sábado, 22 de maio de 2010

não, não quero esse copo, essa delicadeza de junho no rio de janeiro, nunca fui muito delicada, você bem sabe, não sei contar piadas (resvalo insegurança com humor; nem sempre funciona). pois bem.

relacionamentos têm prazo de validade, você não vê? o que tivemos foi apenas nosso, e um dia, quando estiver casado com uma mulher muito boa, de dentes muito finos e brancos, alinhados à felicidade geral da nação, você também terá algo inteiramente particular com ela. universos diferentes; a todo tempo morremos um pouco debaixo das escadas.

[ não significa, meu doce, que não saiba usar o silêncio ].

conto uma nova: os vizinhos consertaram a campainha. preferia que mantivessem-na quebrada, na verdade - ruídos me irritam, a possibilidade de alguém vindo me tirar do sofá me apavora. por isso saio antes; tenho saído muito, andado y andado y andado por essas ruas do rio de janeiro no início de inverno. (você lembra do nosso primeiro inverno aqui? não tínhamos cobertor, éramos apenas esperanças e boleros).

de resto, todos passam bem, minha mãe está de férias, papai em paris, o filho de pan já vai nascer e gui recebeu, afinal, as chaves do apartamento. estamos todos em progressão geométrica (alguns para trás, outros para os lados): não era óbvio começar com uma separação? hoje parece tão mais fácil...

acredite: de mim, vai apenas o melhor. agora é pagar contas, ser feliz alguns dias e beber além das duas doses recomendadas nos outros, comprar uns amores aqui, chorar baixinho no ombro de outrem e quem sabe um dia, andando pela covent garden, eu não te reconheça com a digníssima, dois filhos no colo, e sorria, sabendo que nós fomos muito felizes um dia e agora você está em outro degrau da cadeia alimentar.