domingo, 3 de janeiro de 2010

a vida em visconde de mauá

o principal mecânico chama-se Cristiano e é cópia fiel do ator João Miguel. passa metade do dia na oficina - sua especialização é o fusca - e metade na pousada que acabou de construir no quintal da mecânica. João, meu amigo, se você desconfia de um irmão adotivo, ele mora em Visconde de Mauá e é mecânico. se não, fica a dica.

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não há bancos na região. ou você leva dinheiro da civilização ou paga no débito (quando a antena está funcionando, o que dá uma média de dois pra um. dois dias não, um sim). já sem nenhum tostão na carteira, perguntei por que DEMÔNIOS não instalam um maldito de um caixa 24horas ou um BANCO ali. "eles dizem que têm medo de assalto na serra". que fique registrado: primeiro lugar no MUNDO onde um BANCO se recusa a ser instalado.

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visconde de mauá, a vila homônima e não a região (formada por V. de M., Maringá e Maromba), tem UM bairro (o lote dez) e QUATRO campos de futebol. QUATRO.

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não é mentira. o ônibus maromba-resende parou na porta da casa de uma senhora. ela colocou uma caixa com pertences variados - detergente, leite, feijão, etc - e recomendou: "é pro paulo, ali em penedo. vai cufé". uma hora depois, um menino de boné vermelho pára o ônibus. "minh'vó mandô alguma coisa?" "aqui". e o ônibus segue. assim como a vida.

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em maringá, os horários são assim: das 11h às 13h, das 18h às 23h. não são apenas restaurantes. são farmácias, pousadas, lojas, oficinas. perguntei ao dono de uma (são duas no total) farmácia o que aconteceria caso alguém enfartasse e precisasse de um remédio. "não trouxe da cidade por quê, uai? a gente não é pronto-socorro". taí. vou carregar pra vida: a gente não é pronto-socorro.