segunda-feira, 19 de março de 2007

Marie Antoinette

Eu assisti à Marie Antoinette hoje. E garanto que não me decepcionei. Talvez por ser tão apaixonada pela Coppola, e principalmente por Lost in Translation eu não vi nenhum dos milhares de defeitos que andei lendo por aí. De uma certa maneira, quando terminou o filme, eu pude fazer um paralelo perfeito entre As Virgens Suicidas, Encontros e Desencontros e Maria Antonieta: são três filmes, em três lugares e três épocas diferentes que tratam da mesma coisa: o sentimento e solidão que sente uma mulher dentro de um lugar que lhe é estranho. Em As Virgens, uma casa repressora, em Lost, Tóquio, em Maria, a França. A Sofia parece estar em expansão. Casa, Tóquio, França.

Talvez por não ter visto tantas vezes Virgens como Encontros, eu reconheci mais Encontros dentro de Antonieta. Um dos grandes planos iniciais, onde a paisagem parece querer devorar as carruagens onde, lá dentro, à espera do pior, encontra-se a jovem princesa me lembrou imediatamente a cena quando Bill Murray joga golfe em uma paisagem soberba. Quando a futura rainha recebe as flores de toda aquela enorme corte (e apenas Sofia soube descrever bem como é agoniante acordar, tomar banho, comer sendo observada todos os dias) imediamente me veio à cabeça a cena de Charlotte tomando um curso de Ikebana ou sei lá o nome no hotel. A mesma falta de palavras, tão dura, tão crua.

Por outro lado, é um filme mais divertido. As músicas, sempre importantes, agora atingiram o seu auge. Milimetricamente colocadas para gritar ao espectador: este não é um filme político ou histórico, este é um filme sobre a vida de uma adolescente presa na própria felicidade. Logo, músicas de adolescente. As cores resplandecem - ao contrário de Virgens e Encontros, onde elas sempre pareciam querer esconder-se. A fixação de Antonieta por doces, cachorros e roupas chega a ser, em certos momentos, hilária - e em outros, dramática.

Talvez esta não fosse a intenção da Sofia, mas eu ainda acho que os três filmes juntos formam uma bela seqüência sobre a solidão feminina. Salve Coppola e suas loiras que têm em seus corações toda a solidão do mundo.