domingo, 18 de março de 2007

Belo domingo.

Eu acordei às 10h, e parei de trabalhar às 16h.

Voltei a estudar às 20h.

Sobre os índios da ilha Trobriand.

Eu não dou a MÍNIMA para os índios Trobriand. Eu não preciso saber da não-linearidade da realidade deles como eles também não precisam saber a marca da minha pasta de dentes.

Flá, esse é o texto final.

Eu ainda vou amarrar todos esses antropólogos numa árvore e torturá-los sexualmente. Só assim eles param de escrever tratados sobre povos na casa do judas.



A realidade apreendida por cada sujeito decorre dos códigos a ele colocados pela sua cultura. Logo, a realidade é absoluta, porém vista e interpretada sob diferentes códigos. A autora propõe um estudo sobre algum aspecto de determinada cultura (no seu caso, uma análise do aspecto lingüístico sobre a população das ilhas Trobriand) a fim de analisar como diferentes códigos levam a conceitos compreensíveis para diferentes culturas.

Antes de começar o estudo, ela apresenta uma análise sobre a linguagem. A realidade é decodificada por meio de sons que se agrupam, formando palavras. Ela sublinha o fato de cada cultura perceber a realidade à sua maneira e transmitir isto em suas palavras. Um exemplo que a autora cita é a denominação de "irmã" e "irmão" na cultura Ontongue-Javanesa. Diferentemente da cultura ocidental, que nomeia as relações de parentesco a partir do sexo, os ontogueses-javaneses nomeiam a partir de suas experiências e graus de afeto. Assim, conclui, cada cultura analisa a realidade de forma distinta e a reproduz de forma distinta.

Estabelecida a análise sobre a linguagem, a autora se vira para o objeto do seu estudo: a população de Trobriand (previamente estudada por Bronislaw Malinowski). Esta não apresenta linearidade em sua linguagem. Não há adjetivos em seu vocabulário, pois todos os conceitos acabam em si mesmos. Como exemplo, um "bom jardineiro" é uma palavra. Se for retirada a palavra "bom", o conceito vira outro totalmente distinto. E, assim como tais conceitos terminam em si mesmos, não há movimento temporal - o conceito não evolui. Não há uma ligação entre acontecimentos; não há tempos verbais ou preposições como "para fins de", "por que", "quanto a".

A autora utiliza estas características da linguagem para supor a não-linearidade na percepção da realidade pelos trobriandinos. A linha, segundo ela, é incontestável na cultura ocidental. Está presente em trabalhos, relatórios, pensamentos; ela organiza os dados em uma seqüência linear, provocando uma evolução dos fatos.

Porém, estaria mesmo a linha presente na realidade ou a cultura ocidental que está presa a uma verdade irrefutável? Os instrumentos de registro do sistema nervoso, que representam linearmente o tempo, foram criados para serem lineares. Um segundo exemplo é a diferença entre a visão de Malinowski e a dos trobriandinos sobre uma mesma realidade: a aldeia. Malinowski traduz sua visão em dois círculos, enquanto que para os trobriandinos há um "agregado de protuberâncias".

A autora questiona se os nativos da ilha percebem a linearidade na natureza, todavia não a traduzem ao nível da linguagem. (Por exemplo, ao realizar uma viagem, eles seguem determinado curso, mas o relatam de maneira caótica.) Há uma determinada organização em certas atividades trobriandinas, pois são atividades que seguem determinados padrões. Porém, como não são todas as atividades valiosas, aquelas onde o valor não mais existe adquire uma característica linear, fora do padrão. Assim, os indivíduos aprendem sob o seu padrão não-linear o que é valioso e o sob o padrão linear aquilo destituído de valor.

Não há na sociedade trobriandina qualquer referência da linha sendo usada como guia, como indicador de movimento. A mesma ausência é notada na descrição física das pessoas e em descrições geográficas. A cultura ocidental utiliza a linha como guia, especialmente em eventos históricos. Usa-se a linearidade para relatar os acontecimentos do passado em relação ao presente, atingindo o clímax final. Os trobriandinos não possuem qualquer linearidade temporal, não possuindo, portanto, o clímax. O valor reside não na evolução ou na progressão, mas na repetição dos fatos segundo o padrão não-linear.

Portanto, na sociedade trobriandina não há uma espera por algo. Toda a recompensa já se encontra no ato. Diferentemente da sociedade ocidental, onde a felicidade encontra-se no fim da linha que segue guiando as ações; a felicidade consiste em não quebrar o curso previamente planejado.

A linha, então, está presente na sociedade ocidental de maneira inevitável e o fracasso pode ser visto como a quebra da linha previamente concebida. Isso, entretanto, não significa que os indivíduos trobriandinos estejam errados. Há que se pôr em dúvida o conceito desta realidade experimentada linearmente.