sábado, 31 de março de 2007

leblon, 9h30.

A moça passava com a sua cara de ressaca pelo leblon, 9h30 de um sábado. Pois bem, um escândalo. Todas as madames, os borracheiros, as floricultistas estavam impecavelmente vestidos para um dia de sol no Rio de Janeiro. Bermudinha azul, alegre, camisa floral, um sorriso aberto: - Bom dia! E ela ameçando essa felicidade lebloniana com sua calça jeans e uma blusa preta com um imenso decote nas costas. Os cabelos, completamente desalinhados, ela tentava consertar fazendo um rabo de cavalo. Nada adiantava: eles continuavam rebeldes, num gesto de agressão, quase violento!, às distintas senhoram que passeavam com seus poodles pela bartolomeu mitre. E caminhava para o ponto de ônibus, pegar o velho 570, umas olheiras profundíssimas; a bartolomeu parecia diferente à noite. Mais bonita, sei lá. Chegou na casa da amiga eram 5h30, o senhor do táxi ia para são cristóvão, imagina! Nem ele mesmo queria ir. Gostava mesmo era do ponto da PUC, que era direitinho, as pessoas eram direitinhas, ninguém fazia muita baderna, não, sabe comé? Cansou de pegar aluno em choppada, levar em casa, eu gosto mesmo é da PUC. Inclusive, acho que te conheço de lá. Você não estuda lá? É. Tudo parece mais bonito, quando você tomou um chopp com o dono do bar, discutiu cinema a noite toda e chegou em casa às 5h30, ela pensou no ônibus. Até mesmo o cobrador a olhou com um cara estranha; teve ímpetos de perguntar: no leblon não tem ressaca, não, é? Sentou, olhou o jardim botânico, ligou strokes no máximo e seguiu. Uma loirinha entrou. Vestida de colegial. Pelo sorriso de inveja da lolita, ela pensou: essa não é do leblon.