domingo, 18 de julho de 2010

pássaro, pássaro, pássaro, o surfista prateado repetiu como quem não pudesse acreditar. [ era pássaro porque sempre fora livre e voou para longe; era prateado por ser único e apenas seu o encontro com o mar ].

falaram das ondas purificadoras e traiçoeiras, da música que tocava constantemente em décadas passadas - você ainda escuta aquilo? - e dos planos, constantes e infinitos, de tornarem-se melhores animais. eram isso e apenas: um pássaro e uma onda que, ao sair da água, virava surfista. prateado.

(abraços tão azuis que ele ficou com medo de sufocá-la; eis que o pássaro responde: se servir para algum pedaço meu ficar contigo nessas tuas ilhas...) sobre os travesseiros, o pássaro deixou um par de brincos com luas nas pontas.

o pássaro, condenado a carregar consigo o bando de gaivotas, cedeu uma ao surfista para que guiasse o seu caminho pelas tortuosas vias de correntezas e ventos. (e secretamente, pediu à gaivota que voltasse todas as noites para soprar em quais mares do mundo a onda prateada anda deslizando).

o dia em que o tempo deixou de existir: quando um pássaro e uma onda se encontraram.