domingo, 28 de outubro de 2007

Então, só relembrando o fim de semana que é para ter plena certeza de nunca mais sair de casa:



Tim Festival cu. Tenho 87 anos para isso. Gosto de ouvir minhas músicas em casa, sem barulho, sem meu ouvido estourado, sem o Dado Dolabella do meu lado, sem o pessoal do EGO ou do Amaury Jr., ou de qualquer porra que tenha sido aquela aparição fantasmagórica de dois spots de luz na minha cara, com um babaca de terno correndo atrás da Thalma de Freitas.

Sábado passando mal. Jah resolveu comer meu cu com farinha e me baixou uma febre de trinta e oito graus. Seria tudo bem, tudo óóóóótimo, se não fosse o terceiro dia na semana com febre. A minha veia hipocondríaca já pipoca: isso se chama infecção no coração e provavelmente eu tenho três meses, doze dias e quatro horas de vida. O dia vomitando quando deveria estar tendo encontros eróticos com Weber e Adorno. Sem conseguir comer nada; nem sanduichinho de pão árabe com ricota. Estômago fresco é assim mesmo.

Não, não quero, mas tenho que: dois aniversários na mesma noite. Um na Barra, outro na Lapa. A escolha da roupa já foi um parto - como colocar uma mesma coisa que não parecesse uma mambembe na Miami e uma Suzana Vieira na Lapa? Uma hora olhando pro armário, pras minhas banhas, acendendo um cigarro, pensando que estou gorda e minhas roupas estão velhas - o que não faria muita diferença pra Lapa, mas porra, eu tô indo a um lugar onde quem tem menos dinheiro ganha um quarta e sala por mês. Tá, ok, decidido. Trânsito. Duas horas.

Barra é sempre Barra - é a mesma bosta de qualquer maneira. Miami falando Mexxxquita.

Lapa. Aniversário. Sono. Cansaço. Febre voltado. Cerveja, mais e mais uma. A última. Batata frita - mas e a minha banha? Segura na mão de deus e vai, minha filha. Terminar a noite como sempre: Pizzaria Guanabara, Piña Colada - moço, bota mais rum e vê se bate o gelo, tá? Toda vez é a mesma coisa: nego gosta de deixar a porra aguada. Dormi. No meio da pizzaria, no meio da gente, cagando pra tudo. Dormi em cima a mesa, com o braço no cabelo que é pra todo mundo pensar que eu sou maluca mesmo e me deixar em paz.

Na hora de voltar pra casa: cadê a chave, Pedro? Tá na sua bolsa. Não tá. Tá, porra. Não tá, caralho! Ninguém pegou na porra da bolsa, eu tava dormindo. Você perdeu a chave, Pedro?

Taca a procurar chaveiro. Algum chaveiro aberto às 4h30 da manhã no Rio de Janeiro? Não. Vamo pro Leblon - única bosta de lugar onde a cidade não dorme. Claro, neguinho pode pagar segurança. Pega o chaveiro, leva pra casa - quanto é, moço? Sessenta. CARALHO, MALUCO, TOMAR NO CU. E aí, moça, quer ou não quer?

Tá valendo. Caralho.

Moço, quanto é pra fazer uma nova chave? Porque o mané aqui perdeu a original.
Olha, moça, eu vou ter que pegar o molde da sua fechadura, levar pra minha loja e fazer. Só que hoje é domingo, então... A loja não tá aberta. E custa 40 reais.

Tomar no cu, moço, tenha um bom dia e passe bem.

E eu fico aqui, domingão alegre, lendo Weber e Adorno com o cu do tamanho da ervilha porque a porta da minha casa está aberta.