domingo, 1 de junho de 2008

solidão não é um problema para mim; consigo me virar com os livros e os filmes, e afinal de contas, a minha companhia não é tão ruim assim para ir ao CCBB ver a nova exposição.

o impossível de agüentar é a drástica combinação: domingo + chuva + computador quebrado. sem nada alcóolico na geladeira, sem coragem de comprar a velha boa dupla cabernet & marlboro nesse cair de água desgraçado; já li e reli a piauí desse mês, cansei do ike & tina, revirei meus cds procurando aquele cd da billie holiday, para me tocar, uma hora depois, que esse disco já voou há muito tempo, quando ainda fazia aulas de inglês para ser uma boa professorinha caso não conseguisse arrumar nenhum emprego, e um maldito de um professor de nova york apaixonado pela bahia - vá entender - me pediu a porcaria do cd emprestado. em troca, a gravação ao vivo de um dos últimos shows do chet baker. ok, ok, emprestado. fui uma boa menina - copiei o cd, devolvi na última aula, e oh my fucking god! i'm so sorry, letísiiiiia, i'll give you back next week, give me your e-mail. ingenuidade mandou lembrança, uma cesta de páscoa e um murro na orelha.

a solução - não, enlouquecer não é uma alternativa válida - seria ligar para pessoas conhecidas e implorar - sutilmente, sempre sutilmente - para tomar um chopp escuro no fim de tarde deste domingo. um quer ficar sozinho. outro não pode falar. o terceiro - nem há terceiro, a regra desses vinte anos é quando uma coisa dá errado duas vezes nem adianta limpar a agulha; a solução é trocar o disco mesmo.

coloquei o melhor cachecol - a bem da verdade, o único habitando meu armário -, a camisa com a manga mais longa, enfrentei os bueiros de laranjeiras - sim, toda chuva os bueiros se abrem, como que para engolir a terra -, e vim para a lan house. maldita vida de lan house. queria ligar o som no máximo para ouvir essa nova banda do meu amigo, alphamobile, e cara! como eles fazem um blues legaaaaaaaal, gostoso, maneiro. agora todas essas novas bandinhas querem tocar mpb, botar umas cantoras magrinhas fazendo sambinha - coé, tô de saco cheio disso. quero ver fazer um rock sujo, bêbado e caído pelas tabelas e em português. tô sentadinha ali, ó, esperando.

mas não dá, né. tem uma criancinha aqui. e clientes - provavelmente eles não iriam gostar se eu colocasse umas blueszeira em pleno domingo de chuva no volume máximo. ah, computador, como faz falta você.

*e caso você, sim, VOCÊ, queira tomar um chopp, estamos aí. celular serve pra isso.