domingo, 20 de setembro de 2009

dois aspectos de "o globo" me incomodam; primeiro, a dita imparcialidade que eles propagam aos quatro ventos, como se fossem os detentores e propagadores de uma verdade universal e libertadora. o segundo, a postura de Estado, e que vem agora com essa campanha "nós e você já são dois gritando". o resumo: já que o Estado não se preocupa com os cidadãos, nós, do Globo, vamos resolver todos os problemas da sociedade. essa linha de campanha é desenvolvida, pelo menos, desde 2007, quando cheguei ao Rio de Janeiro - a idéia de que um governo omisso é facilmente substituível por um órgão de comunicação, com o slogan "além do papel de um jornal".

NÃO É.

"o globo" é uma empresa, e empresas não são poder público. empresas defendem os seus próprios interesses - no caso das organizações roberto marinho, reforma agrária, direito ao aborto, questionamento das forças militares brasileiras não são pautas viáveis. não são assuntos em discussão. um jornal depende dos seus anunciantes: "o globo" defende uma discussão sobre a sustentabilidade do meio-ambiente e toda quarta-feira coloca mais de vinte páginas por exemplar com os carros mais turbinados do planeta. faz-me rir.

no brasil, imprensa e estado estão promiscuamente ligados; pela inexistência de uma revolução burguesa no país, a revolução industrial foi empurrada pelo gargalo através do estado - quase sempre por governos ditatoriais. por falta desse processo histórico, roberto da matta diz que nós entramos na pós-modernidade em um outro modelo político-econômico. nem pior nem melhor - diferente. um modelo brazuca que coloca no mesmo balaio de gato estado, poder e comunicação.

não, eu não quero que "o globo" resolva minha vida - desejo que continue sendo o que é, uma empresa de comunicação. um jornal. não há nada além disso.

dificulta muito a tarefa a falta de opositores. com a decadência do jornal do brasil, quem mais fala nessa cidade? surge uma voz ingloriosa, a record, mix de grana, religião e apresentadores populistas. tenha medo daqueles que condicionam a comunicação à fé.

já vimos esses exemplos de massa inebriada antes.

resumindo: não, "o globo", eu não vou gritar com você.

e tenho ainda mais medo do que está por vir.