segunda-feira, 20 de outubro de 2008

"Vocês não acreditam que eu seja um escritor?"

"Não temos nenhum modo de comprovar isso".

"Mas vou perder meu trem. Ele está para sair a qualquer momento".

"Meu caro amigo..." Revirei minha mochila e de repente encontrei um artigo em uma revista sobre Henry Miller e eu e o exibi para o cara da alfândega. Ele sorriu:

"Henry Miller? Isso é ainda mais notável. Ele foi detido por nós há alguns anos, escreveu um monte de coisas sobre New Haven." (Esse era um New Haven bem mais sinistro do que aquele em Conneticut, com sua fumaça de carvão ao nascer do dia). Mas o cara da alfândega ficou imensamente satisfeito, checou meu nome mais uma vez, no artigo e nos meus documentos, e disse: "Bem, temo que agora serão apenas sorrisos e apertos de mão. Lamento muito o ocorrido. Acho que podemos deixá-lo passar - com a recomendação de que deixe a Inglaterra dentro de um mês".

(Kerouac)