quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

desde que era criança, minha mãe me incutiu esse pesado senso de responsabilidade; o mundo, se não for organizado em 90º e seqüência alfabética e cronológica entrará no CAOS e explodirá. isso me tornou uma cdf (o que me garantiu uns namorados no passado e umas bolsas no presente) e uma workaholic apavorada. quando estou trabalhando, ODEIO com todas as forças esses estágios patéticos e ridículos em que fico quinze minutos escrevendo uma nota de três linhas sobre o buraco na rua humaitá e quatro horas sem fazer nada. e quando NÃO estou trabalhando, esse maldito martelo bate na minha cabeça - você não vai ganhar dinheiro? não quer ter experiência?

de ontem para hoje eu tive três conversas particularmente interessantes (sem saber que giraria em torno desse tema).

- a primeira foi com minha amiga judia.

ela arranjou um estágio agora mas não está exatamente feliz (ou não pareceu). em seguida, veio a frase - mas é bom juntar uma grana para depois fazer o que quiser, não é? existem feriados e fins-de-semana. e com a crise, quem sabe quando as pessoas vão arranjar emprego? tem amigo meu trabalhando no SUPERMERCADO (e arregalou os olhos).

- a segunda foi com um ex-professor amigo (ou amigo ex-professor).

"você está trabalhando lá?! mas pelo amor, aquilo não é trabalho para você. é lugar para quem está começando, não sabe direito escrever, mas você escreve roteiros, artigos, poemas, não precisa tomar esporro de policial militar porque um corpo foi despejado no esgoto de vila isabel".

- a terceira foi com meu chefe n.º 3 na escala da hierarquia (e, obviamente, o mais legal)

- seu problema é que você não sabe o que quer, né?

- eu SEI o que eu quero: trabalhar com cinema.

- e o que você tá fazendo aqui?

- tô ganhando dinheiro.

- oh, vou te dizer uma ooisa, tá? eu acho que quando a pessoa é jovem tem que fazer o que der na telha, porque depois, juventude, não dá pra fazer isso, não.