quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Me arranque daqui, dessa poltrona fodida, com meu joelho sangrando; eu tenho medo de nunca mais voltar a ser eu mesma; de chorar tanto e ser engolida em lágrimas, morrer afogada; não agüento mais me desiludir, me FODER propriamente dito; quero morrer, quero renascer, sei lá que merda eu quero fazer, eu quero NÃO SER, quero NÃO EXISTIR; quero sumir, quero viajar, quero DINHEIRO PRA FAZER ISSO; olho por essa janela de laranjeiras e tudo é preto preto preto fumaça fumaça fumaça, ninguém faz pica, ninguém me traz uma solução - eu deveria arrumar uma solução, mas eu não sei, eu já pensei em tudo, eu sou burra e covarde; é isso; se eu tivesse uma .45 já teria explodido a cabeça de alguém; não tenho nada, não sou nada; mentira, sou alguma coisa SIM, já cansei desse papo de adolescente revoltada de não ser nada, eu sou alguma coisa, alguma merda conquistada nesses anos todos, senão de que MERDA valeu viver por vinte anos?; queria ajuda e não sei pedir e não vou pedir e vou me foder por isso; ouço smashing pumpkins até chorar; aliás, eu choro há dois dias ininterruptos; vou me trancar em casa com meus cigarros e meu computador e escrever ininterruptamente até cansar, até doer, até sangrar, até eu gritar de dor; é isso; faz tempo que eu não grito de DOR, de FELICIDADE, de MERDA; faz tempo que eu não grito; quero ser livre, caralho; mas liberdade não existe; eu só me fodo, fodo, fodo; cansei; tem um alicate amarelo na minha frente e isso é estranho porque isso é coisa do pedro, eu nunca teria um alicate na minha mesa de computador, só se fosse pra enfiar no cu; como eu queria um descanso, um alento, uma NÃO DOR, um momento de NÃO DOR, porque eu tô fodida e cansada de DOER, de meu coração doer, minha cabeça doer e a VIDA doer, caralho; ônibus passam na janela.