltar. Enfim. Imagino o Ben Kweller, com seu all star verde (não era vermelho?) em um algum bar, com amigos, falando sobre música e mulheres, observando as pessoas - pra mim, ele tem cara de beberrão. (Outro dia, me disseram que eu era obcecada por cerveja. Estou ainda tentando entender se isso foi um elogio ou uma crítica). I know what you want, you want a piece of me... E o que mais me interessa nele é essa voz mais velha. Adoro voz. Me apaixono por alguém se este tiver uma voz interessante, zexy, meio assim, sabe? Não sei descrever - como se descreve uma voz, hein? E acho muito interessante o fato dele retomar fatos do Sha Sha em On My Way, parece que ele tá conversando com a pessoa que tá ouvindo o cd, dizendo: 'oh, man, do ya remember what i was talkin' about? that's was this shit.' Something like that. A Charlotte é a personagem de cinema mais discutida há uns 5 anos. A ju diz que é porque a juventude anda muito confortably numb e a Charlotte espalha isso na cara de todo mundo. Não sei. Não vou entrar numa de discutí-la - mais uma, oh, deus - mas, eu acho ela válida. E acho ela muito bem construída; falando em termos de roteiro mesmo, eu tenho um rol de personagens feminina mal construídas para caralho, com frases prontas e o cacete. E ela não. E no roteiro original, ela era filha de um diplomota, e tinha viajado a vida toda - essa era a definição da Coppola para a eterna solidão da garota de Yale. Ainda bem que ela cortou isso. Ficaria simples demais. A juventude é tão confortably numb que acende isqueiro no show do Roger Waters, escreve no porquinho inflável fantástico e depois vai pra casa - pagou 70 conto no show. Não é discurso socialista, não, caro, é só constatação. Fato, sabe cumé? Acho que decidi ser cineasta para provar a todos que eles estão errados: todos os personagens existem, sim.

dúran, estudantes de cinema e jorge furtado.

Ando de bastante saco cheio desses cineastas e estudantes de cinema - e zezus, como há estudantes de cinema assim no Rio de Janeiro - que abrem a boca para falar receitas de strogonoff achando que estão falando de cinema. "Strognoff cuscuz discurso hipotético, eu acho que a secundariedade da linearidade do discurso inconstitucional gera um carpaccio incosciente." Minha gente, minha gente... Em vez de ficar teorizando sobre o parafuso da rebobina do negativo C5, vamos pensar em termos práticos. Vamos fazer cinema, e de preferência cinema brasileiro, minha gente.

Eu me surpreendi - e como estava precisando de surpresas boas - com o Jorge Dúran. Um homem extremamente inteligente, um cineasta compreensível, que não tem medo de dizer: "Não sei o que quis dizer com o final do meu filme. Eu sei o que quis dizer para mim - mas o que quis dizer para você?" e que está muito interessado e retratar a juventude brasileira como ela é, sem aquelas estereótipos jorge furtado & novelas da rede globo. O Paulo, o personagem de Caio Blat em Proibido Proibir é extremamente bem escrito. E eu já vi tantos Paulos por aí - por quê será que demorou TANTO para alguém (e que não é brasileiro, hein, minha gente!) escrever o jovem brasileiro? Vergonha? Falta de conhecimento? O Dúran disse que, por ser professor e estar no ambiente acadêmico há tanto tempo, conhece bem os jovens. Ainda assim, pediu ajuda a seus filhos e netos. Honestamente? Eu tenho muito mais vergonha da Raíssa (lembram da Raíssa, de uma novela passada, que só fazia pichar o quarto e remexer o popozão?) e da Débora Falabella cheirada rolando as escadas à la novelão mexicano que desses três jovens em Proibido Proibir. Mas, é apenas eu, né.

De qualquer jeito, ouvir as considerações do Dúran sobre juventude e cinema, só me fez acreditar no cinema que eu quero fazer: um cinema brasileiro. Não tem como fugir disso. É tudo que eu sou, e principalmente, tudo que eu conheço. Eu sou o jovem brasileiro, meus amigos são os jovens brasileiros, e eu ainda não vi uma porcaria de produção cinematográfica que conte essas histórias.

