quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

então que eu escrevo roteiros para agências de publicidade, no esquema freelancer da coisa. e vou dizer uma coisa a vocês: SER FREELANCER É UMA MERDA. é excelente quando você é alguém, quando você dá pro dono da agência ou quando você está com a reportagem de capa nas mãos, só esperando pagamento.

em cinema, amigo, as coisas são MUITO diferentes.

para começar que um filme (estamos falando de filmes, não de comerciais) sai do papel entre quatro e seis meses. antes, o pobre do roteirista (eu) pensa, escreve, reescreve, manda para aprovação, recebe de volta, altera a ordem da história, insere falas, corta falas, põe OFF, tira OFF.

e depois, o pobre do roteirista (eu) fica todo feliz, considerando que vai receber o pagamento, afinal, o trabalho ESTÁ FEITO, corrigido, revisado. mas não: produtor quer pagar quando o filme estiver pronto, daqui a quatro ou seis meses.

enquanto isso? sento e choro.

para entornar o caldo, nego vira para o pobre roteirista (eu) e pergunta se não quer ajudar na produção; nessa coisa de conseguir imagens e autorizações, porque, bem, você sabe, o pobre roteirista tem jeito com as pessoas.

rola grana? pergunta o pobre roteirista, já meio acanhado.

NÃO. é tudo PELA ARTE.

nesse momento, o pobre roteirista (eu) saca do bolso esquerdo a peixeira de enfiar nos buchos alheios, rasga metade da agência de comunicação, é preso, julgado e condenado. PELA ARTE.