sexta-feira, 21 de novembro de 2008

eduardo,

só queria dizer, antes de ir embora, que acreditei em você até o último segundo. ainda estou acreditando, no momento dessa respiração. mas se você escolheu desistir, sinto muito. essa experiência estranha me impele a continuar; imagino um mundo de belas orquestras, douradas, fulgurantes, não magro e esquálido como aquele gato de rua que adotamos. você e sua eterna comparação entre o mundo e os gatos; "resistem a qualquer coisa, qualquer pulo, enfiam-se embaixo de armários, caminhões, dormem além da conta na hora errada e estão acordados quando ninguém os quer". sabe? sempre achei suas metáforas ruins. mas quando não consigo dormir, tenho saudade do seu jazz, da bossa legal que você levava contigo quando queria. talvez, talvez. a gente vive de incertezas, e esse era o seu ódio, não? fazer o que não queria, quando era tão simples. mas era tudo ou nada; se for para ganhar, havia de ser do seu jeito. e bem, você sabe. o céu fala por todos nós. sabe que nunca consegui passar da página cinco de morte em veneza? agora, já desisti; enterrei, joguei fora. não vou precisar. prefiro viver a experiência traumática de assistir ao ser em evolução. não era isso? estarei sempre aqui, não se preocupa que não vou sair do lugar. lembra, hein: eu ainda acredito em você. usted. mi amigo. com muito amor,

m.