E AI de quem vier me atirando uma dvd de 'houve uma vez dois verões'.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Oh no, love just leaves you bruised
If you want to know, you find something to lose
The world won't turn until something breaks
Who will make the first last mistake?

They say that good things come to those who wait

Into the spiral,your world and my world, it's never
final
Love just leaves you bruised

I went because you said you'd be there
A box of candy, smoke in your hair
I didn't know, I didn't care
But now I know
Love just leaves you bruised

Oh no, did love just leave you screwed?
You gotta go slow
Cos love just leaves you bruised

Into the spiral, your world and my world, it's never
final
Love just leaves you bruised

I went because you said you'd be there
A box of candy, smoke in your hair
I didn't know, I didn't care
But now I know

Love just leaves you bruised
And i've got the scars to prove it

I went because you said you'd be there
A box of candy, smoke in your hair
Explain it to me again and again
Like I care

Love just leaves you

The world won't turn until something breaks
Who will make the first last mistake?
They say that good things come to those who wait
but i can't wait


I went because you said you'd be there
A box of candy, smoke in your hair
I didn't know, I didn't care
But now I know



(the bens)

segunda-feira, 16 de abril de 2007

trivialidades

Uma mulher, beirando os 40 anos, entra no 583. De roupão. Cabelo solto, despenteado, como quem acaba de sair do banho. Carrega uma necessáire transparente com bolinhas rosas. Senta-se na primeira cadeira. (Eu olho a cena COMPLETAMENTE intrigada, ao contrário do resto do ônibus que acha aquilo completamente normal) Depois de uns dez minutos, a senhora pede ao motorista para parar o ônibus. Ele pára no meio da rua e eu olho: estamos em frente a uma mega-super-gigante academia que brotou da terra - porque eu nunca havia reparado naquilo antes. Indo em direção à saída, a mulher passa por mim e eu não deixo de reparar em seu biquíni: decotadíssimo, azul marinho.

***

No msn:

Lett: depois de dois anos no funcionarismo público, você é efetivada. eu sei, porque quando minha mãe completou dois anos, ela deu uma PUTA festa.

.ju.: sua mãe trabalha aonde?

Lett: no juizado de pequenas causas.

.ju.: CREDO
.ju.: bipolar e trabalhando no juizado de pequenas causas
.ju.: ela ia te deixar LOUCA

Lett: você acha que eu saí de salvador porquê, babe? cinema é só uma fachada.

.ju.: HAHAHAHAHA

***

eu sinto uma saudade enorme das pessoas. mas, tenho medo de dizer isso a elas, porque pode parecer que eu sou carente demais. ao mesmo tempo, se eu não disser, pode parece que eu sou fria. como eu faço para demonstrar que eu amo aquela pessoa, sinto sua falta, mas essa distância não acaba com a minha vida? o.O

***

domingo, 8 de abril de 2007

elizabethtown.






chove para ca-ra-lho aqui em casa. eu tô achando tudo tão bonito. tava com saudade da chuva, saudade do cheiro da chuva. ontem eu assisti ao elizabethtown. e foi uma das coisas mais ridículas que eu já vi e ouvi na vida. só vale pela trilha sonora do cameron crowe. toda aquela merda sobre pessoas 'substitutas.' como se aquilo fosse o ó do borogodó - ser indie agora é andar com uma boina vermelha em pleno dia de sol e se frustar amorosamente. babe, você só é o substituto se _você_ quiser. e para mim, ficou bem óbvio que a menina da boina vermelha achava o _chiquê da estação_ ser a substituta. você pode chorar, se desesperar, enfiar a cabea no travesseiro e chorar até dois mil e vinte, mas todo mundo sabe quando se está substituindo algo ou alguém. e só fica porque quer. porque quer sofrer. porque prefere aquele ínfimo de atenção dispensada do que lutar pela verdadeira felicidade, pela atenção. e se contenta em ser uma maleta num dia de chuva. eu não quero que alguém me ame, apenas. eu quero alguém que venha atrás de mim, que me diga 'a vida não tem sentido sem você'. que me faça entender as grandes bilheterias das comédias românticas (ou a grande bilheteria seria porque ninguém tem alguém que te faça entender a grande bilheteria?). eu quero alguém que não desista de mim porque eu não desistirei desse alguém. e por isso eu sigo procurando, e por isso me encontro sozinha num sábado à noite vendo elizabethtown.

