sexta-feira, 7 de março de 2008

a ilha da globo

eu trabalho em uma ilha de edição. ilha 10, para ser mais específica. nada acontece no meu dia: abro o jornal, vejo as desgraças, o movimento das bolsas, abro o caderno e escrevo. uns roteiros, uns contos, umas resenhas. 12h eu vou embora. simples assim.

a ilha da frente era um mistério para mim. estava sempre trancada, mas era a que possuía as duas melhores telas. e sempre me diziam: 'é da globo'. ok, teorias absurdas. 1) quando algum computador da globo dá pau, o bonner sai correndo para a PUC e edita o JN ali; 2) Queridos Amigos é montada na surdina para evitar jornalistazinhos querendo descobrir o fim; 3) Paraíso Tropical foi feita nos estúdios da PUC pelo mesmo motivo n.º 2; 4) etc etc etc.

ontem, uma menina bateu no meu vidrinho pedindo ajuda. 'oi, você sabe editar'? 'sei, qual o problema?' ela precisava passar um filme de 55' para um dvd de 4 GB. a única solução era gravar numa mini-dv e depois regravar num dvd. mas tudo bem, você aí não tem porquê estar interessado nisso. só saiba que eu resolvi o problema da menina. conversa vai, conversa vem, o filme que estava ali gravado se chamava 'noite de almirante', projeto entre a puc e a globo, que vai ser exibido em abril, em comemoração ao centenário da morte de machado. (coitado do pobre homem. quando é para homenagear o suassuna, colocam o luís fernando carvalho. para o machado, botam uns alunos mambembes. literatura é isso aí.)

'noite de almirante' vem na esteira da 'cartomante' e dos contos ditos psicólogicos do machado. sempre com personagens fortes, que querem tomar uma atitude radical mas, na última hora, são covardes e deixam pra lá. eles adaptaram a história para o presente (oh, que original) - Deolindo volta de uma viagem para encontrar sua mocinha (no conto, ele é marinheiro, aqui é um escritor), mas ela já está em outra, filho. o deolindo é o fernando alves pinto - terra estrangeira -, e a mocinha é uma isabela qualquer. o amante é o alexandre borges. taí, se fosse moi, eu não trocava.

ah (bocejo), eles usaram também o recurso do filme dentro do filme. como, só deus sabe. machado pegou as coisas, botou na mochila e foi passar férias no havaí. volta só em junho, pra flip. na parte da história, película. quando é o filme sobre a história, digital. (mais bocejo).

a história que a montadora disse que eu mais gostei foi um barraco lá em sta. tereza. o filme teve algumas locações, entre elas um loft lá em cima. pois bem. essa isabela, a atriz principal, certa noite, ligou prum amigo e marcou de se encontrarem lá em santa, para encher a cara. tuuudo bem. normalex. o problema foi que a gravação se estendeu além do ponto. o mocinho não agüentou esperar, invadiu a gravação, quase quebra equipamento e tomou para si uma garrafa de black label emprestadinha do vizinho.

adorei imaginar essa cena.