terça-feira, 9 de dezembro de 2008

ah, esses pernambucanos.

não gosto de dizer 'cinema italiano' ou 'cinema brasileiro' ou 'cinema chinês'. é raso. é como colocar no mesmo saco pessoas de miradas, vidas, amores e ódios tão diversos.

mas acontece algo diferente com cláudio assis, paulo caldas, karim äinouz. ainda que eu não seja pernambucana, eles estão tratando de mim. ali, exposta, enorme. na bruteza completa do ser e ainda assim, na maior delicadeza possível. as tintas fortes, secas, quentes contrastam com o marrom pálido - quase barro - dos olhos das heroínas. são sempre mulheres, vocês sabem, não é?

na sala de 'deserto feliz', inicialmente, havia uma pessoa. ao final, também uma pessoa - apenas eu. todas as outras quatro foram embora antes do fim. lembro-me que em 'baixio das bestas' havia pouquíssimas pessoas também. que pena, que pena. parece-me que há um grande muro, cinza, feio, tapando a visão desses seres.

eu não vejo essa mesma linha de pensamento nos filmes paulistas, p. exemplo. estão todos - ok, há exceções - muito preocupados em retratar os mundinhos estranhos de seus personagens. não há nada que una essas pessoas, esse cinema, essa arte. faz sentido?