Maratona ODEON, sexta pra sábado.

Prometia três filmes excelentes, acabou por ser um filme excelente, um filme o pior que eu já vi na vida e um que foi um bom cochilo. Nos intervalos, buátezinha no segundo andar. Me senti num túnel do tempo de volta à cena underground dos anos 80 de uma Londres de papel crepom. Pessoas balançavam as cabeças seguindo o ritmo da bateria - dum dum dum - e faziam movimentos estranhos com os dedos - será que foram abduzidas?. Enfim.

Nota mental: próxima maratona levar garrafa térmica com café. Sim, senhor, sem medo de ser feliz. Muito melhor ser brega que pagar 4 conto numa porra de um expresso caído que só. (Se bobear, vira moda levar garrafa térmica pro cinema.)

Honestamente? Tô de saco cheio de filmes:

a) Garoto perde um dos pais e tem que ir à cidade estranha. Garoto conhece garota que muda sua vida em 3 dias.

b) Garoto negro e garoto branco se apaixonam pela mesma garota.

c) Garotos ricos da Zona Sul se envolvem com o tráfico.

Eu só vi trailer desses três tipos, não necessariamente nesta ordem, no cinema. A criatividade, hein, anda faltando na lista da feira.

sábado, 7 de abril de 2007

7h, sábado.

Todas as vezes que eu chego em casa, não importa a hora, eu te ligo. É uma parte do meu corpo que não consegue funcionar sem ouvir a sua voz. Me acho tão ridícula, sabe? Mas é que tenho sérios problemas para dormir - tenho medo de dormir e não acordar. E se isso acontecer, você é a última voz que eu quero ouvir, me dizendo boa noite, não importa a hora. Sinto a sua falta, e dói tanto, tanto, não consigo pensar em outra coisa e tudo que me deixa feliz todos os dias vira uma massa insignificante comparada à sua ausência. Eu tenho uma cama de casal cujo lado direito está intocado, eu durmo encolhida no meu lado, e há um vazio.

terça-feira, 3 de abril de 2007

na falta do que fazer, a gente rima.

choro agudo
choro sentido
dor na alma
dor de faca.

doloroso abandono
abandonada à dor
grito sozinha
a parede me consola
com seu silêncio incolor.

choro de gato
-na janela
dentro de casa: -choro de gente
choro de grito
grito por choro
grito engolido
engulo as lágrimas.

tenho medo de tudo
até do que não vi
do que se esconde no escuro
do que escondo em mim.
há doze anos anos, eu sei que minha mãe é bipolar. há dezenove anos eu agüento suas mudanças de humor bruscas, do choro compulsivo à raiva animalesca. quando eu tinha nove anos, ela invadiu o pátio do meu colégio (na época, os maristas) berrando loucamente, em crise histérica. eu tinha me atrasado dez minutos. logo que se separou do meu pai, ela entrou em depressão de não sair da cama. eu ia comprar chocolate para ela todos os dias, de madrugada (era a única coisa que ela comia e apenas de madrugada). eu coleciono casos como esses. o problema é que eu não agüento mais. não agüento mais estar submetida às suas mudanças de humor. não agüento mais ouvir absurdos da boca que serão devidamente perdoados depois, pois afinal, tratava-se de uma crise de nervos. posso ser egoísta, sim, acredito que seja egoísta, mas não quero cuidar dela. cuidei durante os sete aos dezesseis, e para mim, chega. não acho normal uma mãe nunca dizer uma palavra de amor à filha, não dar um abraço. não acho normal ter medo da minha mãe, a depender se ela tomou os remédios ou não. não agüento mais passar vergonha pelas crises histéricas. e perder meu tempo por suas crises depressivas. não pedi para nascer. e muito menos, escolhi a minha mãe. mas, como ser humano, eu não agüento mais.

domingo, 1 de abril de 2007

mais um domingo.


http://www.postsecret.blogspot.com/


eu tinha dezesseis anos, pulava de festa em festa com uma garrafa de uísque na mão e duas carteiras de marlboro na outra, gritando que a minha vida era feita de bolhas vermelhas e amarelas brincando em um céu azul. hoje, eu quase choro de raiva por um telefonema. viadinha.

***