segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

salvador vive de axé; as pessoas realmente gostam disso, além da parte óbvia da grana. Existem os fazedores de axé, os tocadores, os cantadores, os dançarinos, os que cobram para ver toda essa parafernália e os que pagam para. Existiram duas fases do axé – e sabe-se lá quantas ainda virão por aí – e os primeiros estão velhos, com dores nas juntas e isolados em suas mansões. Vez ou outra, algum deles aparece tentando algum processo modernoso de ressuscitação.

Esse era o caso; o tal artista de axé fracasso havia fechado uma casa "da moda" da cidade, um desses lugares os endinheirados podem escutar música eletrônica e bater palmas à vontade. Estranho fato: nesse lugar, as pessoas com mais dinheiro nunca enlouquecem. As pobres e fodidas agarram-se nas paredes para não voltar à cama dura. Qualquer lugar fora de casa é mais que suficiente; e ainda assim, esses indivíduos todos estáticos, segurando os copos laranja-avermelhados – oh, tão belos! -, com tantos anéis nas mãos, saltos altíssimos e cigarros mentolados, trocam conversas tão interessantes sobre a família – como vai o senhor seu pai, e a namorada do nosso tão querido seu irmão? -, a vida pública – e a faculdade? e o seu tão senhor chefe ainda está a incomodar muito?, e quem está na coluna social da semana. Ah, não, desculpe, eles todos estão muito ocupados.