sábado, 28 de julho de 2007

transformers

E aí, néam, minha gente, que eu fui ver Transformers. Não foi escolha minha, diga-se de passagem, mas vamos lá. É um bom filme pra quem gosta de velha combinação: querem dominar o mundo + nerd apaixona-se por gostosa + metal tocando fundo no coração. E como tem o dedo do nosso querídissimo S. S., CLAAAAAAAARO que teria ali um alien. Alguém me explica a obsessão doentia do Spilberg por criaturas do outro mundo, jésus? E só baixa o nível: começou com Truffaut sendo coadjuvante e agora desce ladeira abaixo com robôs invadindo o mundo. Pô. É demais, sacoé?



Vamo combinar que o cara tava cagando e andando picas pro roteiro. Cada diálogo consegue ser pior que o outro até culminar no ápice da sofisticação lingüística: um robô vira para o outro:



-DO YOU WANT A PIECE OF ME?

-NO, I WANT TWO!



Sem falar que o filme vai e volta de diversos cenários e tu fica sem entender porra nenhuma de que merda tá acontecendo. Tudo que tu sabe é que o nerd quer comer a gostosa, que o governo dos EUA é uma merda e que tem uns soldados malucões de alguma droga super potente que tão alucicrazy no Oriente Médio. E se vira nos 30.



Roteiro? Pra quê roteiro, minha gente, quando se têm efeitos especiais?





Montagem? Vamos lá. Cena1: close no robô alucinando na cidade, um tal de MegaTron que tá jogando tudo pro alto porque quer dominar o Universo. Cena2: O outro robô, agora o bonzinho, que quer mandar MegaTron top top top responde ao Megatron. Cena3: Megatron fica com raiva e bota tudo pra foder. Só que, maluco! Você espera que quando dá close em alguém, fulano fique olhando pra câmera, e não para a paisagem, para os carros, para a bunda da gostosa ou pra bunda do soldado alucicrazy. E o tal do TronTron tá lá, filosofando sobre dominar o universo. E isso ainda acontece mais umas cinco vezes.



Montagem? Pra quê montagem, minha gente, quando se têm efeitos especiais?



E, óbvio e boróbvio, que como tem o dedo do grande S.S., tem que ter lição de moral a cada dez segundos. E tome: respeite sua família, não brigue com o nerd, ele pode ser legal!, vá atrás dos seus sonhos (a gostosa), não ache que a gostosa não tem conteúdo - ela tem um pai bandido e foi fichada para não deixar que ele fosse preso, MÉNINA, BAFÓÓÓÓÓN. E por aí segue. E, óbvio e boróbvio, que tinha que ter piadinha a cada dez segundos. Umas até engraçadinhas, tipo o robô mau arrancar as calças do nerd (eu não entendi como o robô mau mata todo mundo pela frente e quando chega no nerd ele só arranca as calças, mas tudo bééééém) e o gordinho hacker dando crise de consciência na DP. E ri também na seqüência inicial, do robô soltando diálogos à la Rambo um para o outro. Parecia uma boate gay. E, sério, cara, esse negócio de fazer malabarismo com a câmera tá out, meu bééém! Quer inovar, faz o seguinte. Anota aí, que a dica é quente, meu bem: troca esse metalzinho de merda e bota uma Beyoncé ou uma Pussy Cat Dools. Quero ver, ia ficar L-I-N-D-O, um must, os robôs lá, se duelando arduamente, trocando frases como: ONE SHALL LIVE AND ONE SHALL DIE e Beyoncé lá, bombando Crazy in Love. Ou coisa do tipo. Isso é vanguarda, meu bém. Porque filmar de cabeça pra baixo de cu é rola.

Enfim. Eu dormi no filme. E caguei de rir nas cenas em que os robôs faziam esforço em seus olhinhos de metal para chorar. E dormi de novo.


Mas, é isso, meu bem: se você caga pra roteiro, montagem e direção de arte (o rímel da gostosa não sai e não borra de maneira alguma, mesmo a guria dirigindo trator, pulando do precipício, rolando morro abaixo e apanhado do TronTron), não se incomoda de ver marca de carro/celular sendo propagandeada descaradamente a cada dez minutos, e curte robôs de 3m de altura se duelando numa cena que dura loooooooooooooooooooooooooooongos dezessete minutos, vai fundo, cara! Porque, afinal.. Quem se importa com picas de cinema quando se têm efeitos especiais, sacoé?