sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

entre tecidos trançados e folhagens que sequer sei o nome
algumas saltam aos olhos, parecem feitas de vento e
águas que carregam barcos
- o humano, aqui, é não nos levar a lugar algum,
tão somente à nossa direita e esquerda.
observá-las - como vão de encontro a outras,
menores, resistentes, imaturas, algumas até anárquicas,
recusando-se a congregar um mesmo verde,
ainda que sabendo que essa rebeldia não irá a lugar algum,
pois nenhuma ilha é feita somente de verde -
é meditar à condição de náufrago.
lenha para carvão em um baú de tranças, teus fios brancos emaranhados.
às vezes tenho a impressão de ouvir os passos dos inimigos
- tão somente é a mariposa.
verdadeiro instinto dos bêbados: enlaçar os pés atrás do pescoço.
as águas mapeadas são mais tranqüilas que a terra;
há o rio, há o rio, há o rio.
mesmo o mar aqui é espraiado.
um sismógrafo seria inútil,
se nos mantivermos quietos, estamos longe dentro dela.
não haveria terra se não houvesse sal nem nuvens de longas fibras
- você lembra-se de quando a neve da montanha deslocou o caos?
dissemos adeus para o navio seguir viagem
e aqui estamos.
neste dourado que perfura a madeira criando
sulcos de instinto e espanto.