sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

doismiledoze começou num recanto sereno, embalado por horizonte e plumas. quem jurou jamais atravessar o estado da bahia novamente se vê agora enrodilhado em meio à fome das gaivotas. a revoada tem fome, anima, vê. estribilho das gaivotas: você morando no meu corpo.

recife, só à noite - durante o dia, apenas vi o mar. mar bicolor (como os sapatos de seu arnaud): azul, azul, azul - e de repente, a invasão gutural do verde. doce irene a nos guiar: irene no céu, irene anjo, solanjo.

e eis que agora dei para te visitar todas as noites - não obstante agarrar-me aos teus braços, corro pelas areias do teu barco; de soslaio, invado com tintas os teus arrabaldes. cubro de vermelho a lindinha do rio e em ti, guardo outra palavra: horizonte.

pulemos no vazio, então. venha, segure a minha mão. esqueça as gravatas e os chapéus (especialmente os pretos e os brancos de faixa azul); segure este relógio das horas que ainda não vivemos; traz apenas tuas canetas, para desenhar, nestes brancos dias, o medo que se perdeu.