domingo, 22 de abril de 2007

divagações sobre ben kweller.

Ben Kweller preenche todas as minhas tardes vazias e as minhas noites de domingo fazendo trabalho. Queria conhecê-lo, talvez ser sua namorada. Ficaria que nem um poodle, babando em seu all star vermelho, enquanto ele tocava algumas músicas novas e outras versões antigas em seu violão. Outro dia, eu li, em algum dos meus módulos de comunicação - palavra estranha essa, né, comunicóloga - prefiro cineasta - que da década de 80 pra cá, a palavra mais usada na literatura (e os blogs estão incluindo nesse balaio de gato) é EU. No livro de marketing do Philip Kotler ele diz a mesma coisa, e orienta as empresas a aproveitarem o narcisismo exacerbado da sociedade; claro que estamos falando dos EUA, e narcisismo exacerbado é com eles mesmos, mas de qualquer jeito, isso virou uma tendência natural. E já que é pra falar mesmo, vou abrir a boca: na discussão semana passada sobre comodismo, cheguei à uma boa conclusão: que neguinho tem medo mesmo é de fazer. E, zezuz, como isso se aplica aos homens que conheço. Homem é a criatura mais covarde que eu já vi; têm medo de se envolver, de não se envolver, de perder, de não ser bem visto - claro que nenhum deles diz que tem medo, porra essa, ia pegar mal. Falando em pessoas - ainda, o material de todos os meus escritos e divagações é sempre o ser humano - cheguei à outra conclusão: há merda na água de salvador. As pessoas que bebem dessa água ficam acéfalas e ignóbias, e só repetem o componente da água. Desisti de me importar com essas pessoas: se elas não se importam comigo, quem vai se importar? Cansei de pintar minhas unhas de vermelho quando eu gosto mesmo é de café. Alguém (sempre é alguém, nunca checo minhas fontes, ai ai) uma vez disse que o bom escritor nunca se livra da influência da sua cidade natal; talvez seja isso, maybe not, porque nunca se deve confiar em frases de efeitos de escritores, mas salvador deve ter alguma merda de cordão umbilical que não consigo soltar. Enfim. Imagino o Ben Kweller, com seu all star verde (não era vermelho?) em um algum bar, com amigos, falando sobre música e mulheres, observando as pessoas - pra mim, ele tem cara de beberrão. (Outro dia, me disseram que eu era obcecada por cerveja. Estou ainda tentando entender se isso foi um elogio ou uma crítica). I know what you want, you want a piece of me... E o que mais me interessa nele é essa voz mais velha. Adoro voz. Me apaixono por alguém se este tiver uma voz interessante, zexy, meio assim, sabe? Não sei descrever - como se descreve uma voz, hein? E acho muito interessante o fato dele retomar fatos do Sha Sha em On My Way, parece que ele tá conversando com a pessoa que tá ouvindo o cd, dizendo: 'oh, man, do ya remember what i was talkin' about? that's was this shit.' Something like that. A Charlotte é a personagem de cinema mais discutida há uns 5 anos. A ju diz que é porque a juventude anda muito confortably numb e a Charlotte espalha isso na cara de todo mundo. Não sei. Não vou entrar numa de discutí-la - mais uma, oh, deus - mas, eu acho ela válida. E acho ela muito bem construída; falando em termos de roteiro mesmo, eu tenho um rol de personagens feminina mal construídas para caralho, com frases prontas e o cacete. E ela não. E no roteiro original, ela era filha de um diplomota, e tinha viajado a vida toda - essa era a definição da Coppola para a eterna solidão da garota de Yale. Ainda bem que ela cortou isso. Ficaria simples demais. A juventude é tão confortably numb que acende isqueiro no show do Roger Waters, escreve no porquinho inflável fantástico e depois vai pra casa - pagou 70 conto no show. Não é discurso socialista, não, caro, é só constatação. Fato, sabe cumé? Acho que decidi ser cineasta para provar a todos que eles estão errados: todos os personagens existem, sim.