segunda-feira, 4 de junho de 2007

para marina, with all my love.

faz frio aqui. muito frio. tudo que eu penso é fumar, fumar, fumar e escrever, escrever, escrever. não sei se te contei que estou escrevendo um livro há dois anos - infelizmente, não há bezendrina no brasil para eu terminá-lo em 36 horas, hahaha - e é difícil escrevê-lo, porque dói. porque eu só consigo escrever e ser verdadeira. e ser verdadeira dói. então, eu geralmente escrevo uma, duas páginas e fico duas semanas sem escrever, apenas digerindo tudo aquilo que eu pus no papel. e depois, aquela sede enorme de escrever tudo sobre o mundo vem- e eu fumo, fumo, fumo e escrevo, escrevo, escrevo. hoje foi um desses dias, onde eu perfeitamente ficaria escrevendo durante toda a madrugada - eu tenho hábitos estranhos ao escrever, como apenas conseguir escrever bem de caneta azul, fumando, e de madrugada - mas eu tenho que trabalhar e ir à faculdade, lavanderia, pagar contas. é foda. a vida impede a minha vida. hehe

mas, voltando a assuntos normais.

eu conversei com uma amiga minha esse sábado sobre o quanto eu me sinto inadequada. que, na verdade, sou uma pessoa sem identidade, sem idade e sem cidade. explico: não gosto da minha família, nem da família dos outros. aliás, eu não gosto de todo o conceito de família.não gosto de religiões. não faço parte de nenhuma ong. logo, não tenho nenhuma identidade, algo que eu possa me agarrar e dizer: ESTA SOU EU! não tenho idade, porque na maior do tempo eu me irrito com as pessoas da minha idade, mas não consigo alcançar as pessoas mais velhas. é como se eu fosse dez ou quinze ou vinte anos mais velha. o problema é:eu não sou. não tenho as experiência de alguém todo esse tempo mais velho, então, não adianta muita coisa e eu fico perdida na linha do trem. e sem cidade... bom, não precisa de muita explicação, certo?

concordo contigo inteiramente sobre a parte das 'tenho alergia a risinhos no corredor e idas coletivas ao banheiro. conversas sobre"quem-tá-pegando-quem" e "a-boate-nova-super-bombando". sou só eu, ouv ocê também se incomoda em ficar vinte minutos em pé, olhando outro ser humano mijar enquanto está falando sobre o garoto da mesa ao lado?eu acho que falar não combina com funções orgânicas.

(e ainda acho que nós não estamos erradas em ter vivido 'mais cedo'. a vida é muito curta, tem muito mundo no mundo, e eu quero ver TUDO. logo. para saber o que eu gosto e o que eu não gosto. imagina só. logicamente. o brasileiro médio vive entre 70 e 80 anos, certo? e o brasileiro médio não tem dinheiro para comprar todos esses cremes ultra-rejuvenescedores. logo, a partir dos 60 ele não está mais com tanto pique para dar a volta ao mundo. esse povo começa a 'viver' com19. são 4 anos de faculdade. depois, você tem que trabalhar, casar, dar de comer pro seu filho, que tempo você vai ter para REALMENTE VIVER? não entendo. juro. eu não entendo as pessoas)

eu queria ir um dia ao subúrbio. haha. juro. eu gosto de subúrbios. eu gosto da zona norte, aqui no rio. eu fico espantada como as meninas da minha faculdade não conhecem o centro, a LAPA, a boemia reunida em um bairro! e o centro tem coisas surreais. maravilhosas. quando você vier aqui, eu tenho que te levar lá. numa mesma rua, há um super hiper megateatro francês PORNÔ -que não aceita meia, by the way - construído no estilo do moulin rouge, um bar alemão, cujo dono era nazista, uma boate dentro de um casarão decrépito onde só toca rock e as pessoas fazem verdadeiras orgias, um casarão que só toca samba e as pessoas dançam como nos anos 30... cara, é SURREAL. e ninguém conhece isso. você está completamente certa. as pessoas vivem em seus mundinhos, e dizem por aí que esperam que algo aconteça com suas vidas. pura mentira. elas querem continuar na mesma vida, apenas trocam a cor da sombra, ou a marca do carro.

venha para cá, venha para cá, venha para cá.

eu conheci um americano muito doido esses dias. e conversando sobre álcool e seres humanos, ele disse que nos estados unidos, as pessoas são MUITO frias, mas que nos bares, elas se liberam de-mais. e como são todos 24hrs, é muito comum você entrar lá 2h da manhã e ter uma mulher fazendo strip. ou um homem. ou o dono do bar. e todo mundo te abraça, e te paga cerveja. o mundo seria um lugar melhor se todos os bares fossem assim. hahaha

eu odeio muita coisa também, se te serve de consolo.

mas, eu ainda tenho esperança.

é o que me faz acordar todos os dias e ir prum emprego no qual eu mando e-mail pra juliana paes dizendo que saiu matéria dela na VOGUE, falando da festa do Mario Testino (que foi uma orgia chic, by the way). E tenho que elogiar o vestido, quando na verdade, achei horroroso.

stay well.

with love.

L.