quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

(pausa para a poesia dos outros)

"A Música Segundo Tom Jobim", do Nelson Pereira, é uma doce felicidade percorrendo o coração.



Tem problemas? Tem problemas como a vida tem problemas, como é da vida virar uma esquina antes de entrar na rua certa. Como é da vida esquecer as chaves ou exagerar na fábula para conquistar o menino ao lado.



Mas nada se compara à felicidade de ver e ouvir a música de Tom. A emoção de Sabiá. Wave. Águas de Março - salve, Elis. E pela delicadeza (e audácia) de falar de Tom Jobim na língua de Tom Jobim: não há espaço para o especialista, a tia, o papagaio, o fã e todos esses tipos que infernizam e pipocam por aí

. A música e tão somente a música é a rainha, completa e azul, descortinando cada pedacinho de alma. Um suspiro de felicidade em meio a um cinema que anda tão repleto de dados & informações.



Minha mãe, apaixonada como sempre foi por bossa-nova, quando era apenas uma bela menina baiana estudando literatura no Rio de Janeiro, uma vez sentou num bar no Jardim Botânico, justamente atrás de Tom. Sozinho, bebia e tentava compor uma música, no papelzinho. Ia pra lá e pra cá, cantarolando. E assim a tarde caiu: minha mãe, café atrás de café (sim, mamãe bebia café em bar), observando o mestre em ação. A melodia, ela reconheceria depois, era Lígia.



Pouco importa se é verdade ou não: essa é a história mais linda do mundo.