quarta-feira, 21 de julho de 2010

pausa

da sabedoria alexandrina, mordaz e feroz, quando reclamei (baixinho) que não sabia exatamente o que fazer da vida:

- mas você não estava sempre reclamando ao pé da página que queria ser cineasta?

é, mas agora subiu um calor de correr mundo, de trucidar umas certezas vazias, escorrer palavras para começar outras frases, pintar umas pirâmides. sonhei com a índia ontem: percorria, de barco, pelo ganges, o país inteiro, de cima a baixo, com um caderninho de poemas e uma máquina fotográfica. na semana passada, sonhei que estava na itália, com ele, meu querido ele, na nossa máquina de criar esferas noturnas. cansaço de trocadilhos vazios, salas de cinema vazias, mesas de bares indispostas. a tarefa de criar necessidades diárias já é suficientemente árdua para tornar-se também tediosa - vou ali fechar as cortinas e desaparecer por essa janela de santa teresa.

fui comprar cigarros - ainda que tenha parado de fumar. (sabe como é?)