quarta-feira, 6 de outubro de 2010

caixa postal

- óbvio que tem mais para falar: tem o meu mais novo caso de amor, esse que estou indo com as mãos amarradas atrás das costas e as pernas rijas, que é para não repetir a sinopse do nosso filme: eu, escabrunhada no meio fio de botafogo, chorando. O amor que nunca aconteceu. muita calma, muita técnica, muito lou reed na vitrola para lembrar das wild streets de nova york - vira-se uma esquina na voluntários e se cai em uma delas -, muita coleira que é para não adiantar o passo. tem também aquele filhinho, meu orgulho ressabiado, recebendo elogio de paris e eu querendo contar, mas na minha que é para não entornar o caldo. ando ressabiada em falar demais - porcas borboletas, lembra? - e escondendo minhas sílabas nos canos (até escondi uma palavra nova no buraco da telha da cozinha, uma delícia de palavra, depois te conto), e tem os convites, as rotas de fuga - sabia que foram os mesopotâmios os inventores do conceito de culpa? e eu achando que tinha sido o saudoso frei didi dos maristas, com o candelabro, na cozinha -, as vontades, os quereres. há todos os poemas que eu escrevi para você e que agora vão sair, impressos, numa folha azul, que é pra me lembrar que existe vida after you. tudo isso é para me lembrar que existe vida after you. me liga? me escreve? você nunca mais me ligou. não tá podendo, é isso?