sábado, 24 de outubro de 2009

first day in london

(ao som de nada.)

a primeira visão de quem sai do heathrow airport é o subúrbio. as casas todas iguais, com aquela vermelhidão típica e as chaminés soltando fumaça. a temperatura está boa - não uso luvas, mas estou de botas e um casaco. é cedo. muitas, muitas pessoas lêem o jornal. alguns dormem.

em earl's court, muitas pessoas passando, de um lado para o outro. é um bairro residencial, perto de chelsea, charmosérrimo. árvores imensas a cada quarteirão. um starbucks. uma banca de jornal em frente ao metrô! eles vendem cigarros - que bom.

por muitos minutos, não acreditei. segui a earl's court road, virei na lillie road, cheguei ao hotel. abri a janela: londres. inteira, somente para mim.

voltei ao metrô, em direção a leicester square. quantas luzes, quantas pessoas, quantas lojas, quanto vento. eu vento, nós ventamos, eles ventam. entrei e saí de umas trinta lojas, pelo menos, entre livrarias, lojas de discos (sim, elas ainda existem! encontrei um cd raríssimo do velvet underground por 3 pounds), brechós (muitos, muitos, muitos), galerias de arte. em uma, o cara vendia reproduções de banksy como louco (que, aliás, estão em todo lugar). mostrei a ele a minha tatuagem - e ganhei um quadro. gentileza.

quando a noite caiu, eles saíram, aos montes. eu ali, mais achada que perdida, caminhando. feliz, de verdade, de poder sustentar essa felicidade e segurá-la com mãos, pés, boca.

na volta pra earl's court, parei em pub (levemente amaciada por um outro em leicester). seu dono se chamava stanford, e era australiano. o único garçom era jim, ator, belíssimo. símile de modelo italino - olhos fortes, nariz grande, queixo poderoso. stanford havia saído recentemente dos anos 70 e parou ali por mero acaso: cabelo loiro enorme, blusa do pink floyd, óculos de lennon. a família é da irlanda, e ele era o único filho a ficar na terra, ao lado do pai. depois, cansou. e veio para londres. morou com a irmã um tempo, e hoje está aí.

fazia muito frio. coloquei minhas luvas, acendi um cigarro. ainda havia tempo para uma última guiness no pub em frente ao hotel - mas as pessoas estavam com sono, queriam ir para casa, na tv estava passando futebol. fui embora para um sono tranqüilo. acordei com medo de ser sonho. não: estava em londres mesmo.