quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

smile, babe, smile

Minhas calças estão apertadas, estou gorda; tento parar de fumar, mas NADA, NADA se compara ao prazer de acender um marlboro; preciso de tempo, oh, tempo, para cuidar de mim, cuidar desses braços gordos, cuidar da minha gata, cuidar dos meus olhos castanhos, eles precisam ser fechados por uma boa quantidade infinita de tempo, preciso cuidar da minha casa, lavar o banheiro, dar uma de escrava mesmo e ficar de quatro esfregando até a última mancha da porra do meu banheiro verde e azul; tempo para encostar minha coluna vertebral na poltrona, acender um cigarro, tomar um vinho de vinte reais e escrever lindamente sobre nada, sobre mim, sobre ele, sobre você, sobre o mundo inteiro nas nossas bocas; eu quero tempo pra ouvir o cd do frank sinatra que eu baixei, da feist, do elvis; quero tempo pra devorar o proust que eu mal leio, aliás leio quase como um estupro, durante os metrôs e ônibus da vida; quero tempo para ouvir todos os cds do smashing pumpkins um por um, gritando enlouquecidamente; quero cantar no meu presente de aniversário, um dvd-okê, cheia de tequila no rabo e incomodando os vizinhos. affe. quero ver meu coração parar. quero ver o mundo girar.

o moço na tela da tevê de fundo azul de paletó cinza fica em encarando. você é careca, moço. i don't like bald people.

toda vez que eu ouço tonight, tonight me dá vontade de construir o meu guarda-chuva e ir subindo o céu, que nem joão pé de feijão. só que no meu caso, a lua não teria monstro; teria meu homem; e nos nunca caíriamos, ficaríamos eternamente flutuando pelo espaço sideral.

topa?