domingo, 18 de março de 2007

Crystal Baianinha

Honestamente?

Se nada der certo na minha vida - coisas como: eu perder a bolsa da PUC e ter que abandoná-la porque não tenho como pagar, me formar na PUC e não conseguir NENHUM emprego em nenhum lugar, não conseguir realizar meu filme porque não quis me filiar a nenhum partido político, nenhum partido político me querer como cineasta militante ou eu não arranjar um quarentão bonito para dar o golpe, eu viro puta. É, isso mesmo. P U T A.

Vamos admitir. Ser puta está na moda. E puta de boca aberta; não é mais meretriz, mulher de vida fácil ou profissional do sexo. É puta mesmo. Vagabunda. Quenga. E por aí vai. Todas as livrarias têm, a novela das oito tem, as lojas de roupa têm, as rádios têm. Nada de advogado ambientalista - a profissão do futuro é vagabunda.

Ganhar 2500 por dia (segundo a minha fonte: o livro da musa inspiradora Bruna Surfistinha), ir para os clubes mais chiques da cidade, receber vários presentes carérrimos, tirar a virgindade de rapazotes (ai, que coisa divertida!) - ah, isso é vida boa demais.

Obviamente, eu já pensei no meu nome de guerra. O primeiro nome eu não sei ainda - preciso de um nome menos travesti que Crystal - mas o segundo com certeza vai ser baianinha. Uma coisa assim, que lembre Gabriela cravo e canela (não a versão com a Sonia Braga, porque meus clientes não serão tão velhos assim, a versão com a Giulia Gam) .

É o meu futuro, a minha sina. Cinema não tá com nada, Glauber já morreu e eu tô aqui tentando 'uma câmera na mão e uma idéia na cabeça'. O negócio mesmo é ser puta.