segunda-feira, 26 de novembro de 2012

tríptico

sob palavras, vejo-te
corpo exposto
à mesa

cobrimos de vidro
e sal
chamamos casa
nos inundamos de
mar

entretanto, luz.


****

esqueço-me da noite quando em ti

percorro a casa vazia
a te procurar
atenta aos sinais mais absurdos

às obsessões clandestinas que
nos uniram quando
do instante

os braços doem.

decido parar de contar
gaivotas.

depois paro e penso
(no teu mar)


****

sintoma das gaivotas


das ondas,
a inevitável diferença entre
o assombro
e a sublime experiência
do infinito.

carrego de instante os bolsos

as mãos trafegam, não
sem ardor,  pelas linhas
do teu mar

agora, observe.

vê o esmorecer do vermelho junto ao
cais?

as aves soçobram o tempo e
gritam: