domingo, 4 de março de 2012

salvador tornou-se triste, triste bahia. ó quão dessemelhante. criança, no colégio católico, inventava toda sorte de narrativas de exílio: mamãe havia ganho na loteria e iríamos nos mudar para o rio de janeiro, meu pai havia se mudado para são paulo e viria me pegar. nunca ganhou, nunca veio. ainda esperaria uma década para sair de salvador.

dentre as quinhentas paranóias norteadoras desse calcanhar, uma é constante: o pânico de voltar a viver na bahia. que é quase o mesmo pânico de voltar a estudar no colégio católico. mesmo depois de já ter trocado de colégio, matriculada & uniformizada, acordava suando, com os padres me perseguindo. situação de pânico: sentada, na mesma carteira, com aquele m azulado, rodeado pr estrelas, me perguntando por que diabos estava ali.

é ter nascido para ir embora. viver à espera do dia da liberdade, da carta de alforria. dezoito anos vividos em busca de uma saída. e agora, seis anos depois, salvador fica mais - e muito mais - parecida a um disco de caetano veloso.

feito em londres.