segunda-feira, 6 de setembro de 2010

sonhou que estava no mesmo lugar, mas em um outro tempo, e particularmente, em outra alma. a pessoa que fora durante as férias da passagem do século, quando não havia medo.

a chuva hoje é insistente e incompleta, reverberam as lacunas da casa abandonada. as vidraças ainda estão lá, assim como as grades das janelas, mas de certa forma, o quebra-cabeça não está completo. ele já esteve, uma vez. naquelas férias. onde tudo era possível: e foi. a mulher sente-se inútil (um pouco como a chuva de agora) e procura os isqueiros: nos bolsos, nos paletós, nos baús, nos lençóis, nos buracos do taco.

a obsessão clandestina da mulher já sem a esperança dos isqueiros é retornar ao mesmo ponto onde está agora mas há nove anos passados. como (ainda) não consegue, morde o dedo com força e espera a tarde escorregar.