sábado, 10 de abril de 2010

daí que chove chove chove no rio de janeiro, e no meio de tanta lama me veio à cabeça aquele inverno em mil oitocentos e setenta e três, quando houve a noite mais fria de salvador - eu estava na rua, vocês estavam em casa, até onde é possível lembrar -, mas daquele inverno ainda, me veio uma noite específica, aquela em que sentimos que tudo iria mudar. vindo com o vento. vindo com uma notícia à meia-noite. mas ainda assim, rimos, enchemos as nossas taças, nos demos as mãos e xingamos muito quando o sol nasceu [ maldita claridade, há de ser dito ]. ouvimos músicas, nos fizemos artistas de corda bamba, graças não quebramos nenhum copo, lucia e julio fizeram suas juras de amor (validade: próximo verão, quando ele embarcou para alemanha), e na hora certa, fomos embora.

todos fomos embora. nada ficou. o que terá sido feito daquele apartamento? quem deve morar nele hoje? ainda conserva as mesmas paredes em vermelho? terá achado a maçaneta do armário azul dentro da velha geladeira? por quê imaginar a vida dos outros é tão mais delicioso que imaginar a nossa?

de todos os nomes do balaio de gatos (todos filhos de novelas da globo dos anos oitenta), guardei o seu por ter me mostrado bob dylan. não no melhor momento de sua vida, afinal, everybody must get stoned só é divertida quando you are actually stoned. você foi embora, o dylan ficou. viver é isso aê: perder nomes em um enorme balaio de gatos.

e chove no rio de janeiro.