segunda-feira, 30 de agosto de 2010

meu amor,

sinto muito por não confiar em você. etc, etc, etc: soa meu lado professoral, a campainha do recreio. a noite de botafogo se mostra repleta de assertivas; de onde nasce um homem, crescem palavras mal formadas. já reparou como o incêndio sempre começa pelas cortinas? aqui, a literatura é baixa, amor. o homem me liga. convida-me para sair. conversamos, disfarçamos, desarmamos, reinventamos biografias. volto discursiva para casa: essa história não tem narrador, essa história se conta em mapas e fuzis, metralhando realidade a vinte por hora. é possível parir delicadeza? você me fala em ética, eu ouço covardia. covardia em puxar os fios. no flamengo, já é natal - você não acha mais ridículo equilibrar uma situação já devassada? a ética das cortinas? no catete, me falta o ar - manchas, sutilezas. em uma folha branca, desenhei nosso planos: manteve-se a folha branca. estou nua nessa folha branca e me escondo sob as lâmpadas - tenho vergonha e medo. na glória, tudo é vermelho, da padaria aos motéis. vermelha sou eu, esvoaçando pelo recinto.