domingo, 22 de abril de 2007

dúran, estudantes de cinema e jorge furtado.

Ando de bastante saco cheio desses cineastas e estudantes de cinema - e zezus, como há estudantes de cinema assim no Rio de Janeiro - que abrem a boca para falar receitas de strogonoff achando que estão falando de cinema. "Strognoff cuscuz discurso hipotético, eu acho que a secundariedade da linearidade do discurso inconstitucional gera um carpaccio incosciente." Minha gente, minha gente... Em vez de ficar teorizando sobre o parafuso da rebobina do negativo C5, vamos pensar em termos práticos. Vamos fazer cinema, e de preferência cinema brasileiro, minha gente.

Eu me surpreendi - e como estava precisando de surpresas boas - com o Jorge Dúran. Um homem extremamente inteligente, um cineasta compreensível, que não tem medo de dizer: "Não sei o que quis dizer com o final do meu filme. Eu sei o que quis dizer para mim - mas o que quis dizer para você?" e que está muito interessado e retratar a juventude brasileira como ela é, sem aquelas estereótipos jorge furtado & novelas da rede globo. O Paulo, o personagem de Caio Blat em Proibido Proibir é extremamente bem escrito. E eu já vi tantos Paulos por aí - por quê será que demorou TANTO para alguém (e que não é brasileiro, hein, minha gente!) escrever o jovem brasileiro? Vergonha? Falta de conhecimento? O Dúran disse que, por ser professor e estar no ambiente acadêmico há tanto tempo, conhece bem os jovens. Ainda assim, pediu ajuda a seus filhos e netos. Honestamente? Eu tenho muito mais vergonha da Raíssa (lembram da Raíssa, de uma novela passada, que só fazia pichar o quarto e remexer o popozão?) e da Débora Falabella cheirada rolando as escadas à la novelão mexicano que desses três jovens em Proibido Proibir. Mas, é apenas eu, né.

De qualquer jeito, ouvir as considerações do Dúran sobre juventude e cinema, só me fez acreditar no cinema que eu quero fazer: um cinema brasileiro. Não tem como fugir disso. É tudo que eu sou, e principalmente, tudo que eu conheço. Eu sou o jovem brasileiro, meus amigos são os jovens brasileiros, e eu ainda não vi uma porcaria de produção cinematográfica que conte essas histórias.

E AI de quem vier me atirando uma dvd de 'houve uma vez dois verões'.