HERCULANO (grave) - Uma pergunta. Você gosta de mim? Gostou de mim?
GENI (atônita) - Que palpite é esse?
HERCULANO - Geni, não é palpite. Quer responder?
GENI - Sujeito burro! (Mudando de tom trinca os dentes). Só de olhar você - e quando você aparece basta a sua presença - eu fico molhadinha!
HERCULANO (realmente chocado) - Oh, Geni! Por que é que você é tão direta, meu bem?
GENI (desesperada de desejo) - Vocês homens são bobos! Está pensando o que da mulher? A mulher pode ser séria, seja lá o que for. Mas tem sua tara por alguém. (Muda de tom) Olha as minhas mãos como estão geladas. Segura, vê. (Ofegante) Geladas!
HERCULANO (amargurado) - Amor não é isso!
GENI (furiosa) - Me diz então o que é o amor?
HERCULANO - Certas coisas, a mulher não diz, não deve dizer. Pode insinuar. Insinuar. Mas não deve dizer. Delicadeza é tudo na mulher.
GENI (na sua cólera contida) - Hoje tudo que é mulher diz puta que o pariu. Ah, de vez em quando, você me dá vontade, nem sei. Vontade de te quebrar a cara, palavra de honra. Desconfio que você gosta de apanhar. Há homens que gostam.