sábado, 24 de julho de 2010

anteontem, dormi tão cansada que acordei sem sonhos. (a menor distância entre dois pontos é uma reta, lembre-se bem disso). normalmente fui trabalhar, passei meus cartões, conferi a minha identidade - manteve-se o nome, sobrenome e data de nascimento -, confirmei a presença na aula de yoga, na festa de música alternativa no cair da noite, na agenda do fotógrafo interessante. aparentemente nada havia mudado: mesmo cabelo, mesmos olhos, mesmas tatuagens. ao atravessar o cabo da boa esperança, já estava no quinto sono em casa (o cadáver no sofá). pela segunda noite seguida, nada de sonhos. acordei preocupada: a paz por uma noite do guerreiro sadista que ocupa a primeira parte dos meus devaneios foi bem-vinda. mas nós nunca assinamos um termo de separação definitiva - aliás, teria sido ele o responsável por roubar meus sonhos? essa noite não dormi. querendo sonhar, esqueci do sono. olhei para o teto, para o chão, contei meus dedos - estavam os dez ali -, as orelhas, as manchas de nascença e as de aniversário; liguei para amigos no auge do desespero, mas dizer o quê? 'você tem alguma droga para resgatar sonhos perdidos no meu oceano laranja?'. às oito levantei, almejando conforto em qualquer saída de incêndio mais próxima. resultado? os dias sem sonho provocaram irritação e semáforos fechados.