domingo, 20 de maio de 2007

uma confissão.

"É sempre assim. Eu sempre faço o papel da mulher descolada, amiga, mo-der-na, mas que sempre acaba sozinha no domingo à noite. Outro dia comentei com uma amiga, no café, que o meu problema não é ser sozinha, pois isso eu sei, sinto, que sou uma solitária por natureza, meu corpo e minha alma estão impregnados de solidão, mas dói estar sozinha. E essa dor muitas vezes provoca uma carência e uma honestidade que muitas pessoas não conseguem lidar. Ou talvez isso seja mais uma desculpa esfarrapada para o fato de que eu sempre fico em segundo plano when it comes to relantionships. Eu sou honesta demais, e esse é o meu problema. Eu não sei fazer jogos, eu não sei fazer não-olhares, eu não sei não-gostar quando não deveria, não sei não me entregar quando não deveria, e acima de tudo, não sei amar quem eu não deveria. E me entrego, com todas as forças, mesmo sabendo que não, mesmo sabendo que não posso - mesmo vendo e ouvindo que irei me magoar. Aprendi a amar baseada no cinema, em todas estas comédias românticas onde o homem se descobre apaixonado pela mulher menos notada, mais infeliz, e faz tudo para chamar sua atenção; eu preciso de alguém que venha com uma caixa de som para tocar nossa música predileta, de alguém que durma na porta da minha casa até eu abrir; esse tipo de amor. E erradamente, todos esses anos, tudo que eu recebo são esmolas de amor. São prazeres. Simples, imediatos, finitos. Que acabam no dia seguinte, com um beijo na testa. E fica esse buraco, nessas paredes vazias. Brancas. Talvez, liberdade, um dia, eu consiga - talvez, todo o meu conceito de liberdade esteja errado, e o que eu preciso seja mesmo me libertar das minhas próprias manias, e a principal delas seja a auto-sabotagem. E isso inclui desde os livros que eu leio até os homens por quem eu me apaixono."

ass: uma mulher. qualquer uma.